O Roubo de um boi

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O mês de Junho chegou, um mês não tão normal, um mês onde as coisas mais travessas aconteciam, na escola era Vicentino quem aprontava. Vicentino era um bom aluno, mas gostava de aprontar na escola, porem o mês de Junho era seu favorito, pois era nesse mês que todas as classes participavam de gincanas, uma sala contra a outra em atividades esportivas; jogos de vôlei, futsal e basquete, corrida e raramente ping pong. Também haviam desafios, ou apenas disputas de perguntas e respostas entre outras coisas, até professores participavam, mas tudo isso duravam apenas dois dias, os dois dias em que Vicentino com sua turma faziam o inferno.

Junho também era um mês de festas. A festa junina era a mais esperada do ano. Vicentino esperava dês do primeiro dia de aula em fevereiro poder finalmente saborear os bolinhos
caipiras que eram vendidos na festa da escola, os seus preferidos.

O mês de Junho entrou com o feriado de corpus Christi. Foi no dia após o feriado que Vicentino chegou da escola e viu um boi em seu quintal, foi correndo até a mãe perguntar do animal, ela dissera que foi presente de seu Manoel a seu pai por um favor prestado que ela não havia compreendido muito bem.
Seu pai, Francisco, tinha uma amizade de anos com seu Manoel. Seu Manoel era um velho misterioso muito mal falado pela vizinhança. Dizem que ele era solitário, de poucos amigos e poucas palavras, que enterrou a família no próprio quintal, sabedor de muita feitiçaria, dizem até que conhecia a mulher do padre. Havia vindo de muito longe, percorrerá por todo o Brasil até que se chegasse em Pará décadas atrás. Vicentino, moleque travesso sempre roubava frutas e verduras do velho, fazia de tudo para irrita-lo, mas ele nunca dera as caras, nem mesmo quando o peste incendiou suas plantações. Vicentino só o viu uma vez de longe enquanto esperava na carroça quando seu pai lhe foi entregar algo.

Na quermesse, após a missa no final daquela semana, Vicentino comerá muito doce, voltará pra casa cambaleando e foi dormir antes que seus pais o vissem, tudo porquê alguns de seus colegas haviam levado escondido várias misturas de bebida alcoólica na festa da igreja desafiando os amigos a tomarem. Vincentino não ficará por baixo, tomara toda a garrafa vencendo o desafio, mas como nunca havia tomado algo assim apenas por ainda ter doze anos voltará de porre para casa, na verdade no dia seguinte nem soube como chegará em casa, na verdade não se lembrará de nada da noite passada. Tivera uma enxaqueca horrível na manhã seguinte. Não foi a escola.

Na terça feira, Argemiro não foi na escola, Vicentino acompanhou Nanci na ida e na volta, a menina havia passado a noite na casa de seu colega quando disse aos pais que iria pra casa de uma amiga, era a sua "admiradora secreta" . Vincentino ainda não notará o interesse dela por ele mas se tornaram grandes amigos.

Na escola Vicentino era um bom aluno e tirava sempre notas autas, e ao contrário de Argemiro ele gostava de se enturmar, mas era um moleque terrível, infernizava os colegas, professores e até mesmo a diretora, sendo várias vezes ameaçado de expulsão e uma vez de morte por outro aluno que acabará sendo expulso por manter posse de arma. Vicentino ficava ainda mais pior junto com os amigos arruaceiros, mas era gente boa também, sempre era o primeiro a ajudar quando alguém precisava, e era aquele amigo que se podia contar para todas as horas.

Vincentino também era namorador, já ficou com a maioria das meninas da escola, um dia chegou a ficar com a vizinha, amiga de sua mãe de quarenta e cinco anos, que um dia o levou da escola direto para sua casa, o adultério foi inevitável, aos doze anos Vicentino já não era mais virgem, e deixou isso muito claro quando no segundo dia de gincana da escola foi flagrado por um colega no banheiro masculino namorando escondido a filha da diretora que tinha quatorze anos.

Nesses dois dias de gincana, Vicentino aprendera com um amigo a ser batedor de carteira, um mão leve de primeira, passando a praticar o ato todos os dias, principalmente em festas, onde mais conseguia passar por despercebido. Aquele ano estava sendo um dos mais agitados de toda a vida do menino.

Foi no dia 24, dia de festa junina, as duas horas da manhã, que Vicentino acordara com um barulho estranho lá fora, desceu de sua cama e foi direto para a janela da sala onde viu um vulto passando as pressas lá fora. Decidiu sair silenciosamente, abrindo a porta com todo cuidado pra não fazer um mínimo barulho, andará descalço pelo gramado indo parar atrás da carroça de seu pai, de onde viu, a vinte metros de distância, dois homens armados levando embora o boi que seu paí havia ganho de presente.

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