O que faria uma criança de 10 anos entrar para o mundo do crime e começar a assassinar por prazer?
Se pensou em uma elfa de cabelo prateado, você acertou.
O Corvo Negro dá início a Trilogia das Plumas, mostrando o caminho onde um garoto se corrompe...
Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
O vento gelado canta pelas vazias ruas de Gor, a capital mais ao sul do continente de Ayrlia. A cidade congelada é repleta de pessoas com rostos fechados e animais de corte, principal forma de sustento dos moradores do reino do qual Gor é capital.
Em uma das casas do lado de fora das muralhas, na vila Poerpio Baejam, Ukel, um garoto de dez anos de idade, faz a primeira refeição do dia ao lado da mãe. Sua cabeça é adornada por cabelos negros, a pele um pouco mais escura do que o comum no reino e alto para a idade. No prato, sopa de bisão das neves cheira bem, mas o garoto já desdenha a refeição, enjoado.
- Mãe, não tem nenhum pão ou geleia? Todo dia bisão? – indaga o menino.
- Não somos da nobreza, Ukel, e carne de bisão é boa pra você.
- Depois reclama que como pouco.
- O que disse? – os olhos de fogo da mulher o miram, elevando o tom da voz.
- Nada não – responde, comendo uma colherada forçada, desfazendo o bico.
Os quadros nas paredes começam a tremer e um barulho crescente chama a atenção dos plebeus. O garoto deixa a cadeira de madeira e corre até a janela sobre a pia, onde sua mãe está terminando de lavar a louça.
- O que é isso? – questiona a mulher, pega de surpresa.
- Tem gente vindo – o menino olha o horizonte, buscando a origem da baderna.
Fora das outras casas, curiosos observam um grande grupo de que caminha a passos vagarosos. Todos sujos e magros, claramente forasteiros. Na ponta, um homem um pouco mais encorpado ostenta um bigode grosso sobre os lábios. Sua face deixa claro que vira cenas fortes nos últimos dias.
- Eles estão indo para a capital – anuncia a mãe de Ukel, notando o interesse dele.
- Vou ir com eles, devem ser os tais refugiados –o menino salta do balcão e corre na direção da porta.
- Espere! – grita a mulher, enfática. – Você pensa que vai aonde sem comer?
Ukel volta até a mesa e devora o prato fundo de sopa em poucos segundos. Sem tirar o prato ou outras cerimônias, se prepara para a fuga. O menino corre, mais uma vez, na direção da porta, mas outro estrondo o faz cessar os passos.
- Leve o casaco!
Ele busca nos olhos de sua mãe piedade, mas nada encontra, além de fúria e retidão. Busca com agilidade um manto e o veste, partindo, finalmente, ao seu destino. Ukel veste uma grossa camada de pelos de bisão branco. É uma peça de ótima qualidade para um plebeu.
Os refugiados vêm de Reykholt, uma vila ao norte. As notícias dos últimos dias anunciaram sua chegada, mas o menino nunca vira nada do tipo.
Estão sujos, com roupas rasgadas. Todos aparentam extrema fome e tristeza. Dentre a multidão, quem mais chama a atenção é uma família de elfos, uma raça supostamente irreal. Tem orelhas pontudas e o rosto mais comprido. São três, um homem, sua mulher e uma menina. Os três ostentam prateados cabelos. Não grisalhos ou descoloridos, mas sim prateados.