Capítulo V

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As vezes gosto de sair da minha própria mente. Gosto de saltar fora da realidade que é apresentada a mim através dos meus olhos. É um escape rápido e reconfortante. Para mim isso é extremamente fácil. Não preciso do isolamento para encontrar o meu nirvana. Mas nesse exato momento, nesse pequeno ponto de incerteza e ranger de dentes não consigo fazer isso. Não consigo ignorar. Não quando vejo Ana saltar do carro e ser abraçada por uma forma alta e escura. A mesma pessoa que aparentemente batia na janela ao seu lado.

Saio do carro.

Do lado de fora o ciúme me lava junto com a chuva agora mais fraca. Há algo de errado, não é como se outra pessoa, outro homem, não pudesse abraçar Ana, mas tem a ver com como ela é abraçada. Então, não. Não consigo ignorar a cena a minha frente, principalmente quando o meu próprio nirvana está nos braços de outro.

Percebo que Ana não retribui o abraço e empurra o homem dando uns bons três passos de distância. Os mesmos três passos que levo para chegar até ele. Por alguns segundos reflito sobre o paradoxo de falar com ele... usando os meus punhos. O homem dá alguns passos para trás ao notar minha expressão.

Para sua sorte Ana também percebe minha fúria e segura meu braço se pondo a minha frente.
Ela tenta dizer algo usando expressão labial mas o ambiente é mal iluminado e não consigo entender tudo o que ela diz. Balanço minha cabeça para ela e franzo a testa em confusão, não só pelo o que ela está dizendo mas porque não usa a linguagem de sinais. Levanto as minhas mãos para perguntar o que há de errado mas ela impede e me segura. Minhas sobrancelhas sulcam ainda mais. Ana olha para trás e sigo seu olhar para o homem que está explodindo em gargalhadas. Olho de volta para Ana, ela parece estar se enfurecendo a cada segundo, e se posso tomar pela experiencia recente ela vai explodir a qualquer instante.

Seguro seus braços e a viro para mim. Meu olhar é incisivo sobre ela exigindo saber o que esta acontecendo. Agora mesmo. Ela me dá um olhar desolado e contrito, sua raiva sendo um pouco aplacada, ela ergue as mãos e com três gestos simples meu sangue parece correr um pouco mais frio, mas continuo olhando para ela buscando mais respostas. Ela sabe o que deveria estar me explicando mas desvia o olhar do meu, imitando o meu silêncio e isso basta.

Contemplo os céus por alguns instantes enquanto a chuva fria bate em meu rosto e atinge meus olhos abertos como pequenas agulhas. Enquanto respiro fundo baixo a cabeça, uma cena completamente diferente me atinge.

Vejo Ana acertar o rosto do homem com um tapa que sinceramente parece ter doido. Mas quando a mão dele se segura o braço fino de Ana como um torniquete não sinto qualquer pena ou simpatia... principalmente quando vejo algumas gostas de sangue dele se misturarem a agua da chuva na sarjeta. Meu punho direito doi um pouco mas estou pronto para o segundo soco e ele tambem parece estar pronto porque vem em minha direção vendo vermelho. Ele é alguns centimetros mais alto que meus 1,83 mas não me aflijo ou assusto. Esse sentimento, essa cena, essa excitação não é algo incomum para mim, já estive aqui antes, sei o que fazer.

Ele tenta me derrubar colocando os braços a minha volta tentando ganhar vantagem com seu tamanho e o deixo fazer isso. Sua força me atinge e fecho ambos as mãos sobre minha cabeça e com o nó dos dedos acerto um ponto de gatilho da sua coluna vertebral. Seu aperto de ferro enfraquece enquanto a dor irradia por partes diferentes do seu corpo. Saio do seu enlaço e com o joelho acerto seu rosto. Ele balança desnorteado e dou tempo para ele se erguer.

Não bato em cachorro morto.

Nesses meros segundos olho ao redor e vejo Ana me observando um pouco assustada procurando ferimentos em mim e tenta vir a minha direção, mas aceno com a cabeça e com o olhar digo para ficar onde esta. Doía olhar para ela.

Essa foi a minha distração e erro. Minha cabeça é jogada para trás com o impacto e sinto meu supercílio abrir e sangue escorrer sobre meu olho esquerdo. E sei que neste momento devo por um fim a isso.

Ele começa a procurar abrir vantagem tentando me atingir com os punhos sucessivamente e o deixo se cansar primeiro até que ele abre a aguarda para mim. Bloqueio seu golpe e depois de acertar seu flanco e a lateral da sua cabeça bem na fonte, ele está no chão.

Olho para ele por alguns instantes até sentir uma mão em minhas costas. O toque me faz estremecer e me afasto de pressa. Vejo Ana com a respiração ofegante me olhando com olhos arregalados cheios de medo. E nesse instante não sei se é por mim ou de mim. Mas enquanto não tenho certeza dos medos de Ana, tenho com clareza os meus dispostos a minha frente. E meu maior medo é pelo o que ainda esta por vir.

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MANO
DO
CÉU !
EU VI 1K MINHA GENTE?! SÉRIO?
Isso é simplesmente incrível.
VOCÊS SAO INCRÍVEIS!
Obrigada por me honrarem lendo minha história. Significa muito pra mim. Deixem seu voto por favoooor. Não sejam leitores fantasma. E mandem mensagens me digam o que acharam do capitulo, adoro o recado de vocês. E mais uma vez Obrigada.
Beijos

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