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Felipe acordou tarde naquele dia. Tinha passado a madrugada inteira conversando com Marcos, pela internet. Era quinta-feira. Aquelas férias estavam sendo muito chatas, e ele não via a hora delas acabarem. Não que ir para a escola fosse a melhor coisa do mundo, assim como conviver com a maioria das pessoas de lá, mas estava ansioso pelo segundo ano do ensino médio. Além do mais, pelo menos na escola, teria a companhia de Marcos.

Marcos se mostrou uma das melhores coisas que aconteceram a Felipe, no ensino médio. Se conheceram ainda no primeiro ano, quando se tornaram colegas de classe. Por mais que Felipe soubesse que era feio, desengonçado e desajeitado, era como se isso não ligasse para o amigo, que nunca fez questão de o julgar, embora alguns colegas sempre o fizessem lembrar dessas suas características nada legais.

Marcos não era feio como Felipe. Não era nenhum Brad Pitt de 16 anos, mas não era tão ruim. Sua pele, bonita e macia, olhos castanho-mel, corpo meio musculoso e simpatia o tornava um garoto querido por todos. Por isso ele fazia sucesso com o pessoal, principalmente com as meninas. Felipe não poderia nem pensar naquilo, uma vez que tinha o mesmo poder atrativo que uma porta. Nunca tinha namorado alguém, nem mesmo beijado. Não levava jeito para aquilo, além da vida também não ter colaborado e ter passado da conta com seu nível de "feiúra".

"Já me conformei", pensava o garoto. "Não nasci pra flertar ou namorar alguém. A vida já está sendo bem clara quanto a esta questão. Beijar as meninas é coisa pra gente normal, como o Marcos".

E como era. Felipe perdera a conta de quantas meninas já tinham ficado de rolo com o amigo. E todas diferentes umas das outras. Marcos parecia não ter um tipo definido de garota. Ficava com loiras, morenas, ruivas, altas, baixas, gordas, magras, mais novas, mais velhas. Ele sim era bem sucedido na parte amorosa da vida. Felipe estava perdido em seus pensamentos quando alguém bateu na porta de seu quarto. Ele ainda estava deitado, da forma que acordou.

– Filho, acorda! Vem almoçar.

– Acabei de acordar, mãe. Tô sem fome.

Algum tempo depois, a mãe voltou a bater na porta.

– Mãe, já disse que não tô com fome!

– Calma aí, mal humorado. Achei que gostaria de saber que tem visita pra você.

– Visita? Pra mim? Quem é?

– Sua amiga da escola, Amanda.

Depois de tomar um banho e trocar de roupa, Felipe foi ver Amanda.

–E aí, garota. Como vão essas férias? Perguntou o rapaz.

A amiga sorriu.

– Mais ou menos. Sempre fico entediada nas férias. Mas vejo que você tá tendo muita coisa pra fazer, como, por exemplo, dormir o dia todo. – Disse a amiga num tom irônico

Felipe revirou os olhos.

– Ridícula. Também estou no maior tédio, por isso durmo tanto. Também passei a noite conversando com o Marcos. Ele sim deve estar aproveitando, afinal, tá viajando com a família.

– Humm. Verdade. Quem tem dinheiro é outro nível, né? Não é como nós, meros bolsistas que ficam confinados em suas casas as férias inteiras.

– Com certeza. Deve estar pegando geral nessa viagem, é a cara dele.

– Talvez. Isso te incomoda? Perguntou Amanda, sarcástica.

Felipe ficou sem jeito.

– Como assim? – Perguntou, franzindo a sobrancelha – Por que me incomodaria?

Romeu e RomeuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora