Capítulo XVII

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Olá, olá!

Quem me deixar comentários, terá o próximo capítulo dedicado a si! Boa leitura!

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Pela madrugada, já havia vida no castelo. Os criados andavam atarefados de um lado para o outro para fazer as tarefas matinais como acender as lareiras, servir os pequenos almoços, preparar a nossa roupa; lá fora soava o matraquear das rodas das carroças que iam entrando no pátio para abastecer a cozinha e soavam vozes agitadas e apressadas. "O cavalo do rei?!" gritou alguém e por curiosidade corri para a janela. No pátio, encontrava-se uma guarda impecavelmente fardada e montada em bons cavalos preparados para escoltar o rei. O meu pai e os seus nobres de confiança conversavam alegremente, enquanto aguardavam pelos seus cavalos. Nesta altura do ano, o meu pai costumava ir visitar pessoalmente algumas terras para ouvir o seu povo, para saber como correu as colheitas e para receber os seus impostos. O seu possante cavalo castanho, o seu favorito, o Artur, surge pela mão de um cavalariço. O meu pai sentou-se na sela e ergueu uma mão para lhes dar ordem para marchar. Hoje, o rei, o meu pai, estará ausente, pois só regressará ao fim dia.

Depois de tomar o pequeno-almoço fui aos aposentos da minha mãe que já se encontrava com o ourives a ver algumas jóias. Dei-lhe os bons dias acompanhados por um beijo saudoso, enquanto o ourives, um senhor de meia idade, se levantou para me fazer uma profunda vénia.

- Tens alguma ideia do que queres oferecer à tua noiva, Filipe? – perguntou a minha mãe, directamente.

- Sim. Quero um colar que seja simples, mas valioso.

O ourives arregalou os olhos de espanto, porque esperava ouvir algo diferente. Reis e príncipes pediriam tudo menos simplicidade. Mas a minha noiva era um princesa diferente, porque não fora criada num castelo cheio de luxo e criados para a servir. Ele ficou um pouco indeciso nas jóias que me devia apresentar, mas lá foi me mostrando imensos colares que eu rejeitei.

- Filipe, espero que não estejas a fazer de propósito para chateares o teu pai – disse a minha mãe num tom baixo para que só eu pudesse ouvir.

Não pude evitar um sorriso. Sim, se fosse num outro passado em que desconhecia a verdadeira identidade da Rosa o mais provável era escolher o primeiro colar que a minha mãe aprovasse, se me visse obrigado a casar.

- Claro que não, mãe. Eu acho estas jóias muito... pesadas para uma jovem.

- São jóias indicadas para a realeza – contrapôs ela.

Nunca me iria compreender, porque não conhecia a minha noiva de verdade. Desviei o olhar para uma outra caixa com vários colares e, por um acaso, o meu olhar recaiu num colar ofuscado e meio escondido pela grandeza dos outros. O seu pendente era uma rosa. Sorri de orelha a orelha. Haveria algo mais apropriado para lhe oferecer do que a flor que condiz com o nome que usou durante dezasseis anos? Era perfeito! Peguei nele e admirei-o, por uns instantes. O colar era de ouro branco e demasiado fino, logo era frágil.

- Já encontrei o que procurava, mas precisa de umas modificações – declarei eu.

A minha mãe inclinou-se para mim para me ver o colar e disse:

- A rosa é muito bonita, um belo trabalho de ourivesaria, mas o fio é muito pobre.

- Podemos substitui-lo – solucionei eu.

- Devemos substitui-lo – corrigiu ela, carinhosamente. – Senhor Alves, pretendemos que substituía este colar por um de ouro branco de boa qualidade incrustado com pedras preciosas.

- Mãe, eu quero um colar simples.

- Filipe, não queres oferecer um simples colar de ouro branco? A Princesa Aurora não é uma rapariga qualquer! Ela é uma das princesas mais ricas, a herdeira do trono de Olisipo e será rainha, um dia. Com certeza que não queres que o teu colar seja o mais pobre do seu guarda jóias?

- Quero que seja o colar que ela mais adore do seu guarda jóias – contraponho eu, rindo.

- Qual é a tua sugestão, então?

- O colar deve ser apenas de ouro branco para combinar com a rosa, mas deve ser um fio requintado e digno de uma princesa. No interior da rosa deverá levar um diamante. A flor deverá ser o centro das atenções e brilhar. O que acha, Senhor Alves?

- Meu Príncipe, irei dar o meu melhor! Eu faço sempre colares de grande qualidade!

- Mãe?

- Realmente será um colar simples como tu queres, mas o diamante torná-lo-á valioso. Se o colar ficar tão bonito como a rosa... Espero que o teu pai esteja de acordo.

- Ele irá concordar – garanti-lhe eu, com contentamento.

O que o meu pai mais desejava era que eu esquecesse a rapariga da floresta e me dedicasse ao meu noivado e à Princesa Aurora. Hoje, quando a minha mãe lhe contasse que eu escolhi um bonito colar, apesar da simplicidade, iria dar graças a Deus. E se Deus o permitisse iria ser o primeiro príncipe a entregar à Aurora um colar por amor, pensado e feito exclusivamente para ela e o colar que o Príncipe Ricardo lhe oferecera outrora seria apenas um borrão da história e nos meus pensamentos.


Continua já a seguir!

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Estão de acordo com um colar simples, ou deveria ser algo mais elaborado?

Será que ela irá gostar?

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora