Eu mesmo

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O cheiro de mofo em meu armário,
E a luz da sala,
Queimada,
Me lembram quem eu era aqui.

Há tantas formas de escrever poesias:
Estilos,
Grafias,
E da minha vida eu a fiz,
E nunca esqueci quem eu era,
E a tudo que vivi.

E para tudo há um começo,
E o meio,
Que não justifica o fim -
Não sempre.

O espelho do banheiro,
Quebrado,
Me reflete uma imagem travessa:
Mil reflexos de um eu
Que eu não reconheço,
Pois eu continuo acreditando no que eu sempre fui,

Mesmo que o pó sobre a mobília
Denuncie minha
Partida,
Eu faço dessa parte uma nova estrofe de um poema,
De uma poesia:
Desgastada e pobre e árdua,
Mas poesia;
Que se chama,
Minha tão fértil e estéril
Vida.

Amor em DegradêOnde histórias criam vida. Descubra agora