Capítulo 12 - O que é que ele tem de especial?

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- Circo? – Perguntou confusa.

- Sim, queres vir? – Perguntei. Sabia que ela adorava o circo desde pequena, mas nos últimos tempos dizia que era velha para tudo.

- Claro que quero. Eu adoro ir ao circo! – Exclamou divertida.

***000***

Jantámos, os miúdos numa rapidez descomunal, e saímos para o circo. Como era relativamente perto, resolvi que não valia a pena tirar o carro da garagem e que poderíamos bem ir a pé. O exercício físico faz muito bem!

- Vai haver animais no circo? – Perguntou o Martim.

- Sim. – Respondeu a Ana.

- Elefantes?

- Provavelmente. – Respondi.

- Vai ser tão giro! – Exclamou. Eles nunca tinham ido ao circo pessoalmente, só tinham visto na televisão quando dava no natal.

Caminhamos alegremente, os miúdos estavam bastante animados e até a Ana parecia ter voltado a ser uma criança. Para mim vê-los tão divertidos deixava-me feliz, por mais que preferisse ficar em casa do que ir ver o circo.

- Joel! – Gritou a Catarina, soltando-se da mão da Ana, e correndo em direção ao um homem. Eu não conseguia ver quem era.

- Catarina! – Gritei. – Volta aqui. – Ordenei.

- Olá! – Saudou o Joel, aparecendo com a Catarina no seu colo.

- Não tinhas nada que o incomodar Catarina. – Adverti chateada. – Desculpa Joel. – Desculpei-me. Ela era sempre assim, já quando via o Lourenço fazia o mesmo.

- Não faz mal! – Exclamou, pousando a Catarina no chão e indo cumprimentar o Martim. O Joel tinha um jeito especial para as crianças, seria um ótimo pai. – Andam a passear? – Perguntou.

- Vamos ao circo! – Exclamou a Catarina divertida. – Podias vir connosco! – Sugeriu.

- Ele deve ter coisas para fazer, não o chateies. – Falei, fazendo-a amuar.

- Por acaso não tenho. – Respondeu. Abaixou-se para ficar à mesma altura dos meus pequenos e disse. – O que vocês acham de eu ir ao circo? – Perguntou, fazendo os olhos dos pequenos brilharem.

- Sim! – Exclamou a Catarina.

- O que achas? – Perguntou-me, levantando-se.

- Se quiseres vir, serás muito bem-vindo. – Respondi, sorrindo.

- Então vamos? – Perguntou, piscando o olho.

- Sim! – Exclamaram as duas crianças, deixando-me a mim e à Ana para trás e dando as mãos ao Joel, um de cada lado.

- O que é que ele tem que nós não temos? – Perguntou a minha filha mais velha espantada com a reação dos irmãos. – Sinto-me trocada! – Exclamou, enquanto eu me ria.

Íamos atrás deles. O sorriso na cara das crianças era gigante, pareciam que estavam num parque de diversões. O que é que ele tem de especial? Tinha um sorriso contagiante, uma cara linda, um cabelo fantástico, um corpo divinal, mas eles eram demasiado novos para perceber isso, por isso não dá para perceber o amor deles pelo Joel.

Quando chegamos, fui comprar os bilhetes, sendo seguida pelo Joel.

- Eu pago. – Falou atrás de mim.

- É que não mesmo, acabaste aqui por nossa culpa por isso eu pago. – Retaliei.

- Olívia.

- Joel. – Imitei. – Vai ter com eles. – Disse, e ele amuado lá foi para perto dos meus filhos.

Quando finalmente consegui comprar os bilhetes, porque a fila era gigante e o homem na bilheteira bastante lento, caminhei até aos meus rebentos e o grupo já tinha aumentado. Uma rapariga de cabelos negros, mas branca como a neve, que ironicamente fazia lembrar a Branca de Neve da Disney, tinha-se juntado ao grupo.

- Mãe, esta é a Sofia. – Apresentou. – A minha grande amiga da faculdade! – Exclamou. Eu aproximei-me da rapariga para a cumprimentar, ela estava muito envergonhada. O que terá acontecido?

- Muito prazer, já tinha ouvido falar muito de ti. – Respondi, enquanto a jovem sorria.

- Espero que bem. – Falou pela primeira vez.

- Óbvio! – Exclamou a Ana, intrometendo-se.

- Vamos entrar? – Perguntou o Joel.

- Sim. – Respondeu a Ana.

Caminhámos para dentro da tenda e ficamos todos juntos. A Sofia estava sozinha, parecia que tinha um amor ao circo parecido com o da Ana, mas nenhuma o tinha admitido à outra por vergonha. Mas qual é o problema delas? O Martim ficou ao lado da irmã, porque queria algodão doce dela, enquanto a Catarina ficou entre o irmão e o Joel, por imposição dela, e na ponta estava eu ao lado do Joel. Tinha sido renegada pelos meus filhos que agora só davam atenção ao modelo que eu tinha ao meu lado.

- Os meus filhos trocaram-me por ti. – Murmurei.

- Não vou negar que sou fantástico, mas duvido! – Exclamou divertido.

- Mas olha que parece. – Falei, fingindo-me aborrecida.

- Estás com ciúmes de mim? – Perguntou entrando na brincadeira.

- Talvez.

- Olivia, por aqui? – Falou uma voz feminina, fazendo-me virar-me para encarar a cabra mor, aquela que adorava comentar a minha vida.

- Não, estás a sonhar. – Respondi seco.

- E Joel, já fazem programas em família? – Perguntou. Via-se que queria mesmo arranjar confusão comigo.

- Vim ao circo, porquê não posso? – Respondeu o Joel, dando um ar de superioridade.

- Claro que podem, mas não sabia que fazem coisas juntos. – Comentou, dando aquele sorrisinho falso.

- Não sabes tudo o que eu faço, por isso volta para a tua vida, acho que o teu marido está a sentir-se sozinho. – Falei. – Ai, desculpa, aquele é o teu cunhado não é? – Perguntei, virando o jogo. Estava a descer ao nível dela, mas estava farta que pensassem que dizer tudo e que eu não passava de uma ingénua.

- O que é que tens a ver com a minha vida? – Perguntou sentindo-se desconfortável.

- O mesmo que tu tens a ver minha. – Respondi, virando a cara para o espetáculo que estava a começar. Ela voltou para o seu lugar, e eu comecei uma nova era, a Olívia boazinha e ingénua tinha ido embora. 

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