No dia da festa, eu estava me sentindo uma noiva no dia do casamento. Ridículo, eu sei, mas queria estar linda... para o meu irmão. Aquele sentimentos estranhos estavam mais fortes do que nunca dentro de mim, fazendo com que eu me sentisse a pior das criaturas. Que merda era aquela de querer ficar linda para meu irmão? Por que a aprovação dele sobre a minha aparência era tão importante? Por que eu queria que ele me visse como uma mulher e não como a irmãzinha dele? Merda. Merda. Merda. Eu estava tão confusa com tudo aquilo... Revirei meu guarda-roupa e escolhi um vestido azul royal com decote redondo, de saia evasê, e com recortes na cintura. Quando o vesti a loja, me senti um mulherão; agora, prestes a sair para a tal festa, estava me sentindo uma menina boba com roupa de adulta. Droga. Como não tinha tempo para escolher outra roupa, respirei fundo e parti para a maquiagem. Olhos marcados, mas sem exagero, boca vermelha. Completei o look com um scarpin nude que peguei emprestado da minha mãe e um brinco de ouro em cascata, que meus pais me deram no último aniversário. Fiquei alguns minutos me observando no grande espelho do banheiro, me olhando de cima abaixo, procurando algum defeito, algum motivo que me fizesse desistir de sair de casa naquele sábado à noite, mas não encontrei nada de errado. Só o meu medo de que Felipe não gostasse do que veria.

Gabriela havia saído com Bruno, o menino do 1º ano com quem ela estava ficando há algum tempo, e meus pais tinham saído para jantar com um grupo de amigos da companhia aérea de papai. Então, eu estava oficialmente sem nenhum apoio, sem ninguém para me dar um sorriso e, mesmo sem saber o que se passava dentro de mim, me acalmar. Desci lentamente a escadaria da sala e dei de cara com Felipe, que me esperava no último degrau, as mãos nos bolsos da calça jeans escura. A camisa branca, com os punhos dobrados, estava linda nele. Mas não tão lindo quanto aquele sorriso. Meu Deus... me ajuda, porque ele é meu irmão.

"Você está incrível, Ju! Linda, linda, linda". Instantaneamente, senti meu rosto corar, mas felizmente ele não comentou nada. "Você também está lindo, Lipe! Essa camisa ficou ótima em você." Trocamos mais alguns elogios bobos e, sem mais nem menos, enquanto caminhávamos em direção à casa da Thalita, ficamos mudos. Minha mente era uma folha em branco; não havia nada, nenhum assunto, que fosse bom o bastante para eu comentar. Pelo jeito, ele também não sabia o que dizer. Ou, quem sabe, ele se arrependeu de arrastar a irmã caçula para uma festa cheia de garotas mais velhas e bonitas. É... provavelmente foi isso.

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