- Amanhã você tem a reunião do Jhonnatas para ir. - Ramona falou quando nos esbarramos no corredor - E, sobre aquela nossa conversa, já tomou uma decisão?A encarei e continuei calada.
- Tudo bem, como você quiser!
- Eu não ligo Ramona, nada faz sentido nesta droga de mundo mesmo, o que acha que eles irão fazer? O que acha que eles podem fazer que me deixe mais sem vontade de viver? - falei em um surto. A minhã irmã estava cada dia mais irritante.
- Eu te dei tempo de mais, três dias para ser mais exata! - ela falou com os braços cruzados e com os ombros contraídos. Eu não ligava para o seu norvoso - Não estou fazendo isso para o seu mal, não posso deixar que o pior aconteça. Não vou me responsabilizar.
Me virei devagar e voltei a fazer o caminho de volta para o quarto. Ignorei a Ramona, seja o que fosse que ela iria fazer, não podia me ajudar. Voltei a fazer aquilo que jurei nunca praticar em minha vida terrena, a mutilação. As coisas estavam difíceis agora que a D.G tinha desaparecido, eu não tinha mais com quem desabafar e mostrar a minha dor, eu não tinha mais a minha amiga.
Cobrir meus cortes com o usual casaco preto e caminhei devagar para o colégio. Eu odiava aquele lugar com pessoas que fingiam ser o que não eram, patricinhas que disfarçavam sua insegurança com elogios de garotos, nerds que sofriam piadinhas todos os dias, garotas tímidas que foram entítuladas como "sem sal", e garotos que, riam dos outros garotos, por não serem os melhores. O colégio era cruel.
Me sentei na cadeira do fundo como de costume. E coloquei os fones de ouvido. As pessoas não me estranhavam como antes. Somente Doris ainda me olhava de canto. Ela ainda não entendia o meu afastamento, mas também não vinha procurar satisfação, na verdade, nos últimos dias, notei que ela estava mais tristes e mais calada. Aquele comportamento não era o de costume da Doris, mas por orgulho, decidir continuar sem lhe dirigir a palavra.
- Alice, a vice diretora está te chamando. - Uma aluna do terceiro ano, líder do corpo estudantil, me chamou na porta da sala com um papel amaralo na mão.
Levantei sem entender o porquê do chamado, peguei as minhas coisas e me dirigir até a diretoria.
- Bom dia.
- Bom dia senhorita Collins. Sente-se por favor. - A professora falou bastante séria, e por um momento, pensei que fosse algo realmente importante. - Alguns porfessores teem notado um comportamento diferente seu.
- Não entendi.
- Está acontecendo algo em casa? Alguém anda te pertubando no colégio? - a diretora falou. Uma luz se acendeu, começeu a entender o que de fato ela queria saber.
- Não. Está tudo bem. - Respondi com um sorriso falso.
- Tem certeza?
- Se eu estou dizendo que estou bem, é porque eu estou bem, diretora!
- Ok... - ela falou como quem acredita em fadas e então anotou algo em um papel. - Dê isto aos seus pais, tudo bem?
- Claro. - peguei o papel e me levantei, era um comunicado para que meus pais apareçessem no colégio.
Saí da sala e joguei o papel na primeira lixeira que vi em minha frente, olhei para uma câmera e sorri sarcásticamente. Eu sabia que a minha querida vice, estava vendo, eu odiava pessoas tentando saber da minh vida.
ESTÁ A LER
ALICE
SpiritualAlice Collins, vivia uma vida pacata e monótona na casa dos seus pais evangélicos. Cheia de medos, dúvidas e conflitos internos, Alice se afasta dos seus familiares e de sua melhor amiga, para viver em seu mundinho particular. Mas as coisas começara...