A única reação que a menor conseguiu ter foi estender os braços para a outra. Vitória aceitou encostando a cabeça no ombro de Bárbara e se permitiu chorar ali um pouco.

"Ela também sente toda essa dor, Vi. Ela só acha que tu não foi para São Paulo por que quis assim." Argumenta, "foi difícil para ela também."

"Talvez um dia o tempo nos dê respostas, não é?" sorri fraco.

Ih, olha lá. Mencionaram-me novamente.

Engraçado como sempre apelam para mim quando não veem solução, não é?

Vitória e Bárbara continuaram ali por horas. Parte em silêncio, parte conversando sobre como seria dali pra frente.

Vitória decidiu que faria da vida de Estrela mais fácil. Sabia que a menina tinha uma luz especial e com o primeiro contato, já sentia grande apreço por ela.

Voltou para casa ao som de Nando Reis e com o rosto vermelho. Em seu encalço, Bárbara em seu carro. Quando passou a frente da casa dos Caetano, pôde ver Ana com Estrela no colo.

Suspirou.

Seriam dias complicados.

Quando chegou em casa, viu Aninha, sua irmã, deitada de qualquer jeito no sofá. Tinha apoiado em seu peito alguns livros e os óculos estavam tortos no rosto pela posição. Sorriu ao vê-la e deixou as chaves do carro na mesa, aproximando-se dela.

"Ei, anjinho. Acorda" diz com a voz calma, alisando os cabelos cheios da irmã.

Aninha não tardou em abrir os olhos. De forma preguiçosa, foi enxergando a forma da irmã a sua frente.

"Ei Vi. Estava te esperando chegar. Cochilei rapidinho."

Vitória riu com a desculpa esfarrapada e assentiu com Aninha a acompanhando.

"Vou pra cama, tá?" a mais nova diz. Vitória abre os braços para a irmã e a aperta.

"Vi?"

"Oi."

"Eu acho que vi Ana hoje..."

Vitória engole em seco, fechando os olhos.

"Que Ana?"

"Tua Ana."

"Minha não..." pensou Vitória, mas preferiu se calar. Com calma conduziu a irmã até seu quarto e a deitou na cama, deixando um beijo em sua testa.

Quando entrou no chuveiro para um banho, pareceu querer nunca mais sair dali.

(...)

Quando a cacheada chegou ao teatro e viu uma garotinha distraída com seus legos, sua reação não fora outra a não ser sorrir. Deu passos largos para chegar ainda mais perto e se agachou, mantendo uma distância considerável.

"Oi pequena, tudo bem?" sorriu e Estrela a encarou por longos segundos, mas depois voltou seu olhar aos brinquedos. Vitória se levantou afagando o cabelo da menor e, quando olhou para o lado, só então percebeu uma figura praticamente petrificada ao lado da criança.

"Oi, Ana" disse e se surpreendeu por não ter sido uma fala arrastada. "Já está aqui há muito tempo?"

"Não... Só faz uns cinco minutos, por aí" diz.

Vitória assente e volta sua atenção para Estrela.

"Vamos entrar? Lá dentro tem mais lego. Você quer mais legos?" indaga e Estrela presta atenção. Vitória então entra numa sala e rapidamente volta, mas em suas mãos tinha agora uma caixa transparente com vários legos visíveis.

Quanto Tempo o Tempo Tem?Where stories live. Discover now