Capítulo 39 - 1 de agosto (Pedro)

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1 de agosto de 2016

DIÁRIO!!!!

Consegui encontrá-la! Meu Deus!

Confesso-te que estava a perder a esperança. Também não corri muito. Não dei propriamente três voltas à cidade, mas olha que quase...

O sol ia já alto e, com ele, trazia um calor abrasador tão característico do verão.

Eram nove menos vinte e o telemóvel já indicava uma temperatura de vinte e cinco graus.

Já completamente suado e exausto, apressei-me a uma nova volta. Não me podia dar ao luxo de perder minutos. Podiam ser minutos que me impedissem de cruzar com ela numa esquina, ou de a ver passar no jardim.

Bebi um trago de água e, sem mais demoras, incentivei os meus músculos e voltei a correr.

Claramente que, quando tive esta ideia, não pensei no tempo. Estava mesmo abrasador. Mas olha, assim até me bronzeio.

Estava eu perdido em pensamentos quando a vi.

Por uns longos minutos ainda pensei que fosse uma miragem do calor. A mostrar o que desejava. Mas não era!

Era mesmo ela! A atravessar a ponte nova. A que passava por cima do rio Lis.

Tinha de ser ela.

Era impossível eu esquecer-me daquele rabo de cavalo. IMPOSSÍVEL!

Inspirado pela sua graciosidade, encarnei o Flash e corri como nunca, tentando intercetá-la o mais rapidamente possível. Não a queria perder mais de vista.

Contornando os diversos corredores que Leiria ganhava nesta época, encaminhei-me para a ponte.

Subi apressadamente a rampa de acesso e, sem dar por isso, já lá estava.

E ela também.

Apoiada sobre o vidro, a contemplar a escassa água do rio e o castelo.

Ainda parei por um momento, recuperando o fôlego e olhando para ela. Observando cada pormenor seu. Como tinha o cabelo preso num rabo de cavalo perfeito. Como as suas sapatilhas pareciam gastas do uso que lhes dava e, por fim, o seu perfil. O contorno dos seus seios num peito claramente feminino e moldado pelas suas corridas.

Lentamente, aproximei-me dela.

Não a queria perturbar.

Reparava agora que estava a ouvir música, com um auricular branco suspenso no pescoço e o outro na sua orelha direita.

Contendo o nervosismo, confiante em mim mesmo, falei:

- Olá minha parceira de corrida! – exclamei, quase que me arrependendo logo das palavras usadas.

Ela parecia não ter dado conta das minhas palavras, continuando a contemplar a vida na cidade e a abanar ligeiramente a cintura. Possivelmente, ao som da batida da música que ouvia.

Adorava saber que música escutava. Que música lhe preenchia o espírito. A música que entrava dentro dela e a fazia acordar pela manhã, energética. Otimista.

- Olá parceira de corrida! – tentei, desta vez mais alto e já próximo dela.

Apoiei-me nos vidros que ladeavam a ponte e olhei também para o castelo. Para a fonte luminosa e, por fim, para as pessoas. Os leirienses e os turistas. A alegria estava estampada no rosto de cada um. Também eles contagiados pelos raios quentes do sol.

P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora