Capítulo 12

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Thomas narrando:

Pelo canto do olhou, eu podia perceber Henry me olhar vez ou outra de forma preocupada, parado em silêncio estrategicamente no canto do escritório.

"Se nem de Deus o senhor gosta, então quem sou eu para te fazer gostar de mim?"

Com os dedos das mãos cruzados na frente da boca, eu não conseguia parar de repassar as palavras da impertinente Angeline em minha cabeça, embora alguns documentos não parassem de se empilhar sobre minha mesa, exigindo minha atenção.

"Acredito que se o senhor não gosta de quem te deu tudo o que tem hoje, é incapaz de gostar de qualquer outra pessoa."

Atrevida. Insolente. Petulante.

Eu não costumo lidar com pessoas assim. Geralmente os meus funcionários percebem qual é o seu lugar poucos dias depois de começarem a trabalhar para mim, e se não percebem, eu não tenho nenhuma dificuldade em demití-los. É simples assim, eles têm consciência do que sou capaz e sempre preferem não me afrontar, mas Angeline não. Eu já mostrei a ela meu pior lado, mas de algum jeito, ela parece inabalável.

Considerei demití-la, mas essa ideia desapareceu tão rápido quanto havia surgido. Eu não sou ingênuo o suficiente para não perceber que estou levando isso para um nível além do profissional, embora use o profissionalismo para castigá-la. Isso não tem mais nada a ver com o maldito troféu quebrado, tampouco com sua língua afiada. Não tem nem mesmo algo a ver com o fato de que eu não consigo afetá-la por mais que tente... não. Está além disso.

O motivo da minha completa e total frustração, é saber a razão pela qual eu não consigo afetá-la. Isso me deixa louco. O fato de que o Deus em quem ela acredita tem mais influência sobre ela do que eu.

Por isso eu não posso demití-la. Não até fazê-la se questionar sobre a real existência dessa divindade, não até fazê-la perceber que seu controle está em minhas mãos, não em um Deus guardado num livro.

E eu vou atingir minha meta. Cedo ou tarde, de um jeito ou de outro, eu vou conseguir. Só preciso saber como...

O telefone tocou no canto da minha mesa, dissolvendo meus pensamentos tumultuosos.

- O que é, Louise? - Atendi secamente.

- Alguns funcionários da empresa inglesa estão aqui, Senhor.

- Que funcionários? Eu estava esperando o chefe executivo.

- Hm... - Ela fez uma pausa. - Bem, eu acho que ele mandou os funcionários.

Soltei um longo suspiro exasperado.

Há meses o chefe de uma empresa independente da Inglaterra tenta me vender parte de suas ações, e há meses eu digo a ele que não estou interessado. Calculei a margem de lucros que eu teria e cheguei à conclusão de que não era o suficiente, embora fosse consideravelmente bom, então fui o mais claro que consegui em minha rejeição.

Acontece que, por parte dele, os lucros serão altíssimos, e isso o incentiva a estar em meu encalço todas as malditas semanas de todos os malditos meses do semestre. Até que, enfim, aceitei que marcássemos uma reunião. Se eu não conseguia ser claro o suficiente por telefone e por e-mail, tentaria me fazer entender pessoalmente.

E agora Louise me diz que ele mandou seus funcionários em uma reunião onde sua presença é indispensável? Mas que merda de executivo de sucesso é esse homem?!

- Que seja. Mande-os para a sala de reuniões. - Resmunguei antes de bater o telefone no gancho.

Sim, que seja. Eu já tinha minha resposta, essas pessoas apenas precisavam levá-la ao seu chefe.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora