Capítulo 56

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Meu pescoço dói. Abro meus olhos lentamente, e minha cabeça lateja como se alguém tivesse dado marteladas em meu cérebro. Noto uma fita grudada em minha boca, e quando tento tocá-la, sinto uma pressão nos meus pulsos, seguido dos meus tornozelos.

Cordas!

Escuto o som de motor de carro, e pelo lugar apertado e escuro, sei que Linc foi cavalheiro o suficiente para apenas me jogar nesse porta malas como um saco de merda.

O espaço apertado reduz a oxigenação, o que deixa difícil respirar. Tento manter a calma, mas o medo de algo acontecer a mim ou ao meu bebê me assusta.

Meu senso de sobrevivência grita a todo vapor. Chuto a lataria do carro com toda a força que consigo reunir em meu corpo. O carro perde velocidade, e meu coração palpita, fazendo-me resfolegar.

Escuto um assovio do lado de fora entoando alguma música horripilante, pois sinto vontade de correr. O porta malas se abre, fazendo-me cobrir os olhos o melhor que posso, para evitar que a luz do sol os machuque.

—Olá meu amor. Dormiu bem? —Sinto seus dedos acariciar meu rosto, e o mexo bruscamente para evitar seu toque. —Qual é? Não fique chateada comigo. Se eu não fizesse você dormir, a horda de seguranças teria nos impedido de sair.

Desvio o olhar para outro ponto.

—Diga que sentiu minha falta. —Ele retira a fita da minha boca com brutalidade, fazendo minha pele arder.

—Por que você está fazendo isso? Aproveite sua liberdade! Fuja do país, reconstrua sua vida, tente ser uma pessoa melhor! Senão, renda-se para as autoridades; você estará dando o primeiro passo para ficar em paz consigo mesmo Linc. —Digo na esperança de fazê-lo desistir do que quer que esteja tramando fazer comigo.

—Você acha... Acha que fazendo isso... Eu posso me sentir melhor? Sentir o vazio que corrói meu peito ir embora? —Ele me encara com um misto de descrença e credulidade.

—Sim. —Forço um sorriso fraco encarando-o com esperança; não nele, mas em mim. Se ele está ao menos pensando no assunto, significa que tenho uma chance. —Claro que pode!

Digo de maneira calma e delicada. Como que falando com uma criança que está desolada ao perder seu brinquedo favorito.

O olhar perdido torna a focar em meu rosto. De repente ele começa a gargalhar de maneira bizarramente doente, fazendo-me recuar para o fundo do porta malas.

—Eu não preciso mudar; muito menos ficar em paz comigo mesmo. —Ele agarra meu rosto. —Só preciso de você, preciso vê-la em você.

—Ver quem? —Digo assustada.

—Luna. —Ele diz com o maxilar travado.

—O quê?

Ele se abaixa até nossos narizes estarem alinhados. Meu corpo tenciona. Ele encosta seus lábios nos meus, e os lambe pedindo passagem para sua língua. Permaneço petrificada; controlando-me ao máximo para não vomitar de repulsa.

—ABRA. A. BOCA! —Ele me fuzila com o olhar.

Encaro-o com todo o asco que consigo expressar em minha feição, e cuspo em seu rosto. Ele me encara sem acreditar.

—SOCORRO! SOCORRO! —Grito á plenos pulmões.

—ISSO! GRITE SUA VADIA! SOCORRO! —Ele repete minha súplica rindo e retira um lenço do bolso da calça; limpando o rosto furiosamente. —ESTAMOS LONGE DA CIVILIZAÇÃO!

Ele grita apertando meu maxilar.

—Você nunca aprende Lana! Porra! —Ele paira sua mão sobre a minha barriga, apertando-a relativamente forte. —Nunca aprende.

Apesar de VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora