1 de agosto de 2016
DIÁRIO!!!!
Consegui encontrá-la! Meu Deus!
Confesso-te que estava a perder a esperança. Também não corri muito. Não dei propriamente três voltas à cidade, mas olha que quase...
O sol ia já alto e, com ele, trazia um calor abrasador tão característico do verão.
Eram nove menos vinte e o telemóvel já indicava uma temperatura de vinte e cinco graus.
Já completamente suado e exausto, apressei-me a uma nova volta. Não me podia dar ao luxo de perder minutos. Podiam ser minutos que me impedissem de cruzar com ela numa esquina, ou de a ver passar no jardim.
Bebi um trago de água e, sem mais demoras, incentivei os meus músculos e voltei a correr.
Claramente que, quando tive esta ideia, não pensei no tempo. Estava mesmo abrasador. Mas olha, assim até me bronzeio.
Estava eu perdido em pensamentos quando a vi.
Por uns longos minutos ainda pensei que fosse uma miragem do calor. A mostrar o que desejava. Mas não era!
Era mesmo ela! A atravessar a ponte nova. A que passava por cima do rio Lis.
Tinha de ser ela.
Era impossível eu esquecer-me daquele rabo de cavalo. IMPOSSÍVEL!
Inspirado pela sua graciosidade, encarnei o Flash e corri como nunca, tentando intercetá-la o mais rapidamente possível. Não a queria perder mais de vista.
Contornando os diversos corredores que Leiria ganhava nesta época, encaminhei-me para a ponte.
Subi apressadamente a rampa de acesso e, sem dar por isso, já lá estava.
E ela também.
Apoiada sobre o vidro, a contemplar a escassa água do rio e o castelo.
Ainda parei por um momento, recuperando o fôlego e olhando para ela. Observando cada pormenor seu. Como tinha o cabelo preso num rabo de cavalo perfeito. Como as suas sapatilhas pareciam gastas do uso que lhes dava e, por fim, o seu perfil. O contorno dos seus seios num peito claramente feminino e moldado pelas suas corridas.
Lentamente, aproximei-me dela.
Não a queria perturbar.
Reparava agora que estava a ouvir música, com um auricular branco suspenso no pescoço e o outro na sua orelha direita.
Contendo o nervosismo, confiante em mim mesmo, falei:
- Olá minha parceira de corrida! – exclamei, quase que me arrependendo logo das palavras usadas.
Ela parecia não ter dado conta das minhas palavras, continuando a contemplar a vida na cidade e a abanar ligeiramente a cintura. Possivelmente, ao som da batida da música que ouvia.
Adorava saber que música escutava. Que música lhe preenchia o espírito. A música que entrava dentro dela e a fazia acordar pela manhã, energética. Otimista.
- Olá parceira de corrida! – tentei, desta vez mais alto e já próximo dela.
Apoiei-me nos vidros que ladeavam a ponte e olhei também para o castelo. Para a fonte luminosa e, por fim, para as pessoas. Os leirienses e os turistas. A alegria estava estampada no rosto de cada um. Também eles contagiados pelos raios quentes do sol.

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P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)
Teen Fiction««« Nesta nova edição, Diogo Simões reúne-se com a revisora Ana Ferreira para um revisitar da história que alcançou mais de 4 mil leituras. »»» Passaram cinco anos desde que aquilo aconteceu. Desde que... desde que "aquilo" me marcou para o resto da...