Unexpected

Chapter XI

Clarke acordou inspirada, bafejada de ideias e pensamentos do qual gostaria muito de partilhar com alguém - embora essa realidade estivesse demasiadamente incondizente com a qual ela vivia agora. Era uma mesclagem complexa dos seus sentimentos, daqueles mais promíscuos aos mais decididos, ela não sabia dizer ao certo qual permanecia no comando quando tentava lidar com seus problemas. Suas emoções eram um grande problema, condescender à ideia de que nunca haveria um modo do qual ela iria conseguir defrontar seus demônios lhe parecia mais reconfortante.

As paredes aformoseadas por belas e interessantes pinturas foi um alto ponto para sua inspiração continuar. O quarto onde passara a noite era revestido pelas piores peças caras que ela podia imaginar, mas não se via em direito de reclamar da cama que proporcionara uma noite de sono inigualável com as quais ela passara no Internato, fora execepcionalmente única e gratificante demais para achar palavras para descrever. Suas costas gemiam em satisfação ao levantar-se, seu corpo parecia em um estado qual ela não lembrava a última vez que descansou tão bem.

Ela levou seus passos rapidamente ao banheiro, eliminando todo conteúdo de sua bexiga que não tinha outra forma além de sempre cheia, seu estado piorou ultimamente quando entrara na 12° semana de gestação. Suas costas doíam absurdamente, assim como o cansaço exorbitante tomava conta de toda a extensão do seu corpo, deixando-a às vezes completamente impossibilitada de sequer levantar da cama - somente nas horas onde colocava todo seu estômago vazio para fora.

Estava frio, o gelado sob seus pés desnudos causara um certo arrepio por seu corpo, só então notara a chuva caindo fortemente lá fora. O céu nebulento não cessava a chuva, um lúgubre aneivoado que parecia não ter começado agora e não havia hora exata para parar. Um breve choramingo saiu de seus lábios, ela odiava tempos chuvosos.

- Por favor, temos que colaborar bastante agora. - sussurrou, sua mão instantaneamente indo acariciar levemente seu ventre. - Eu odeio trovões, mas não me faça parecer uma boba chorona, é tudo o que você está me proporcionando ultimamente.

Clarke prende seus lábios entre os dentes, sentindo-se estúpida por estar acostumando-se à ideia de carregar um filhote. Seu filhote. Era surreal, ela não imaginava que aquilo sairia um dia dela, que ela teria de assumir todas as responsabilidades de mãe.

Ele lhe dá uma resposta para seus pensamentos desnorteados, um grande e desconfortável ronco em sua barriga, denunciando que o sanduíche da noite passada - do qual tinha ido para a descarga na madrugada - não fora consideravelmente satisfatório. Com um riso baixo, ela segue para porta afora, abraçando seu corpo revestido por um pijama de moletom.

As luzes estão acesas, ainda que estivesse dia, as nuvens enegrecidas presumivelmente não iluminariam o apartamento da melhor forma. Seus passos desvelados e minuciosos com uma grande hesitação para onde deveria ir ou o que era suposto de fazer. Ela sentia-se esfomeada, não comera bem na noite anterior e agora não hesitaria em atacar a geladeira da sua anfitriã.

Lexa.

A loira não sabia se a alfa estaria no apartamento, se havia ido para a faculdade como mencionou amigavelmente na noite passada, ou se a chuva a impedira de completar seus planos. Ela esperava que não. Não conseguia adquirir uma mínima parcela de vontade de ter outro diálogo palratório com a morena, o anterior fora constrangedor o suficiente para que Clarke culpasse seus instintos por agir tão rude com alguém que aparentava querer acolitar.

A olência agradável que espalhava-se pelo corredor ocasionou mais um ronco doloroso em seu estômago. Ela sequer deixou sua mente entrar em estado de alerta quando seguira rapidamente em direção à cozinha, tentando identificar o que o aroma poderia ser com a mistura de ingredientes que seu olfato não pôde distinguir, mas não pareceu reclamar.