Capítulo 2

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São 07:00, acordo automaticamente

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São 07:00, acordo automaticamente. Se eu quisesse, e precisasse muito, não teria acordado assim, tão pontualmente.

Levanto e vou até o banheiro, escovo meus dentes em poucos minutos. Minha barriga está roncando, ainda estou sem comer nada desde a manhã do dia anterior. Vou para a cozinha procurar alguma coisa para comer.

Fico meio travada assim que chego à cozinha e vejo papai e mamãe, sentados, tomando café. Estão em silêncio, só escuto o barulho dos dentes de mamãe triturando um pedaço de torrada e, papai, tomando um gole de café e mastigando um pedaço de pão. Nenhum dos dois olham na minha cara, apenas mamãe me dá um bom dia seco. Eu respondo mamãe e, mesmo que papai não faça questão, também o cumprimento.

Em três minutos levantam-se da mesa e saem para os seus compromissos. Eu fico muito triste, confesso que não aguento mais essas situações. Estou cansada. Amo papai e mamãe, mas muitas vezes tenho vontade e desejo de encontrar um emprego e poder ir morar sozinha, para não ser mais obrigada a ver certos tipos de caras, olhares e desprezo.

Eu juro, eu sinceramente queria entender o porquê me tratam assim.

***

A manhã demorou muito a passar. Já estou à horas, quase a tarde inteira, pesquisando alguns empregos em um jornal. Selecionei vários: auxiliar de classe de escola particular, recepcionista, operadora de telemarketing, auxiliar administrativo. Até mesmo selecionei uma vaga como atendente de lanchonete, e outra de auxiliar de compras.

Mando o meu currículo por e-mail para todos, mesmo sem ter as qualificações e experiências exigidas.

***

O dia foi longo, já é quase noite. Como qualquer coisa, assim como fiz durante o dia.

Entro em casa e vou direto para o meu quarto, não quero ter que ver a cara de mamãe e papai "daquele jeito", não preciso me maltratar com o desprezo deles.

Deito-me na cama e me cubro dos pés à cabeça, deixando do lado de fora apenas os meus olhos. Fico pensando na minha vida. Peço a Deus que me ajude, que eu consiga um emprego e, digo que não mereço sofrer assim.

Assusto-me com um toque na porta. Alguém abre e após alguns segundos fecha.

Estou deitada de costas, virada para a parede, quem entrou não viu que eu estava acordada.

Fico "sentida", pois adoraria que fosse papai, que entrasse e fizesse um carinho na minha cabeça, assim como não faz há anos. Adoraria que fosse mamãe que entrasse e me obrigasse a sair para jantar com ela, se preocupasse comigo, como também já não faz há muito tempo.

***

Acordo exatamente no mesmo horário do dia anterior, não sei por qual motivo, mas isso está acontecendo comigo com certa frequência. Fico durante horas na cama, sem coragem para me levantar e encarar papai e mamãe.

O GAROTO DO GUARDA-CHUVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora