Tenho a sensação de que o impacto moera os ossos de meus joelhos. Minhas pernas tremem, bambas. Fora isso, mesmo a adrenalina ainda estando a retardar minhas dores, a mordida em meu braço lateja, o ferimento na parte de trás de minha cabeça formiga e minha garganta continua queimando como se ácido tivesse sido respingado nela. Mas ainda estou de pé.
Assim que considero ser possível, cambaleio para trás, levando meus olhos até a janela, nervosa. Não vejo ninguém.
Espero mais um pouco.
— Ryne? — tenho a impressão de sentir minhas cordas vocais rasgando.
Os batimentos de meu coração cavalgam tão rápido quanto um cavalo de corrida em meu peito.
Nada.
— Ryne? — repito mais alto.
A resposta é a mesma.
Chega um ponto em que imaginar o pior é inevitável. Os mais apavorantes pensamentos ameaçam apossar-se de mim; pensamentos que arranham os cantos de minha mente como um gato trancafiado, que torturam e ferem demasiadamente meu psicológico. As piores teorias, os piores e se?, todos rodopiando dentro de mim até que eu me sinta tonta.
Estou confusa, estou ferida. Não quero também estar sozinha.
Quando me dou conta de que me encontro prestes a começar a chorar, Ryne aterrissa. Solto um gritinho abafado de surpresa, correndo desajeitadamente para abraçá-lo. Meu corpo choraminga com o contato.
— Silêncio — reclama, desfazendo-se de meu abraço, provavelmente incerto sobre nossa segurança.
Olho-o torto, minha breve dose de felicidade esvaindo-se por completo.
— O que aconteceu lá dentro antes de você ter chego para me ajudar? — indago.
— Aquela mulher me atacou — diz ele, descrente de sua própria declaração.
— Qual mulher? — digo, forçando as palavras para fora.
— A que achamos estar morta.
Pisco em confusão. Talvez eu não tenha sido a única a bater a cabeça.
— Ryne, ela definitivamente está morta.
— Sim, foi o que também pensei, mas... — começa ele, e então bufa, balançando os braços como se para dissipar qualquer memória que ele ache ter quanto a isso. — Não vi mais ninguém fora ela e o homem que te atacou hoje. Você viu?
Percebo que ele tenta desviar do assunto. Provável que esteja se achando louco, porém não o culpo. O que acabamos de enfrentar realmente foi uma loucura.
Nego com a cabeça.
— Eu consegui prender ele em um dos quartos. Não acho que tenhamos que nos preocupar com um novo ataque muito cedo — comenta.
— Que bom.
Ignorando seus protestos anteriores, enrosco meus braços ao redor de sua cintura. Ryne retribui o gesto, relaxando aos poucos. Ele me aperta delicadamente contra seu peito, cuidadoso com meus machucados. Sua cabeça se inclina para baixo a fim de depositar um beijo em minha testa, mas então ele congela. Sinto-o tencionar.
Esquivando-me de meu irmão, olho em seus olhos. Sua expressão é séria.
— Sua cabeça — diz simplesmente.
— O que tem ela?
— Está sangrando.
— É, eu já havia percebido — confirmo baixinho. Eu realmente sentira o líquido quente escorrer entre meus cabelos.
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Nevoada
FantasyVocê conseguiria não se perder quando tudo que resta é a perdição? Agora uma sem-teto, Emery Harvord terá que sobreviver a muito mais do que apenas as ruas quando um estranho genocídio arrasa o pequeno vilarejo onde vive. Isolada com suas dúvidas, a...