Capítulo 48 - Eles já falaram sobre o assunto.

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Teo

Quando saí do apartamento da Mia, ia preocupado, aqueles tinham uma bonita amizade, mas esta estava toldada por confusões mal resolvidas, em que todos tinham problemas por resolver. Isto tudo talvez porque não gostam de ouvir algumas verdades, como no caso da Patrícia, em que era mais fácil acreditar que tinha um namoro perfeito em vez de aceitar a verdade. Não a condeno, afinal também eu fugi aos meus problemas durante muito tempo, tentando fingir que nada se passava.

Saí do prédio e tive a visão do inferno para uns e a do amor para outras. O Joel estava sentado num banco, meio que a choramingar, e acompanhado pela Liliana, que estava à sua frente de cócoras, apoiando os braços nas pernas dele, consolando-o. Mais uma vez ela estava a apagar o fogo que ele tinha ateado, afinal ela sempre teve uma veia de Madre Teresa de Calcutá, mas neste caso era mais que bondade, era amor verdadeiro e de ambos os lados. Fiquei a observá-los ao longe, não me iria perdoar se interrompesse aquele momento tão intenso, mesmo que pudesse ser considerado um erro.

Não é um erro duas pessoas gostarem uma da outra, era verdade, mas ele estava a enganar a namorada, e não era fisicamente, mas eu apostava todo o meu dinheiro que na mente dele e no coração só existia uma pessoa, ela.

O Joel podia ser uma cabeça no ar, que tinha a mania de se armar em engatatão, mas era completamente apaixonado pela Liliana desde do dia em que a viu pela primeira vez. Mas traiu-a. Eu não conseguia perceber a ação dele, e nunca ouvi uma explicação, e tenho a certeza que a Liliana também não, contudo ele nunca negou, e nem depois de ter o nariz partido culpou a ex-namorada. Embirrava com ela, com os rapazes que se aproximavam, tentava fazer-lhe ciúmes, mas nunca lhe atirou nada à cara.

Fui na direção deles, por mais que gostasse de os ver juntos, queria evitar que fizessem algo que se arrependessem no futuro. Além disso a Patrícia podia aparecer e fazia o maior escândalo alguma vez visto.

- Está tudo bem? – Perguntei, aproximando-me.

- Sim. – Respondeu a Lili, levantando-se. – Aqui o menino é que precisa de meter as ideias no lugar. – Explicou.

- Novidades? – Brinquei tentando quebrar aquele ambiente pesado, e ainda consegui uns sorrisos. – Queres boleia?

- Eu não preciso, eu vim de carro. – Falou. – Mas o Joel precisa, e não é só disso. – Falou, piscando-me o olho. – Porta-te bem! – Exclamou para o Joel, fazendo-o rir, indo-se embora.

- Vamos? – Perguntei e ele assentiu. Entrámos no carro e iniciamos o caminho para casa, mas ele continuava calado e pensativo, algo estranho nele. – O que se passa? – Perguntei, quebrando o silêncio.

- Nada.

- Anda lá, ou vou ter de te obrigar a falar? – Perguntei insistente.

- A minha vida é uma merda. – Respondeu finalmente.

- Novidades!? – Espicacei.

- Eu não fui capaz de responder à Patrícia, e não é justo para ela o que eu estou a fazer. – Desabafou, olhando para a paisagem.

- Pois não, mas mais uma vez tiveste quem te salvasse. – Falei, referindo-me à Lili.

- Ela perguntou-me porque não fui capaz de lhe responder. – Contou.

- E então?

- Eu não sei. Foi como se a minha língua ficasse presa. – Respondeu. Como eu o compreendia, quantas vezes queremos dizer algo, mas falta-nos a coragem? – Ela não tem nada fisicamente a menos que a Lili, mas a vida é muito mais que isso.

Notice Me|| ft. awritersnightmareOnde as histórias ganham vida. Descobre agora