Para a maioria das pessoas com um bom sono regularizado e pesado, acordar durante a madrugada não é algo comum ou que, em alguns casos, sequer acontece com alguém - o que também não é totalmente normal. Para Clarke, bem, ultimamente o banheiro tem sido seu local mais frequentado na casa, principalmente nas madrugadas onde sentia-se quente e confortável em sua cama até não aguentar mais prender sua bexiga tentando voltar a dormir. Não era uma opção saudável, porém sua consciência sonolenta e preguiçosa decidia o que tinha de ser decidido, mas mudava de ideia após alguns minutos torturantes rolando de um lado para o outro na cama enorme.
Havia se tornado rotina e ela odiava sua nova forma de sono.
Mais uma vez, seus pés quentes tocaram hesitantes o tapete macio, arrastando-se logo pelo piso gelado do qual sempre arrepiava seu corpo e a sensação a despertava mais um pouco. Seus olhos procuraram o despertador no criado-mudo, marcando o horário exato de 03h35am e um suspiro saiu por seus lábios. Era sua segunda vez levantando apressadamente, caminhando contra a vontade da sua consciência e a favor da sua bexiga já cheia e sequer havia tomado tanto líquido no dia anterior ou antes de deitar-se.
Irritantemente, o gotejo sem parar da pia que fora ligada a poucas horas atrás ainda não havia cessado, o que contribuiu para aumentar seu mau humor quase matinal. Usou o banheiro de forma mais rápida possível, tendo a certeza de que agora havia fechado a pia de forma correta, desejando não escutar o barulho das gotas d'água contra o mármore.
Ao fechar a porta do banheiro no grande corredor, o clique básico e quase silencioso não fora capaz de acobertar o baque forte de algum objeto partindo-se contra algo - provavelmente a parede. A loira reagiu ao um susto com um pulinho para trás, sentindo a parede do corredor contra suas costas, seu punho fechou-se e tentou distinguir de qual direção o barulho estremecedor viera.
Poderia ter sido um ladrão.
Pode ter um ladrão na casa neste exato momento.
Seu coração rapidamente acelerou com as ideias rápidas formando-se em sua cabeça, seu corpo logo reagindo ao medo indecifrável caminhando lentamente para frente, desejando chegar no quarto de Lexa sem que algo a impeça - ou o ladrão, no caso. Arrastando-se na parede do outro lado devagar, conseguira enxergar a porta do quarto da alfa aberta e com a luz acesa, alguns barulhos remexidos não cessaram e vinham de dentro do quarto da mesma.
O coração de Clarke relaxou mais, agora eliminando a ideia de algum desconhecido estar dentro da casa e roubando os objetos, segurando uma arma pronta para disparar se caso fosse visto. Talvez essa ideia fosse uma realidade melhor do que tentar descobrir o porquê do barulho irritante e preocupante vindo do quarto da morena tão tarde da noite.
Hesitou um pouco, pensando se a alfa estaria acompanhada ou sozinha, o que a deixaria intrigada por querer saber o que a alfa estaria fazendo sozinha remexendo e quebrando as coisas. Não faria sentido, é claro, e é claro também que ela está com alguém.
Mas não custava olhar, não? Sua curiosidade lhe corroía e a loira saberia que um dia ela a levaria para seu próprio fim.
Calculou seus passos, aproximando-se cada vez mais cautelosamente da porta entreaberta, sua pele inocentemente arrepiando-se com o frio que batia em sua costa quase nua. Seu olhar não encontrara nada demais ao bisbilhotar sorrateiramente o pouco que a abertura da porta disponibilizava, apenas a cômoda grande abaixo da televisão adaptada à parede, seus objetos de decoração espalhados pela superfície plana e visivelmente limpa. A luz obviamente encontrava-se acesa, o que havia chamado a atenção da ômega.
O cheiro da alfa a atinge rapidamente, de forma avassaladora, como não havia sentido antes. Nem mesmo nas memórias que ainda a assombravam do seu cio. Sentiu seu coração acelerar a medida de que sua mente processava o perfume de Lexa, seus instintos sem pestenejo submetendo-se à alfa, relaxando seu corpo antes tenso.
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Unexpected
FanfictionClarke é expulsa de casa como consequência do que fizera na noite de evento da empresa de seus pais, sendo diretamente colocada de frente à uma realidade da qual nunca experimentou. O internato no qual seria seu novo lar, alfas caçam ômegas e ômegas...
