Quem procura, acha

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Se eu não estivesse tão preocupado com a Anne, eu teria enfrentado Olívia no momento em que ela foi impertinente. Ela estava parecendo uma adolescente enciumada. Agora eu entendo o porquê ela não tem relacionamento nenhum, deve colocar todos para correr se comportando como uma adolescente mimada. Saio pela porta e vejo Anne indo em direção ao elevador. Chamo-a e ela pára sem nem olhar para mim. Me aproximo dela a passos largos.

- Tudo bem? - Toco em seu ombro para ela se virar para mim e a mesma continua parada com lágrimas nos olhos.

- Não precisava dizer para ninguém que transamos. Pensei que você fosse melhor do que isso, Lorenzo. - Anne diz claramente demonstrando raiva. Fico confuso.

- Eu não disse a ninguém. Nunca faria isso com você. Eu gosto de você, Anne. - Toco em seu rosto, limpando uma lágrima que escorria. Anne deu uma risada forçada e balançou a cabeça.

- Não me venha com essa ladainha. Isso é o que todos vocês, homens, dizem. Transamos e fim. Até mais ver, Lorenzo. - Anne entra no elevador e me olha com raiva e tristeza em seu olhar. Se eu não tivesse que ir para a porra de uma reunião, eu iria atrás dela para saber exatamente o que Olívia disse a ela. Infelizmente não posso enquadrar Olívia agora, mas eu irei. Porque se o problema é ter relacionamento na empresa, eu deveria ser mandado embora também, não é mesmo?

Volto para sala e me sento ao lado de Olívia que sorri maliciosamente para mim e, antes de eu dizer algo, a ligação do Skype aparece em nossa frente, e a reunião se inicia. Foi uma reunião de duas horas e meia, eles são uma boa empresa que precisa de uma ajuda para ampliarem seus negócios em Chicago. É aí que nós entramos. Eles ficaram um pouco receosos comigo, mas com o tempo, concordaram com meus termos. Em alguns momentos, percebi os olhares de incredulidade de Olívia quando eu estava negociando. Se ela estava em dúvida sobre minha capacidade profissional, com certeza ela mudou de ideia hoje.

Somos convidados para ir a Chicago no fim de semana e a Olívia aceita, sem ao menos me consultar. E ela sabe que tenho filhos.

- Como você confirma uma coisa dessas na lata sem antes falar comigo? - Falo com o tom de voz elevado após o encerramento da ligação. Ela me olha furiosa como se fosse arrancar minha cabeça.

- Esta empresa é minha e eu decido o que fazer e não você. Se não estiver satisfeito, passe no Departamento Pessoal e peça a sua demissão. - Ela se levanta e sai furiosa, batendo a porta da sala, me deixando com cara de idiota e de olhos arregalados. Essa mulher é doida.

O dia hoje foi corrido. Na verdade sinto pena de Sophie, a secretária que agora eu e Olívia dividimos. A coitada ficou andando de um lado para o outro, pois essa semana seria uma correria por causa do novo investimento com a empresa de Chicago.

Chego em casa morto, demorei tanto para analisar um documento que acabei ficando até depois da hora. Entro em casa e encontro meu pai na sala. Me sento no sofá com cara de cansado e dou boa noite para meu pai, perguntando da minha mãe.

- Boa noite, Lorenzo. Ela já foi se deitar. Teve problemas hoje? Chegou tarde. - Ele me olha brevemente e volta a olhar para a TV que está ligada no jornal.

- Um novo investimento que irá tapar os buracos da empresa que o antigo funcionário deixou, e minha patroa confirmou uma viagem para Chicago no fim de semana, sem ao menos me consultar se vou poder comparecer, fora que... A garota que eu fiquei fim de semana foi mandada embora e acha que a culpa é minha. - Passo a mão nos cabelos demonstrando frustração. Eu e meu pai sempre conversamos, ele sempre soube dizer a coisa certa. Olho pra ele que está com as sobrancelhas arqueadas com cara espantada.

- Lorenzo, você está errado. Ela é a dona da empresa e pode decidir qualquer coisa a qualquer momento. Você não está mais trabalhando em uma corretorazinha de imóveis. Agora é uma multinacional e há muito dinheiro envolvido nisso. - Bufo em frustração e confirmo com a cabeça concordando, como sempre ele tem razão. Faço menção e meu pai me olha sério e percebi que falei demais.

Tudo que vai, voltaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora