Colette pediu a ajuda de Rae para fazer o almoço, já que não sabia se orientar em uma cozinha tão grande e Eleanor foi ajudar também. Quando deu meio-dia em ponto, John chegou em casa, abraçou Rae, beijou Colette e deu um aperto de mão sem graça em Eleanor. Os quatro se reuniram na mesa de jantar e tiveram uma refeição farta como uma família feliz, como se tudo aquilo não fosse esquisito e superficial.
─ Então, garotas. Acho que temos algumas coisinhas para esclarecer, não é mesmo? ─ John disse limpando sua boca com um guardanapo e o colocando no prato.
─ Muitas. ─ Rae concordou.
─ Bem, Vamos lá. — John se ajeitou na cadeira e encarou Rae e Eleanor. — Três meses atrás nos conhecemos através de alguns amigos e as coisas simplesmente fluíram muita rápido entre nós. O tempo todo sabíamos que vocês eram melhores amigas, mas decidimos manter isso em segredo. — John encarou Colette e pegou sua mão. — Queríamos fazer uma supresa, espero que não haja ressentimento da parte de vocês.
— Não haverá, pai. Está tudo bem.
— Eleanor? – Colette encarou sua filha.
— Sem ressentimentos. — Eleanor forçou um sorriso.
— Imagino que deve ser maravilhoso sua melhor amiga virar sua meio-irmã de um dia para o outro. — John disse.
— É realmente maravilhoso. — Eleanor disse sarcasticamente e Colette a corrigiu com os olhos.
— Rae, por que não mostra a Eleanor o quarto novo dela? — Colette disse.
— Ok.
Elas subiram a escada caracol que levava ao segundo andar e caminharam pelo extenso corredor com várias portas como se fosse um hotel. Quando chegou na última porta do lado esquerdo, Rae a abriu com cuidado.
— Não acredito! Por que não me mostrou esse cômodo antes? — Eleanor sorriu encantada com o cômodo, as paredes eram pintadas de um bege bem clarinho, mas eram decoradas com vários pôsters de suas bandas, séries e filmes favoritos. Perto da janela havia uma cadeira confortável e uma estante cheia de livros, no meio do quarto havia uma cama kig size com travesseiros e de frente para ela uma tv de 50 polegadas.
— Por que eu queria agir como uma Colette e o John da vida e te fazer uma surpresa!
─ Isso está a minha cara e aposto que foi você quem decorou tudo.
— Claro que foi.
— Obrigada, Rae. — Eleanor abraçou fortemente sua amiga. — Mas como isso ficou tão perfeito sendo que nem sabia que era eu?
— Meu pai não foi muito enigmático, ele disse "faça algo que sua amiga Eleanor gostasse, porque acho que elas têm personalidades parecidas"
— Você não pensou que Clara poderia ser na verdade Colette?
— Juro que não, me sinto tola quando olho para trás e junto os fatos.
Eleanor foi até a janela para ver a paisagem, dali dava pra ver um parque pouco a frente do quarteirão e ao fundo a cidade de Miami. Ela encarou o céu com uma tonalidade linda de azul celeste, pensou que as coisas poderiam ser legais apesar de toda bagunça.
─ No fundo estou um pouco feliz. ─ Eleanor disse sem perceber e Rae a encarou confusa.
— No fundo? Quer dizer que não está gostando tanto da ideia?
─ Você sabe que eu não estou, Rae.
— Pois é, eu percebi. — Rae se sentou na cama macia. — Desde que chegou você está esquisita.
— É muita coisa para mim, você sabe que sofri muito com a separação dos meus pais e ela não me avisou com antecedência que íamos nos mudar. Foi horrível. Eu não sou de me adaptar facilmente e tudo isso só fica acumulando na minha cabeça. Todas essas mudanças repentinas.
— Eu sei que é difícil, eu saí do México quando eu tinha treze anos e desde então eu e meu pai, estamos vagando pelos Estados Unidos, mudando de cidade todos os anos. Não é nada fácil, mas você tem que se apegar às coisas positivas, às coisas que de deixam feliz.
— Eu sei. — Eleanor encarou o parque através da janela, um grupo de jovens jogavam futebol. — Eu vou me esforçar para absorver isso da melhor forma.
─ Eu estarei sempre aqui. — Rae levantou-se da cama, abraçou Eleanor por trás e colocou seu queixo no ombro dela. — Se algo estiver te incomodando não hesite em me falar. Ok?
─ Ok. ─ Eleanor a olhou de relance e percebeu como os olhos castanhos de sua amiga estavam mais brilhantes e bonitos do que o normal
─ O que achou, filha? ─ Colette entreabriu a porta do quarto e as duas se separaram.
─ É perfeito.
— Eu sabia que você ia amar, John me mostrou algumas fotos ontem. Já se acostumou com a casa?
─ Mais ou menos. ─ Eleanor disse sincera.
— Vai demorar um pouquinho, porque aqui é totalmente diferente da nossa casa antiga, mas vai se acostumar.
— Sim. — Eleanor não quis extender a conversa.
— Vim aqui só para saber o que tinha achado do quarto, eu e John vamos fazer alguns compras para casa.
— Vai lá.
Colette saiu do cômodo e Eleanor se jogou na cama, era extremamente macia, mal podia ver a hora de dormir e calar seus pensamentos.
— Você pode fazer companhia para mim essa noite? — Eleanor perguntou para Rae.
— Seu pedido é uma ordem, senhora.***
Colette e John estavam no mercado fazendo compras, era o último sábado das férias de verão Eleanor não queria ficar o resto da tarde naquela mansão, então ela e Rae foram caminhar pelo quarteirão.
— Não acredito que as férias já estão acabando. — Rae iniciou a conversa quando elas passaram pela porta e começaram a andar pela calçada.
— Passou tão rápido, mas ao mesmo tempo eu não fiz quase nada de útil.
— Maratonar séries não conta como algo útil, né?
— Ah, conta sim.
Elas atravessaram o quarteirão cheio de casas chiques e foram para o parque que Eleanor havia visto da janela do seu quarto. Naquele horário estava mais vazio, passava um pouco das seis e o dia já estava quase escurecendo por completo, as luzes dos postes começavam a se ascender aos poucos.
— Olha, se não é a duplinha inseparável da escola! — Uma voz grave e estridente assusta Eleanor e Rae, as duas se viram rapidamente para trás, era apenas um trio de jovens da escola. Duas garotas com estilos iguais, altas, esguias e de cabelos loiros e um garoto alto e corpulento que Eleanor reconheceu ser do time de futebol americano.
— Oi Liam. — Rae disse entediada. — E oi meninas.
— Não esperava vocês por aqui, estão na casa de algum parente?
— Eu moro nesse quarteirão, Liam.
— Desde quando? — Liam perguntou surpreso.
— Faz pouco tempo.
— Vou dar uma festa fim de semana que vem, se quiserem ir. Fiquem à vontade.
— Você está convidando a magrela também? — Uma das garotas disse no ouvido de Liam, mas alto o suficiente para que Eleanor escutasse.
— Estou, Maddie. Você me ouviu dizer "vocês"? — Ele disse ríspido.
— Vou pensar no seu caso, Liam. Obrigada pelo convite.
— Não há de quê, gatinha. Nos vemos por aí?
— Claro. — Liam deu um abraço apertado em Rae e beijou sua bochecha. — Nos vemos por aí, Helena? — Liam estendeu sua mão para Eleanor.
— Eleanor. — Eleanor o corrigiu e pegou em sua mão educadamente.
O trio saiu do parque e sumiu pela calçada a frente, Eleanor soltou o ar que estava prendendo.
— Aquela garota idiota ainda me paga. — Eleanor disse nervosa. — E por que ele quase beijou sua boca?
— Liam dá em cima de todo mundo, Eleanor. E não se importe com o que Maddie disse de você, eu te acho perfeita, sabia? — E aquilo foi o suficiente para que Eleanor se sentisse bem consigo mesma naquela noite.

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A Filha do meu Padrasto
RomanceA vida de Eleanor Sivan, uma jovem de 17 anos, é virada de cabeça para baixo quando uma revelação surpreendente abala sua realidade: sua melhor amiga, Rae Lenon, é na verdade filha de seu padrasto e sua meio-irmã. Agora, Eleanor se encontra em um em...