Capítulo 02

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Vamos conhecer esse músico sonhador?! Boa leitura!

CAPÍTULO 02

Não há um só dia em que Thiago não pense nela. A única. A singular. A mulher que o ensinara a amar de forma intensa. A que sabe que jamais verá. O ex- -namorado a conhece o suficiente para ter certeza disso. Ela é forte... Muito mais que ele. Teve coragem de fazer o que era sua obrigação. Thiago sabe que deveria ter abandonado a cidade, a família, sua vida toda e ido para bem longe de Lívia. Ele chegara a pensar nessa possibilidade, no entanto, ao imaginar-se sem ela, não achou jeito de viver. Simplesmente, não havia vida sem Lívia. Ele não foi. Ela se foi. Então, descobriu que estava coberto de razão. Depois que Lívia partiu, passou meses trancado no quarto sem falar com ninguém. Não queria tomar banho, nem comer. Perdeu vários quilos. Seus pais não sabiam o que fazer. Seu irmão Pedro num dia ameaçava matar Lívia, em outro levar Thiago ao médico, depois ofereceu trazer mulheres para ele! Não era capaz de supor o sofrimento que latejava no peito do irmão e que quase não permitia que Thiago acordasse. Passava as noites em febre delirante. A angústia tomara seu corpo. Pela manhã, quando abria os olhos, ao recordar o que aconteceu, a aflição o invadia. Amuava em posição fetal, puxava a coberta para a cabeça e chorava até adormecer novamente. Aquele homem de 1,80 m de altura virava um monte pequeno no canto da cama... Por vezes, a visão ficava turva e chegava a pensar que fora um pesadelo. Mas nunca, nunca parava de doer...

A família de Thiago desesperou-se. Talvez, tenha sido a época em que mais recebera atenção dos pais. Ele não queria preocupá-los... É que ficou difícil viver sem sentimentos... Não era raiva, nem mágoa, nem tristeza. Não havia nada ali. Apenas um vazio profundo o preenchia completamente. O sentido da vida se perdera... Arrancaram suas sensações... Poderia ser espancado, que não doeria. Em meio ao abismo, não encontrou palavras para se expressar. Não existiam! Quem sabe não tivessem sido inventadas ainda. Se havia, ele não as conhecia. Por isso, calou-se. Mudo. Sem fala. Sem ação. Sem chão. Alguns diziam que era depressão. Outros, tristeza. Sua mãe o levou a médicos, curandeiros e terapeutas. Porém, nenhum deles encontrou uma forma de acabar com o amor que Thiago sentia por Lívia e o matava a cada dia.

Depois de um tempo, voltou a frequentar a faculdade de música. O retorno ao saxofone o trouxe de volta a si. Não que tenha começado a falar. Isso durou mais alguns meses. Na verdade, até o aniversário de sua mãe, dia 03 de agosto de 2006. Deu um par de brincos de pérolas e disse o quanto a amava. Enquanto ela chorava de emoção, afirmou que o melhor presente era Thiago voltar a ser o filho de sempre. Naquele momento, ele compreendeu que jamais daria isso a ela. Sua mãe agora tinha um filho que pronunciava palavras... Mas o Thiago contente de antes, que ela mesma brigava por não entender o quanto amava a namorada e fazia tudo para agradá-la, que saía correndo para socorrer Lívia do que fosse, tropeçando em tudo com seu jeito desastrado... Sem aquela garota por perto... Infelizmente, Márcia não o teria nunca mais.

Thiago transferiu sua razão de viver para a música. Suas mãos estabanadas ganhavam disciplina diante do Sax Tenor. Expressar o vazio presente em si por meio das notas musicais foi seu refúgio, sua salvação, seu abrir os olhos, seu respirar melhor, seu sorrir novamente. Sorriso com os lábios, em momento algum com o coração. Foi difícil superar a saudade de Lívia. Se a música não existisse, provavelmente não sobreviveria à inquietação que aumentava proporcionalmente à falta que ela fazia.

Para fugir dessa tortura, Thiago focou na carreira. No saxofone, revelava toda sua raiva e ira! Era onde se encontrava nos momentos em que não sabia o que fazer com o desespero que lhe roubava o ar. Chorou em inúmeros concertos. O instrumento e seu corpo viravam um só. Ele tocava e sorria, amava e sofria. Numa harmonia que poderia ser sentida pela plateia. Um amor poucas vezes visto expresso em notas musicais de agonia que se definhavam noite adentro, dias adentro, vida adentro... Tocou nas maiores orquestras do mundo. A ausência de Lívia o moveu a compor compulsivamente. Suas melodias alcançavam a alma das pessoas. Teve a oportunidade de morar fora do Brasil. Sair de uma cidade que em todos os lugares há um momento com ela. Em cada tesourinha há uma saudade, em cada flor amarela de Cambuí há uma história! Exatamente por isso não poderia ir. Lívia estava no contorno das casas, nos pássaros, no céu azul de Brasília. Era sufocante viver ali, mas pior seria ficar sem as lembranças.

Se bem que... estiveram em tantos lugares que precisaria sair do Universo para encontrar um que não o fizesse se lembrar dela. Todos os cheiros, todos os sons, todos os beijos, todos os corpos traziam a lembrança de que um dia amara alguém mais que a si mesmo.   

Amores, já viram um amor tão grande assim??? Amanhã viverão um pouco mais desse amor intenso! Beijos!

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