— É diferente, Majestade.

          — Dá pra parar? — Com um rápido tapa na cabeça da general, Belron bufou e continuou: — se não me chamar pelo meu nome, não te chamarei pelo seu!

          Ele ficou feliz ao ver a careta da parceira. Ela gostava de ser conhecida pelo seu nome, pois pensava que assim seria mais relacionada aos seus próprios feitos... e, claro, ela odiava tomar um tapa na cabeça.

          — Tudo bem, a questão é que eles são perigosos Magos... Belron — Revirou os olhos e continuou:

          — Eles podem destruir o planeta em questão de.... Sei lá, caramba...minutos? Segundos? ... e correm risco de fazer isso, já que não conseguem se entender.

          Ela foi um metro a mais para frente do que o rei esperava, e para não perder, ele segurou seu braço e a fez girar uma vez antes de trazê-la para perto.

          Sorya sorriu, seu adversário era muito bom.

          — Meus soldados dizem que os humanos são cheios de teorias sobre o nosso universo e que essas teorias estão sempre em conflitos. — Ela tentava manter o tom sério, mas pequenos sorrisos surgiam em seu rosto a cada disputa de movimento que faziam. — Alguns deles pensam que suas vidas são comandadas por um ser superior, e que só pode existir um, que, por algum acaso, teria feito deles sua melhor criação.

          O rei fez uma finta e foi se postar atrás dela, um movimento rápido, mas que ela conseguiu acompanhar com certo esforço, deslocando-se para a direita um passo depois dele. A música dos dois ficou mais acelerada, com pulsações mais alegres e agudas.

          — Um tanto egocêntricos eles, não? — Ele não conseguia assimilar direito essa ideia, parecia muito ingênua.

          — Não só isso, eles têm uma mania de passar por cima dos outros sem se importar com quem prejudicam. Se matam por motivos supérfluos como... como por pedaços de papel que valem muito. — Ela franziu o cenho, confusa. — O que não faz sentido... levando em conta a quantidade em que é produzido.

          A estelar se deixou descer e começou a girar, seus cabelos esvoaçavam, criando uma espécie de circunferência branca e brilhante.

          O rei sorriu e se deixou cair para trás, à medida que ela foi diminuindo a velocidade, ele foi virando até se ver de cabeça para baixo, com o rosto na altura do dela, para então dizer com compaixão:

          — Sorya, sei como você ama esse planeta, mas não podemos simplesmente interferir em qualquer coisa que quisermos. É um poder que não deve ser utilizado.

          Seus narizes se tocavam ligeiramente.

          — Eu sei, mas esse caso é extremo. — Ela mirava nos olhos dele como se implorasse. — Confie em mim... Belron, por favor.... Só quero que me ajude a pensar em algo, pois eu te dou essa certeza: se não interferirmos, esse planeta não durará mais que alguns anos ou séculos terráqueos.

          Ele fitou os olhos dela e viu a certeza neles. Suspirou e parou com a música. Ela também finalizou suas pulsações de energia, e ele girou para que ficasse de frente e no mesmo nível que ela. Após um segundo de silêncio, o rei cedeu.

          — Tudo bem, tudo bem, humf... se você pensa assim... — Ele ficou pensativo por um momento e se pôs em posição de governante, fazendo sua voz soar alta e clara. — Declaro que, a partir desse momento, qualquer soldado da Legião Térrea terá a permissão de descer à biosfera e servir de exemplo a ser seguido pelos humanos. — Ele voltou a relaxar os ombros e disse com um sorriso carinhoso: — e etecetera, etecetera... Creio que isso é o melhor que posso fazer.

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora