Epílogo

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Um ano depois...

Há coisas na vida que nunca esquecemos; a primeira paixão, o primeiro beijo, quando perdemos a virgindade, e o momento em que você olha seu filho pela primeira vez.

Chega a ser engraçado o poder que uma criança tem sobre sua vida. Elas são apenas um bolinho de carne que chora e te deixa noites sem dormir, mas que sem dúvidas devem ter algum poder divino que nenhum adulto tem: o poder de mudar sua vida para melhor em questão de segundos, com apenas um sorriso.

Lembro-me que antes de eu encontrar Dasha naquela caixa, minha vida não tinha sentido algum; costumo pensar que eu não a salvei, pelo contrário, ela que me salvou de mim mesma.

E eu me encontrei na mesma situação após perder minha perna em um acidente. Sentia-me inútil, incapaz. Foi apenas quando peguei minha filha pela primeira vez em meus braços e a amamentei, vendo-a sugar meu seio faminta, que percebi que eu estava errada; alguém precisava de mim. Não só a Brooke; mas também a Dasha, Zack, e o resto da minha família.

Fechar-me para o mundo, era ser egoísta; era dar a vitória para o Linc.

Como um animal ferido, fui me curando lentamente. Aceitei tratamentos psiquiátricos, o maldito grupo de apoio, e até mesmo a prótese. Zack não saiu do meu lado em momento algum, e no íntimo fiquei imensamente grata; mesmo incentivando-o a desistir de tudo.

Agora, um ano depois disso tudo, estou realizando o sonho que sempre almejei, mas que desde o colegial eu achava ser impossível: casar-me com o amor da minha vida.

—Prima, você tem certeza de que o Zack está livre? Não quero ver ninguém preso por praticar poligamia. —Kiki diz enquanto contempla meu vestido ainda pendurado.

—Sim, eu tenho certeza. Na verdade, ele está viúvo. A ex-esposa dele se suicidou. —Caminho até a cadeira onde uma maquiadora me espera, e sento-me encarando o teto.

—Como? —Escuto o cabelereiro praticamente implorar para Kiki sentar em uma cadeira, e deixa-lo arrumar seu cabelo.

—Ham... Acho que foi com remédios. —Peço licença para a maquiadora, e tiro minha prótese; apoiando-a na parede, massageando o local soltando um suspirando de satisfação.

—Entendi. Você está ansiosa para a noite de núpcias? —Sinto meu rosto ruborizar. —Ah Lana, qual é? Vocês têm duas filhas juntos!

Ela diz em tom de repreensão, mas foco no rosto da maquiadora que tenta disfarçar miseravelmente sua curiosidade sobre o assunto.

—Eu sei, é que faz um ano que... Bom, você sabe. —Meu rosto esquenta ainda mais.

—Sinto pena das mãos dele. —Todos na sala gargalham até mesmo eu. —Mas você sabe que ele te amaria mesmo sem um olho ou um nariz.

—Sim, eu sei. Depois que eu me mudei para a casa dele, ele me ajudou com as bebês, conversou comigo animadamente em todas as noites, mas sempre respeitou meu espaço. Ele sabia que eu ainda não estava preparada. —Sorrio timidamente.

—Você é quase virgem novamente. —Ela debocha.

—Não por muito tempo. —Sorrimos juntas.

A porta da sala se abre, e vejo minha mãe com uma legião de mini pessoinhas. Vejo Dasha caminhar em minha direção; aquela criança redondinha e com dobrinhas em todos os lugares deu lugar á uma garotinha de dois anos, com braços e pernas cumpridas.

—Mamãe! —Ela abre os braços, e olho para a maquiadora que sorri e larga os pincéis.

Abaixo-me, e pego-a no colo, beijando cada centímetro do seu rostinho.

Apesar de VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora