Pensando bem, que mal tem?

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- O-oi? Quem fala? – Pergunto interrompendo-o, incrédula.

- Você não reconhece mesmo a minha voz? – O sotaque dele era forte, mas não consigo reconhecer. Seria um sotaque meio britânico? Irlandês? Americano? Mas tenho certeza que já o ouvi em algum lugar.

- Me desculpe, estou um pouco confusa. – Nesse momento, eu me levanto rapidamente da banheira, puxando a toalha e me enrolando nela.

- Você não se lembra daquela noite na praia da ilha de Phuket? No hotel The Racha? Ou melhor, você não se lembra da última mensagem que me enviou? "Guarde esse beijo para você". Achou mesmo que eu não conseguiria vir atrás de você? – Ele diz com aquela voz sorridente, do outro lado.

Puta que pariu, é o Daniel. Como?

- Ah, oi. Você quase me assustou. Daniel, né? – Falo, tentando manter a calma.

- Eu mesmo, gostosa. Por que me evita tanto? – Agora ele não fala mais com uma voz tão maliciosa. Parecia triste, apesar de ter segundas intenções.

- Olha, quero que você entenda uma coisa. São... – Nesse momento, olho para o relógio e levo um susto. Não acredito que fiquei tanto tempo na banheira. – Dez horas da noite e você deveria estar dormindo. E eu não quero que gaste todos os seus créditos em uma ligação para fora do país. E outra coisa, nós dois não passamos de uma noite, foi só uma transa e nada mais. Você não devia me perseguir tanto assim.

Enquanto digo isso, vou andando até o meu quarto, me seco com a toalha e visto minha camisola de seda.

- Olívia, você não me deu nem a chance de me despedir naquele dia. Você realmente acha que se eu fosse do país eu estaria hospedado naquele hotel? – Eu realmente não pensei nisso. Foi do quarto dele que eu saí aquela manhã. – Eu não sou da Tailândia e não estou na Tailândia. Na verdade eu estou em Roterdã, a poucos metros de você. Gostaria de poder vê-la de novo. Gostaria de ter a chance de te mostrar que não sou um cara de uma noite só.

"Uau, essa foi profunda. Mas eu não quero nada com ele", penso. "Pensa, Olívia." E... ESPERA! Como assim ele está em Roterdã? E como ele sabe que EU moro em Roterdã?

- Daniel, como você descobriu onde eu moro?

- Não é difícil. Você me falou seu nome, procurei no Google. Descobri que é dona de uma empresa e que essa empresa fica na Holanda. Não é difícil. Nos dias de hoje com as tecnologias, ninguém tem esse privilégio chamado privacidade. Mas eu só quero que saiba que não estou aqui para te incomodar. Só te peço uma chance. Só uma. – Respiro fundo, passando a mão pelos meus cabelos, entrelaçando-os em meus dedos. Puxo o lençol, já deitada em minha cama.

- Uma chance? – Pergunto, já quase pegando no sono novamente.

- Só uma.

- Ok então. Amanhã podemos almoçar juntos. Me pegue na empresa por volta das treze horas.

- Pode deixar. Vou te fazer lembrar-se de quem eu sou. – Ele sorri com malícia do outro lado da linha. Acho que nenhum homem correu tanto atrás de mim como esse cara. Mas acho que só vou poder fazê-lo desistir se encontrá-lo de novo, de uma vez por todas.

Durmo pensando na última ligação, a voz do Daniel e acabo tendo um sonho esquisito, no qual Lorenzo falava como o Daniel e era com ele que eu havia ficado na Tailândia. Foi só mais um sonho com ele, para variar.

No dia seguinte, eu acordo mais descansada, e por incrível que pareça, consigo parar de pensar um pouco em Lorenzo. A manhã passou tranquila, apesar da quantidade de e-mails que eu recebi de outras empresas. Uma empresa chamada MNT Department de Chicago chamou minha atenção, querendo fazer uma parceria. Respondi todos os e-mails e começamos a manter contato. Essa pode ser a oportunidade que faltava para eu tapar o buraco que Carlos abriu nas finanças da minha empresa.

Tudo que vai, voltaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora