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- você é minha, sempre foi! - ele tenta tocar meus braços de novo.

- não... por favor - digo com aflição, o afastando.

- o que houve? - pergunta ao notar o meu medo de sua aproximação - eu não vou te machucar...

- preciso saber mais - explico quase implorando - o que a minha mãe quis dizer com "o medalhão vai te proteger dos nossos verdadeiros inimigos"? - pergunto como se pudesse escutar as vozes da minha mãe ecoando nas profundezas da minha mente.

- como você perdeu a memória do nosso mundo, você foi morar com a sua tia, teve uma vida humana, e embora não saiba, encenou muito bem - ele sorri - sua mãe quis te proteger do risco dos mesmos homens que a mataram, virem atrás de você.

- eles ainda estão vivos?.

- é claro que não. Foram mortos no mesmo dia em que tudo aconteceu... - ele suspira fundo - aquilo foi uma tragédia.

- por que não impediram minha tia dos maus tratos? - pergunto com lágrimas nos olhos - tem noção do que foi crescer com uma pessoa que nem se importava em sequer fingir que me odiava? n

- não sabíamos, te procuramos por todo lugar... o medalhão cortou todo tipo de ligação...- ele explica se levantando - uma magia muito poderosa o envolveu por todos esses anos. Sua mãe te protegeu de todo o mundo lobisomem, Katherine.

- como me achou? - pergunto.

- no dia do bar, eu estava sentado na mesa do fundo. Eu reconheceria aquele sorriso em qualquer lugar, e depois, minhas expectativas foram confirmadas quando eu estava caçando e nos encontramos... te segui até a sua casa, e tenho te observado desde então - ele explica calmamente - ...uma parte de mim sabia que era você...

- e agora? - pergunto.

- você é minha companheira, virá morar comigo como manda a tradição de nossos pais - ele se vira para mim e me olha de forma doce.

Nossa, que rápido!.

- não... - digo dando de ombros e indo até a janela - me desculpe Felipe, mas isso está acontecendo rápido demais! Não posso fazer isso... Não há sentimentos entre nós! - argumento - quer dizer... você nem me conhece!

- há sim... está por trás de todo esse medo, e mágoa no seu coração - ele diz me abraçando por trás.

- preciso de tempo...- tiro suas mãos de mim.

- quanto tempo? - ele me vira para ele.

- eu não sei, o suficiente para eu digerir  e assimilar tudo que está acontecendo há minha volta - digo deixando uma lágrima escapar. Eu estava com medo.

- ei... vai ficar tudo bem! - ele me envolve com um abraço - não quero que vá contra sua vontade. Eu jamais faria isso, não sou um monstro.

- por que você é desse jeito comigo? - o olho - você nem me conhece...

- seria mais fácil se você se lembrasse de nós na infância - ele sorri - éramos inseparáveis. Mesmo para uma criança, eu lembro de tudo.

Confesso que com ele, não sinto medo, sinto a famosa "paz interior". Mas talvez fosse apenas um momento de fraqueza, eu não o conhecia!.

- desculpe...- o olho aflita - pode me levar para a minha casa? - pergunto e o mesmo assente.

Ele me pega no colo, e me leva até a sua picape, eu ainda estava grogue com o sonífero que ele havia me dado. Fomos o caminho todo em silêncio.

- obrigada - digo saindo do carro envergonhada.

Quando percebo, ele já está ao meu lado, me ajudando a andar até em casa.

- se precisar, este é o meu número - ele diz me entregando um papelzinho.

- ...certo... - suspiro.

- fique calma, Kat - ele me da um sorriso calmante - foi muita coisa para um dia só. Descanse essa noite, e pense amanhã. Tudo bem?.

- você tem razão.

Quando ele se vira para ir embora, o chamo.

- Felipe! - o mesmo me olha - obrigada... por não ser um idiota - completo descontraindo na última parte. Confesso que falei sem pensar, mas não menti, ele foi muito sensível comigo desde o início.

- obrigada por ser apenas você, Kat - ele sorri e se vira para entrar em seu carro.

O sorriso dele é tão sincero... tão... calmo.

O vejo partir, e então entro em casa. Tomo banho, e faço minha rotina para dormir, com muita dificuldade por causa desse maldito pé.
Deito-me, e fico fitando o teto, até finalmente pegar no sono.


____________ Felipe narrando ____________

Estava muito feliz por finalmente achar minha Kat. Entro na alcatéia, e vejo Tânia, uma das amiguinhas do meu irmão.

- quer companhia essa noite, alfa? - ela pergunta maliciosa ao me ver passar.

- jamais a sua...- passo por ela sem ao menos a olhar,e vou ao encontro do meu irmão.

(...)

- quando vai se comportar como um verdadeiro beta, Max?! Não somos mais adolescentes! - grito enfurecido.

- eu cumpro com os meus deveres! E curto a minha vida! Deixa de ser um velho Felipe! Quer ficar com cabelos brancos antes do tempo?! - ele pergunta irônico.

- vai se foder! - grito.

- olha a boca suja, irmãozinho - ele diz com desdém.

- enfim, eu finalmente encontrei a minha companheira, quero que prepare tudo para a cerimônia se apresentação! - digo pegando servindo whisky para nós dois - creio que não se lembra dela, éramos amigos na infância.

- finalmente! Achei que nunca fosse desencalhar! - ele diz bebendo - e de fato, duvido muito que eu lembre.. então poupe minha pobre mente de tentar lembrar.

- babaca, eu não fico pegando todas que nem você! Me admira que você nunca tenha pegado Aids- digo rindo e o mesmo fecha a cara.

- vai cagar no mato vai! - ele diz voltando a trabalhar.

(...)

Chego em casa, e me preparo para dormir. Fico pensando na Kat, até finalmente conseguir pegar no sono.
De fato, algo intenso estava por vir.

Num dia chuvosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora