Prólogo

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Enquanto o elevador subia os andares, o coração de Erica acelerava gradativamente. Ela estava parcialmente decidida a pôr um ponto final naquele impasse com Brian, mas não estava convencida de que era a decisão certa.

Brian era um homem de inteligência excepcional e dono de uma beleza estonteante, mas em seu modo predador não havia o botão "desliga". Ele o usava para todas que tivessem uma boceta disponível e Erica sabia disso.

O elevador chegou no andar dele e ela respirou profundamente assim que desceu e parou no corredor. Fazia algumas horas desde a última vez que tinham se visto no apartamento dela e a vulnerabilidade que Brian demonstrou, ainda estava marcada em sua memória. A maneira única como pareciam ter se conectado na noite anterior mexeu com suas emoções de modo intenso. Não houve malicias e nem discussões, houve apenas uma entrega de ambas as partes. Em todo o tempo em que se conheciam, nunca o havia visto daquela maneira tão... destruída. Infelizmente não conseguiu saber o verdadeiro motivo, pois quando acordou não o encontrou mais.

Sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos dispersos e em fim criou coragem para apertar a campainha.

A porta foi aberta e a expressão de surpresa no rosto de Brian, só não foi maior do que a de Erica. Ele parecia bem descansado e usava apenas uma boxer. Uma injustiça, pensou ela, já que quase criou rugas de preocupação.

- Erica? Você aqui? – os lábios dele formaram um bico completamente hipnotizador aos olhos dela.

- Eu... – coçou a garganta constrangida. Aprumou o corpo e cruzou os braços. – Fiquei preocupada... é isso. Quando acordei, você não estava mais, então pensei que...

- Ah você está aqui! – calou-se na mesma hora quando uma loira quase nua se pendurou no pescoço dele. – Você não estava na cama docinho, fiquei com saudades. – sussurrou no ouvido dele com voz melosa.

O rosto de Erica queimou de constrangimento e raiva. Não teve condições de falar mais nada diante da decepção de ver que Brian, continuava sendo o mesmo babaca e que provavelmente não mudaria. Aquele Brian doce e sensível da noite anterior existia apenas na imaginação dela.

Deixou-os e seguiu direto para o elevador, mas a vontade de se afastar deles era tanta que não conseguiu esperar e optou pela escada.

- Mas que porra, Erica! Não ouviu eu te chamar? – assustou-se ela, no momento em que Brian segurou seu braço e quase tropeçou quando pisou em falso num degrau.

- Me solta! – rosnou agitada demais com a aproximação dele.

- O que veio fazer aqui? – ele quis saber enrolando o braço em sua cintura. Os olhos mirando os lábios dela.

O coração de Erica parecia querer saltar para fora do corpo e sua respiração falhava miseravelmente.

- Eu já disse. – ela murmurou, lutando contra a onda de excitação ao ter as mãos dele em seu corpo. – Apenas fiquei preocupada com você e queria ter certeza de que estava bem. Não vi o horário em que foi embora do meu apartamento, na verdade você me pareceu desestabilizado.

Uma nuvem negra atravessou o semblante dele e por um breve momento Erica enxergou uma tristeza profunda, mas logo a mesma foi escondida pela máscara dissimulada habitual.

- Estou bem, gatinha arisca. O que aconteceu ontem, não se repetirá. – sussurrou ele, inclinando-se para beija-la, porém Erica afastou-se e o empurrou.

Impotência angustiante combinada com a inabilidade de evitar a dor fizeram-na suar frio. As mãos ficaram úmidas contra o vestido preto, mas esforçou-se para manter o contato visual. O mínimo que podia fazer era agarrar-se ao último fiapo de dignidade.

Um Cafajeste no meu pé (Livro 2 da série Cafajestes_ APENAS DEGUSTAÇÃO )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora