Capítulo 4

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Duas semanas depois...


Os últimos dias foram concluídos dentro da minha rotina.

Seu José começou a dar as aulas ontem. Era nítida a sua felicidade em voltar para a sala de aula.

Como não percebi o quanto meu pai estava desmotivado?

Meu orgulho cresceu ainda mais quando, em apenas cinco dias, as inscrições já haviam ultrapassado o número de vinte alunos, fechando a turma em 29 jovens e adultos que estavam em busca de alfabetização.

Debatemos os métodos e as formas mais inovadoras para a conclusão do curso. Ensinei-o a usar planilhas e a organizar a maioria das coisas no seu novo laptop usado que compramos de um rapaz da rua ao lado.

"Eu preciso me renovar e captar toda essa modernização. " Com essa frase, papai me pediu ajuda. Era incrível o quanto ele se interessava e queria aprender.

Eu e Vini saímos ontem mais uma vez e mamãe está animada com um novo sabor de geleia que fez: abacaxi com pimenta. Era realmente magnífica!

A festa da igreja seria daqui a alguns dias e o povo estava animado. Márcia já havia conseguido a banda e os quitutes já estavam todos acertados. Tudo o que eu queria era que tivéssemos um ótimo retorno. Novas propagandas foram geradas pela prefeitura, e com uma banda jovem, a empolgação estava sendo maior.

Quando termino meu expediente encontro Márcia na sala dos professores, sentada à mesa, com cara de paisagem.

— Terra chamando Márcia! — brinco, sentando ao seu lado.

— Ah, oi... oi...

— O que houve?

Ela sacode um pouco a cabeça e abre um sorriso contido.

— Lembra daquele cara que eu estou conversando pelo aplicativo?

— Qual? Aquele que se intitula imperador? — pergunto.

— Imperador do Rio — reforça, meio acanhada. Esse é apenas o nick name dele.

— Nem um pouco egocêntrico, não é?

— O nome dele é Luca. Talvez seja excesso de confiança.

— Se você está dizendo... Mas então, o que está pegando?

— Ele quer marcar um encontro.

— Sério?

Ela faz que sim, apreensiva.

— Quando? — indago, pegando minha marmita da bolsa.

— Hoje.

— Hoje?

— Isso, hoje!

— Uau! Mas você quer?

Ele entorta os lábios, ponderando.

— Ele é um gato, Mari. Um gato e...

— Não vai me dizer que mandou foto de uma modelo magérrima para impressionar o cara?

— Não, eu... mandei minha foto e tal.

— E... ele gostou, senão não marcaria nada. Fico feliz em não ter mentido, até porque não há necessidade.

— Hum... — Ela vira o rosto.

— Márcia! Você mentiu sobre o quê? — Ela não sabia mentir.

Enquanto o sol brilhar (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora