4 - FLAGRADA!

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1995

Esmeralda

Eu estava abismada olhando aquilo tudo. A mansão era muito bonita e grande. Andei bem devagar pelo pátio da entrada e procurei alguma pessoa para poder pedir informação. Avistei dois seguranças mais a frente saindo do casarão e rapidamente andei até eles.

Um bem alto, forte e tatuado me olhou da ponta dos pés até a cabeça e se aproximou de mim.

- O que a moça está fazendo aqui? – Perguntou ele com uma expressão séria.

- Desculpe-me senhor, eu estou aqui porque vi em um folheto falando que estavam contratando empregadas. Sou uma das candidatas. – Disse dando o meu melhor sorriso.

- Ah, entendi! Bom, dê a volta pela casa e siga até o jardim dos fundos. Você encontrará lá uma porta, é a da cozinha, entre e procure por Suzana, ela é a governanta da família e irá te ajudar com isso. Boa sorte! – Falou ele enquanto se virava e seguia para outro local com o outro rapaz.

- Obrigada!! – Gritei em agradecimento, mas não tive nenhuma resposta.

Ƹ̴Ӂ̴Ʒ

- Você trouxe algum documento? – Perguntava Suzana enquanto olhava seriamente para mim.

- Sim, sim, eu trouxe. Aqui está! – Falei apressadamente enquanto entregava o meu CPF e a carteira de identidade para ela.

- Hum... Esmeralda? Que nome mais... diferente. – Disse ela olhando para os documentos em mãos. – Você sabe que aqui o trabalho deverá ser feito de forma impecável, não sabe? A família Napoleão é uma das mais tradicionais e conservadoras do país, além do fato de ser uma das mais ricas também. Caso você seja contratada terá que mostrar serviço e jamais deve cometer algum erro. Eu sou os olhos dessa casa, não vai tentar, em momento nenhum, passar a perna em mim, entendeu Esmeralda? – Disse ela olhando profundamente para mim. Me deu arrepios!

- Sim, dona Suzana. Entendi tudo perfeitamente! Não se preocupe que eu...

- Quem é essa mulher? – Antes que pudesse finalizar minha frase ouvi uma voz feminina bastante forte atrás de mim.

Virei-me e notei que havia uma senhora acompanhada por um rapaz, um belo rapaz, diga-se de passagem.

- Senhora Napoleão, essa é Esmeralda. - Disse Suzana rapidamente. - Ela veio por conta do anúncio da seleção de empregadas. É a primeira e a unica candidata que apareceu até agora. 

- Então só essa moça apareceu? Eu sabia que não devia ter contratado aquela empresa mixuruca de publicidade pra anunciar a vaga... - Falou baixo. - Bom, se só apareceu essa moça até agora, contrate-a. Pelo modo que se encontra - me olhou dos pés à cabeça - deve estar mesmo precisando de dinheiro. - Sorriu de modo debochado. - Prazer, querida! Sou Beatriz Napoleão. Como se chama?

- Se... Senhora Beatriz, bom dia! Eu me chamo Esmeralda Silva. - Tentei esconder o nervosismo. Aquela mulher também me dava arrepios!

- Não sabe falar sem gaguejar não, minha querida? - Falou rindo. 

- De... Desculpa! É que eu estou nervosa... preciso muito de um emprego, cheguei há pouco tempo do interior e já estou quase sem ter o que comer porqu...

- Basta! - Me interrompeu. - Esmeralda, não quero saber sobre sua vidinha sofrida de mulher da roça... O meu tempo é precioso, minha querida. Perguntei apenas o seu nome, e como já tenho a resposta, nada do que fale a mais é do meu interesse. Apenas procure fazer um trabalho decente na minha casa que no final do mês terá o salário na sua conta. Entendeu? 

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