Capítulo 2: A dor que mata devagar

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Resolvi descansar naquela tarde, estava ali deitado no sofá, a televisão ligada em algum jornal aleatório, fui até a cozinha verificar se havia feito café de manha, notei que estava só me lembrando dos cafés que tomava ao lado de minha esposa e aquilo me fez até perder a fome e então tinha saído para dar uma refrescada na cabeça, coloquei uma água no fogo, e voltei deitando no sofá, meu telefone toca, coloquei a televisão em mudo, apesar de que o volume não estava tão alto, ao levantar, torci o tornozelo, o que me fez ir arrastando até o telefone que estava no meu quarto, na tela aparecia a foto de minha neta, Hannah, me avisando que meu filho mais velho, Henrique estava do outro lado da linha;

"Alôu ' digo entusiasmado.

"Oi vovô" dispara Hannah do outro lado da linha

"Oi princesinha, como esta a minha netinha preferida?" pergunto já com a voz embargada, pois meu filho Henrique viera apenas no velório de Angeline, e não mantinha contato comigo desde então.

"estamos bem vovô, tenho uma novidade, alias uma surpresona!" de cá sinto o tamanho da empolgação que ela demostra ao querer contar a 'grande novidade'

"e então criança, qualé essa grande novidade que você tem para o vovô?" pergunto sorrindo sozinho.

"Papai disse que vamos passar o final de semana do dia de Ação de graças na casa do senhor, saímos daqui amanhã, passamos na casa da tia Mica e aparecemos ai na sexta a tarde" disse ela 

"EBAAA, vou esperar vocês eim, e tenham uma ótima viagem neném " digo todo repleto de felicidade.

"ok então vovô, agora vou desligar porque o papai ta quase chegando e ele não queria que eu ligasse para o senhor," ela diminuiu a voz e disse sussurrando: "mais eu não resisti".

"desliga ai então minha neguinha, obrigada por se lembrar, você sempre lembra, Te amo, " diminui o meu tom de voz e disse sussurrando também "até sexta meu bebê"

o telefone fez seu "pi pi pi pi" do outro lado, e eu continuei ao telefone, fiquei de cócoras ao lado da cama, as palavras sinceras ditas por uma criança tão inocente me dez chorar, em alguns momentos eu fica tão irritado com isso, na criação dos meus filhos e mesmo nos primeiros anos de casado com a Angeline eu tinha sido um marido tão cruel e agora parece que a cada dia que passava me tornava alguém mais sensível, mas nunca tirava razão de meu filho fazer aquilo comigo...

***

logo que me casei, eu estava bem novo, mas tinha tido um bom emprego e fiz minhas economias ao longo de uns anos, e então como meu pai resolveu repartir as nossas heranças ainda cedo, mudei para a fazenda onde eu e Angi criamos as crianças e comprei as partes dos meus irmãos de pouco a pouco até adquirir tudo que pertencia ao meu pai, por seu uma fazenda nem tão grande e perto da cidade, era um bom lugar de morar, só que eis o meu erro, logo cedo coloquei meus filhos para me ajudar, Henrique, o meu filho mais velho tinha apenas quatro anos de idade quando eu o levava para o curral para me ajudar tirar o leite, me lembro de acorda-lo as cinco horas da manhã e as vezes ele ainda implorava para ficar mais um pouquinho; 

"só mais uns minutinhos papai" 

e na minha ignorância prometia dar nele uma baita surra se ele não aparecesse no curral em dez minutos, enquanto buscava as vacas e os bezerros para ajeita-los no curral, Henrique se aprontava e sempre estava la, nos dias que fazia frio, ele ia chorando na geada, tinha medo do escuro e as vezes sua mãe tinha que o acompanhar até la, o que gerava uma tremenda encrenca de minha parte, 

"Óh Céus, como eu queria voltar no tempo" disse soluçando ao me lembrar das crueldades que fizera aos meus filhos.

Angeline sempre fora prudente e me instruía para tomar cuidado com minhas atitudes, e eu um ignorante, talvez o arrependimento que hoje sinto, a vergonha de tudo isso, me faz eu me tornar esse homem tão derretido, ou como um certo ditado da minha região, nem sei se é uma piada também;

"sabe como faz para um homem ser mole?" "quando o filho lhe da um neto e esse aprende a falar, ele diz: O vôoo?"

me Levanto colocando o celular em cima da cômoda e lembrando da água que havia posto no fogo, ferveu tanto que havia se evaporada totalmente, e então apenas preenchi com um restante de aguá e tomei apenas uma água doce, tinhas umas bolachas de água e sal no armário, mas resolvi deixar para fazer apenas uma farofa de ovo no jantar, fiz um suco com uns cajus que eu havia colhido no dia anterior, resolvi banhar primeiro, apos o banho, fritei uns ovos esfarelando e misturando uma farinha, depois, tomei o suco que havia feito, bebi os meus remédios anti-depressivos e o de pressão, cai na cama e desma i e i ........

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⏰ Last updated: Mar 12, 2018 ⏰

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