Capítulo 41 - Olha que novidade.

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- Estás a falar a sério? – Perguntou o Zayn, pela milésima vez.

- Sim. – Respondi. – Responde uma vez, que eu tenho mais que fazer! – Exclamei.

- Aceito. – Respondeu finalmente.

- Finalmente tomaste uma decisão acertada. – Falei.

- Acertada? Eu estou metido onde não devia. – Resmungou, e eu ri-me. – Vão querer que eu saia.

- Então sai.

- Não é bem assim.

- Só tu podes definir a tua vida. – Falei, levantando-me e indo em direção ao balcão onde estava o Niall a limpar a máquina do café.

Ainda não tinha tido tempo de falar com o Niall acerca da contratação do Zayn, ou lá como a podemos chamar. Era estranho tratar-se um projeto do Harry, e ele acabar no restaurante.

- Olá Niall. – Falei, sorrindo.

- Olá Anna, o que queres? – Perguntou, percebendo as minhas intenções.

- Como é que entraste no projeto para contratar o Zayn? – Questionei, indo diretamente ao assunto.

- Foi o Harry que veio falar comigo. – Respondeu, e eu fiz-lhe sinal para desenvolver, eu não me contentava apenas com aquelas palavras. – O Zayn está a tentar acabar a escolaridade obrigatória. – Falou, e eu engelhei o nariz. – Sim, ele já não é obrigado a fazê-lo, mas para conseguir um trabalhinho melhor dá jeito. – Esclareceu. – E está num curso de cozinha, onde tinha de fazer um estágio, e o Harry veio falar comigo para eu o aceitar aqui. – Explicou.

- E conheces alguma coisa da história do Zayn?

- Não, ele não é de falar muito, como já viste. – Respondeu. Era verdade, o rapaz pouco abria a boca, eu era talvez a pessoa que mais o conhecia, e mesmo assim quase nada sabia acerca dele. Eu sabia quem me podia responder, mas não estava nos meus planos ir perguntar-lhe. Vais ter que esperar para ver.

Ele tinha recuperado bem da tareia que tinha levado, isso ou fez-se forte para não dar parte fraca. Tinha-o convidado para virar meu aluno, mas claro que tinha algo em vista. Como não lutava e não trabalhava, não recebia dinheiro, e as contas ainda não se pagavam sozinhas eu precisava de uma solução. E qual foi? Usar o Zayn como boneco de treinos. Eu não podia ensinar o Liam sem lutar com ele, a não ser que arranjasse alguém para me substituir, e é aí que entra o novato. Ele tem bastante a ganhar, aprende sem gastar dinheiro e eu ganho umas massas.

A minha ideia não foi aprovada pela Grace, que afirma que me estou a aproveitar dele, mas ela não percebe que ele também ganha muito com a minha proposta. Depois de ter visto as figuras dele a lutar, nunca sozinho ele conseguia chegar a algum lado credível. Como pelo que percebi ele não tencionava sair das lutas, eu na realidade até estava a fazer uma boa ação.

***000***

- Não sei se gosto da ideia. – Resmungou o Liam, depois de eu lhe ter contado. Eu tinha invertido a ordem de informados.

- Porquê?

- Ele não percebe nada.

- Nem tu. – Atirei, fazendo-o bufar. - Por isso é que a luta vai ser de igual para igual, e eu estarei aqui para ajudar. – Expliquei.

- E se um dia vou lutar contra ele?

- Vais saber os seus pontos fracos, e ele saberá os teus, continuará a ser uma luta de igual para igual. – Respondi.

- Eu posso esperar por ti. – Falou. Mas as minhas contas não.

- Não sei quanto tempo vai demorar a minha recuperação, e tu queres entrar nas lutas o mais rapidamente possível, esta é a única solução. – Respondi. Estava a rezar para que ele aceitasse, era a minha única salvação.

- Tens razão, eu quero ir lutar.

- Porquê? Não me pareces precisar de dinheiro.

- Eu não tenho dinheiro, o meu pai tem. – Explicou. – Eu ganho uns trocos de trabalhar aqui, mas preciso de massa a sério. – Eu compreendia-o bem, mas eu não tinha pais ricos, nem perto disso.

- É a única maneira.

- Eu alinho. – Falou, fazendo um sorriso crescer no meu rosto. Estou safa!

***000***

- Foi a única maneira que arranjaste? – Perguntou a Beth.

- Foi.

- Vais meter mais pessoas nisso.

- Na realidade já lá estão todas, eu só os estou a ajudar a ter sucesso. – Retorqui.

- Ai, Claro! – Exclamou. – Podias muito bem incentivá-los a sair dessa vida, e arranjar um trabalho mais calmo. – Sugeriu. Quem é esta?

- Fazer aquilo que não gostaste que fizessem contigo? – Perguntei, fazendo-a rir.

- Exatamente.

***000***

- Pensem sempre na vossa defesa, e depois no ataque. Pouco vos vale se atacarem e num contra-ataque não se conseguirem defender. – Informei.

Tinha sido o primeiro treino em conjunto e correu melhor do que eu alguma vez pensei. Parecia que a viagem de regresso a casa no dia em que fomos ver o Zayn a lutar tinha dado frutos entre os meus dois alunos. Compreendiam-se e tentavam sempre fazer melhor, talvez o facto de estarem interessados fosse uma das razões.

- Podem ir, para amanhã venham frescos. – Falei, rindo-me.

- Espera um bocadinho que eu dou-te boleia. – Falou o Liam, aproximando-se de mim.

- Não é preciso, tenho umas coisas para fazer. – Respondi, não queria estar a dar constantemente trabalho.

- Não vais a lado nenhum assim, eu levo-te. – Insistiu e eu acabei por ceder.

Enquanto eles foram para o balneário, eu fui até à rua apanhar um pouco de ar. Aquele espaço confinado e com cheiro a mofo matava-me, e só me apetecia ar puro. Estava tudo vazio, afinal ainda não eram horas para aquela amostra de ginásio encher, e foi por isso que escolhi um horário mais diurno. Encontrar-me com certas pessoas era o que eu mais queria evitar, principalmente porque tinham tendência a fazer propostas pouco saudáveis.

Um carro parou à minha frente, assustando-me. Normalmente não teria medo, mas não dava para esquecer que estava longe da minha melhor fase física. Eu conheço este carro. Ele não podia estar ali, na realidade ele nem sabia que aquele lugar existia.

- O que é que estás aqui a fazer? – Perguntei, indo na sua direção.

- Vim ver o que andas a fazer. – Respondeu o Harry, como se fosse normal.

- Desculpa?

- Com o Zayn. – Esclareceu.

- Não melhorou. – Murmurei.

- Porque é que não mudaste de ideias? Porque é que o ajudaste nisto? – Perguntou.

- Porque já ele o vai fazer, ao menos que o faça bem. – Respondi, enfrentando-o.

- Ele está a voltar aos maus caminhos... - Suspirou.

- Não sei o que é que ele fez antes. – Falei, na esperança que o meu ex-namorado me elucidasse.

- Não foi nada de bom. – Olha que novidade. 

Porto de Abrigo||h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora