18 - O julgamento

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Sob flashes o Dr. Gustaf Griffiths chegou ao Tribunal da Coroa montado em Luton.

Entrou no recinto e sentou-se no seu lugar, a espera de sua cliente.

Sabia que tinha um caso difícil em mãos, ainda mais depois das últimas informações que recebera do caso através do promotor público, que solicitara uma audiência junto ao juiz escolhido para negociar um acordo, sem que eles perdessem tempo com um julgamento do qual todos já sabiam qual seria o desfecho.

A proposta do promotor era muito simples: a Srta. King se pronunciaria culpada pelo assassinato de Emilly Wilson, teria 40 anos de reclusão onde poderia solicitar uma condicional, a ser deferida por uma bancada de juízes da Coroa.

O Dr. Griffiths já havia conversado sobre esses termos com Agatha e ela fora firme em dizer que não se declararia culpada por um crime que não cometeu, preferia passar o resto da vida em uma cela escura do que fazer isso.

Portanto a resposta para o promotor foi negativa e agora ele se via sentado com um público barulhento nas costas, observando o júri que ditaria o futuro de sua cliente.

Doze pessoas, divididas de forma homogênea pela idade, crença e classe social.

É claro que eles foram instruídos a não se deixar levar pelo clamor da mídia que já pintara a Srta. King como uma assassina nas capas das mais importantes revistas, telejornais e endereços eletrônicos em geral, mas o Dr. Griffiths não era um tolo.

Ele sabia que no momento em que a sua cliente pisasse no tribunal, ela já seria considerada culpada por aquelas doze pessoas diferentes, esse era um fato que ele teria que reverter com a sua defesa, quebrar aquela imagem formada na mente de todos, para poder livrá-la da prisão.

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Agatha entrou algemada, sendo escoltada por um policial uniformizado até o seu assento.

O doutor notou que ela não parecia assustada, bem ao contrário, parecia confiante de que as coisas dariam certo e quase acenou para as câmeras com um sorriso no rosto, não fosse o aperto que levou no cotovelo do seu representante legal.

- Lembre-se do que conversamos - cochichou ele em seu ouvido - Não vamos deixar que pensem que a Srta. está se divertindo com isso tudo, afinal é o julgamento sobre a morte de uma garota que teremos que mostrar que um dia foi sua amiga...

Foi naquele momento que o Dr. Griffiths percebeu que poderia enfim perder aquele caso, e seria o primeiro em sua longa carreira, ao menos do seleto grupo de defesas importantes que realizara na vida.

- Eles já me veem como culpada, olhe para eles todos doutor, estão ansiosos para me por numa cadeira elétrica e ligar a chave sem me dar ao menos a chance de abrir a boca para me defender.

- Todos adoram isso, por mais cruel que isso soe aos seus ouvidos ao me recordar que existe um homicídio envolvido. E eles, não estão nem aí, querem alguém para pagar a conta, para ser atirado na fogueira, essa sempre foi a regra...

- Mas eu não vou deixar que eles me amedrontem, vou enfrentá-los e torcer o nariz para o que eles pensam, pois eu sou inocente, não é mesmo doutor?

Sem esperar por uma resposta a Srta. King abriu seu belo sorriso para as câmeras e o tribunal se iluminou de flashes até o teto, enquanto o doutor imaginava o quanto aquela exposição custaria para a defesa que teria que realizar.

Conversaram muito sobre isso. Ela não era culpada, mas deveria se mostrar triste, não arrependida, mas com um sentimento de pesar por Emilly.

Aquela pessoa que entrou no tribunal não era a mesma que Dr. Griffiths conhecera semanas atrás, era alguém transformada que agora acenava para todos como se fosse uma atriz de cinema famosa.

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