Capítulo 53

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Ruriel

Ele subiu as escadas lentamente, sentindo o estomago cheio além do seu limite, tinha tempo que não comia daquela forma. A quantidade absurda de comida que tinha encontrado na cozinha, tinha sido uma surpresa agradável. Talvez até começasse a gostar daquele lugar. Ele entrou na primeira porta que encontrou, e olhou ao redor, pela simplicidade do primeiro andar não imaginava um quarto tão grande.

Assim que fechou a porta atrás dele, um ruido baixo o fez perceber que o quarto já estava tomado. Ele enrubesceu quando percebeu que o barulho tinha vindo da sala de banho. Se apressou e abriu a porta novamente, com cuidado para não ser percebido, mas outro som o fez parar. Um sentimento de urgência o tomou, e Ruriel se viu em um lugar escuro de repente. Ele não era ele mesmo, como rapidamente pode perceber, e não estava sozinho. O som de uma gargalhada combinada a raiva intensa que pareceu sentir de repente o fez desconfiar do que aquilo se tratava.

— Sua mãe tentou, arrancar minha cabeça, como você disse. — Um homem que Ruriel logo reconheceu pela coroa dorada que levava na cabeça falou, alimentando ainda mais a raiva que crescia dentro dele. — E olhe o que isso trouxe a ela.

Ele escutou a si mesmo rosnar, e dizer com uma voz que não pertencia a ele.

— Maldito.

— Achei que teria mais criatividade, Lydia, isso é tudo que pode pensar?

Assim que Ruriel voltou para o quarto, ele se apressou em direção ao banheiro. Lydia estava tendo sua mente invadida outra vez, e ele temia que o rei poderia de alguma forma machucá-la. Ela estava adormecida na banheira, a espuma feita pelos sais de banho estava se dissolvendo, e Ruriel se forçou a olhar apenas para o rosto da jovem, enquanto agarrava uma toalha feita de linho branco, e andava em direção a ela.

  — Lydia. — Ele chamou levando as mãos até seus ombros molhados e os chacoalhando levemente, e sem resposta, emendou mais alto   — Lydia!

Ela abriu os olhos abruptamente, fazendo Ruriel pular. Ele se virou o mais rápido que pode, e estendeu a toalha em direção a ela.

—  O que está fazendo aqui? — Ele escutou ela falar, ainda recuperando o folego.

— Tive uma especie de visão e soube que estava com problemas. — Ruriel explicou. — Você está bem? Não se preocupe, eu não vi... nada.

— Entendo, estou bem, não se preocupe, pode me dar... er... um minuto por favor? — Ela perguntou.

  — Claro! — Ele se apressou para dizer. — Já vou para meu quarto, acho que devia falar para Leoric que teve outro desses sonhos. Já estou indo, pode me chamar se precisar de algo.

Ruriel não esperou a resposta de Lydia antes de disparar para fora do quarto, sentindo suas bochechas esquentarem. Nunca tinha ficado tão embaraçado na frente de uma mulher, e tentou logo dispersar o pensamento para fazer parar o sentimento incomodo da vergonha. Ele andou até o quarto restante e se jogou na cama macia depois de um banho demorado, e não tardou a pegar no sono.

Acordou no dia seguinte um pouco desorientado, era difícil saber que horas eram naquele lugar. Ele se levantou da cama com esforço, sentindo seus músculos latejarem um pouco pela quantidade de esforço que tinha feito na viagem. O som de uma conversa vinda do andar de baixo denunciou que ele era o único que ainda não tinha saído do quarto.

 Ele foi até a sala de banho de seu aposento e despejou um pouco de água em uma baca de cobre que estava esquecida em uma mesa de canto para lavar seu rosto. Precisaria de roupas, já que as que tinha estavam sem condições de serem usadas até que pudessem ser muito bem lavadas. Andando novamente até a sala principal do quarto, abriu uma das comodas para ver se conseguia achar algo de útil, e o que viu o surpreendeu bastante. A comoda estava lotada de roupas, desde as mais simples até as mais luxuosas, e pareciam ser todas do tamanho certo.

Ruriel se perguntou como sabiam que ele escolheria aquele quarto, e como sabiam quais roupas serviriam. Então se lembrou de Leoric mencionar que Anara tinha o dom da visão. Provavelmente tinha sido por isso. Ele vestiu uma calça simples e uma camisa branca com amarras na frente. Não era o tipo de roupa que estava acostumado a usar no inverno, principalmente tão ao norte, mas aquele lugar era quente o suficiente para não precisar se vestir com roupas pesadas.

Ele desceu apressadamente, e andou em direção a cozinha, onde Lydia e Leoric devoravam a comida disposta em cima da mesa larga. 

  — Achei que não iria acordar mais Ruriel. — Leoric falou zombeteiro. — Estava quase indo te chamar. Anara nos chamou até o palacete. Acho que temos tempo o suficiente para que possa comer com calma, se quiser.

Ruriel sentou-se a mesa, mas sua mente rejeitou a comida. Tinha comido tanto na noite anterior que a sensação de estomago cheio ainda não tinha passado. 

  — Estou sem fome. — Ele falou. — Tem alguma ideia do que ela quer?

Leoric suspirou e deu a última mordida em um pedaço de torta que tinha a sua frente. E levantou a cabeça encontrando o olhar de Ruriel.

— Acho que sim. Deve querer falar sobre o treinamento de vocês, como cavaleiro, seus treinamentos vão ser comigo, Ruriel. Mas, provavelmente vai querer que alguém com mais habilidade em magia treine você Lydia.

Ela parou de limpar seus dedos em um pano, e olhou para Leoric com os olhos arregalados.

— Não sei se vou gostar para onde isso está andando. — Ela respondeu somente.

— Você vai ter aulas de combate comigo, é claro. — Leoric emendou tentando amenizar o clima tenso que pairava. — Nesse caso, podemos ir?

O caminho até o palacete foi mais longo do que Ruriel imaginava. E assim que chegaram Ruriel teve uma amostra do exército rebelde. Todos os guardas que estavam alinhados na porta da estrutura alta feita de pedra e metal assim como todas as construções daquele lugar, fizeram uma saudação quando os viram, levando o pulso sobre o lado esquerdo do peito. Eles estavam vestindo armaduras completas de aço, alguns levavam espadas longas nas costas, enquanto outros preferiam as mais curtas amarradas à bainha na cintura.

A porta grande se abriu assim que se aproximaram revelando um interior com móveis luxuosos. Ruriel se viu em pé em um grande salão. Anara já os esperava com um vestido longo e branco, e cabelos trançados em um penteado complexo.

  — Espero que tenham tido uma ótima tarde. — Ela falou.

Tarde? Ruriel pensou. Não tinha se dado conta que tinha dormido tanto tempo, a ponto de perder a manhã inteira.

  — Desculpem interromper o descanso de vocês depois de uma longa viagem. — Ela disse sem rodeios. —  Mas um assunto urgente, fez com que eu não tivesse outra escolha. Convoquei uma reunião de emergência do conselho de líderes do norte, que vocês devem comparecer.

 — Uma reunião de emergência? — Ruriel ouviu Leoric perguntar.

— Receio que sim, cavaleiro. — Ela continuou. — Nossos espiões lotados no acampamento que atacaram mandaram notícias. O general Lanno, chefe de todas as tropas do Norte decidiu se movimentar para tentar uma conquista em nome do rei. Um batedor conseguiu seguir seus rastros e agora sabem onde estamos. Estão vindo por Agalesia. E estão vindo com todo o exército do Norte.

Eitaaa.... E agora, minha deusa Nirl? hahahaah

O que estão achando da história? Comentem e façam os dias dessa pobre autora mais felizes hahahaha

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