Uma vez eu vi um documentário em que se filmava o sexo por dentro.
Por dentro da gente mesmo.
Achei nojento.
Achei bom.
Achei nojento de novo.
Era tão arquitetônico.
Pau-b0ceta-bocet4-pau.
E onde ficava aquilo tudo que eu sentia com você?
Cadê a câmera filmando o céu virando do avesso?
Cadê a captação sonora do universo gemendo alto?
Foi aí que eu percebi que tudo que a gente tinha assistido no Multishow depois das 0h se tratava de uma imensa ilusão.
Sexo era quando você chegava em casa suado e eu corria pra te beijar.
Penetração eram seus olhos nos meus.
Orgasmo era o seu abraço.
O resto era só convenção social.
Um artefato físico secularmente aceitável.
A gente trepando durava dias, semanas, meses.
Programa de TV nenhum conseguiria registrar, mas a gente sentia e a gente gozava e a gente se amava.
O amor era a melhor foda que a gente tinha, que a gente dava.
O amor.