First

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Ela não sabia, nem imaginava, mas aquele olhar era tão intenso que me deixava sem fôlego. Seus grandes olhos azuis eram de um brilho tão forte que me fazia refogar lentamente na imensidão de cada um deles, tirando a minha força e habilidade para respirar ou pensar.

Não, ela não tinha a consciência do poder que exercia sobre mim.

A todo momento precisava lembrar que meu cérebro necessita de oxigênio para continuar funcionando e assim respirei fundo, tentando não transparecer meu desespero. Me ajeitei corretamente na poltrona, enxugando as minhas mãos molhadas na calça preta que abraçava meu corpo e novamente meus olhos procuraram os dela, sentindo a força daquele azul quando se virou para mim, como se pressentisse meus próximos movimentos.

Desviei o olhar primeiro, mas ainda podia sentir a força do dela sobre mim e isso me enlouquecia. Precisei respirar fundo novamente para que as reações do meu corpo se abranda-se e eu pudesse ouvir o assunto importante que debatiam ali.

Falavam sobre diversas entrevistas que eu precisaria comparecer na próxima semana devido ao mais novo lançamento do meu CD e as possíveis datas para a turnê. Felicidade era pouco para descrever o que eu sentia com mais um sonho alcançado e não via a hora de subir no palco para poder agradecer a multidão de fãs e amigos que tornaram possível essa conquista. Um desses amigos estava ali na minha frente falando com uma maestria que era para poucos, mas que o fizera chegar onde estava, sendo o dono de uma das gravadoras mais importantes dos últimos anos, Christopher Crawford, fundador da C2 Records, além de ser pai de uma das garotas mais linda e doce que eu havia conhecido na vida, Mandy Crawford.

- Soube que precisaremos de abrir mais datas para a turnê devido a grande demanda. - sua voz poderosa prendia a atenção de todos na  sala. - Tenho certeza que não será um problema.

- De jeito nenhum. - a ruiva elegante ao meu lado, Linda Brundie, minha empresária desde o começo, enfatizou. - Estamos finalizando os contratos com os organizadores shows das cidades de São Paulo, Mumbai e Tokyo. Até o final de semana estaremos com tudo pronto.

- Conseguiram conciliar com uma data próxima ao do show que haverá no Rio? - Chris perguntou.

- Provavelmente será na semana seguinte. - ela retornou a respondê-lo. - Só estamos esperando a liberação do estádio, no mais está tudo nos conformes.

-  Devido aquela confusão, vários fãs clubes brasileiros entraram em contato comigo para saber se já tivemos um posicionamento. Informei que hoje a noite teríamos uma resposta, mas é impossível não ter mais um show, eles sabem. O barulho que fizeram foi o suficiente para mudarmos de ideia. - aquela voz suave  encheu a sala, fazendo os pelos dos meus braços se arrepiarem.

Mandy era um dos braços direito do pai, ficava responsável por toda área de redes sociais e se saia muito bem nisso, com apenas 20 anos. Era mais responsável que muita gente que eu conhecia.

- Vocês não tem noção da quantidade de mensagens que recebi só por conta deste assunto. - ouvi minha voz saindo antes mesmo de pensar. - Eles sabem ser persuasivos.

Eu ainda me lembrava da confusão que os brasileiros  fizeram com o site da gravadora quando resolveram fazer uma “pequena” reivindicação de mais um dia de show no Brasil e pelo jeito havia conseguido alcançar o objetivo com louvor.

Todos olharam pra mim nesta hora, mas eu só conseguia manter meus olhos fixos nos dela, que me brindou com aquele sorriso lindo que apenas ela tinha.

O assunto continuava ao meu entorno e eu divagava sobre como  ficava linda quando se concentrava nas palavras dos outros ou quando mordia os lábios tão rosados e bem desenhados, que me deixava totalmente enlouquecido, me fazendo pensar qual seria o gosto e a maciez deles.

Ainda bem que meu violão estava no colo, pois não saberia onde enfiar minha cara se vissem o tamanho da minha ereção, afinal de contas eu não conseguia me controlar.  Minha calça jeans podia até ter stretch, porém ela apertava tanto que a dor que sentia era enorme e eu já estava louco para poder sair dali e me aliviar, de todas as maneiras.

Ultimamente isso era frequente em minha vida, já que essa garota tomava conta da minha mente e minhas emoções.

Juro que tentei me concentrar novamente nos assuntos discutidos, nas coisas importantes, nas pessoas que estavam a frente do bom funcionamento da minha carreira, mas como conseguir quando sua mente é tão traiçoeira e só pensa nas curvas do pequeno corpo dela e no quanto anseia por tocá-lo? Deus!! Que tortura eu estava vivendo.

Precisava fazer alguma coisa pra resolver aquela situação. Naquela noite a chamaria pra sair.

Mas como? Sabia que estava num rolo qualquer com um cara mais velho e nada a ver com ela, que isso já fazia algum tempo, mas não custava nada tentar. Afinal de contas, no máximo que eu ganharia era um Não.

A reunião finalizou no horário previsto e algumas pessoas já tinham saído, Chris o primeiro, depois de me desejar boa sorte. Eu continuava no mesmo lugar, tentando me acalmar e tomar a coragem necessária para ir até lá e fazer o convite. Sua gargalhada me fez levantar rapidamente a cabeça, aquele som era a mais bela melodia que eu já ouvira e não cansaria nunca de ouvir. Queria que ela risse só pra mim, comigo, de mim. Lá estava eu divagando novamente e não fazendo nada para que mudanças ocorressem. Me levantei de um pulo e fiz com que minhas pernas me obedecessem, mas antes senti uma mão tocar em meu braço.

- Devemos sair daqui a 15 minutos. - Linda me informou. - O motorista já está a nossa espera.

- Ok. - só foi o que consegui responder.

Ela já estava na porta quando a alcancei.

- Mandy! - a chamei com minha voz engasgada. - Mandy. - tentei novamente, dessa vez saiu normal.

Seu corpo girou em minha direção e o sorriso que ainda dançava em seus lábios fazia seus olhos brilharem. Mais uma vez eu precisei me controlar.

- Oi, Shawn!! - exclamou vindo em minha direção para um abraço caloroso, onde pude sentir um perfume incrivelmente doce, mas suave. - Desculpa a pressa. É que eu estou super atrasada para um compromisso, mas fala ai, o que deseja?

Minha pele estava fervendo só de ter encostado segundos na dela, imagina se passássemos a noite inteira abraçados e nus!

E o que eu desejava? Ah! Ela não ia querer saber, mas não foi isso que eu disse.

- Não quero te atrasar, então… eu só queria saber se você gostaria de sair pra jantar comigo qualquer dia desses!

E pronto! Foi como puxar um banda-aids. Rápido e sem pensar demais. Já estava feito, não havia como voltar atrás. Sim, tinha um pouco de dor por conta de não ter a mínima noção do que ela responderia.

Ela franziu a testa e o sorriso morreu em seus lábios, seus olhos se arregalaram e a boca abriu e fechou várias e várias vezes. Droga!!! Eu já sabia o que viria a seguir e isso fez com que a dor aumentasse de tamanho. A coragem que me arrebatou momentos atrás  tinha ido pro espaço e eu só queria sair dali o mais rápido possível.

- É… eu… Você… - tentei dizer, mas as palavras congelaram na minha mente, nem conseguir formular uma frase. - Não precisa me res…

- Adoraria!

Com essa simples palavra que fez meu coração dar um pulo no peito, deu meia volta e saiu pela porta aberta, deixando-me totalmente aturdido e incrivelmente exultante parado no meio do caminho.

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