Capítulo Um

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S.O.S INTERNATO — 3° ED.

As pessoas costumam dizer que grandes histórias começam com grandes impasses. Basicamente, aqueles momentos drásticos que nos fazem parar de respirar, levar as mãos ao rosto e dizer: "PUTA MERDA. E AGORA?".

Embora pareça um pouco clichê, preciso dizer que a vida não é nada fácil e que impasses acontecem o tempo o todo, porém nesta história em particular, eu sou o verdadeiro impasse e é exatamente isso que faz todo o resto acontecer... De uma forma meio distorcida. E caótica.

Antes de mais nada, eu sempre soube que levantar da cama não era uma boa opção, até porque, isso significava que eu teria que ao menos tentar sobreviver a mais um longo dia e, bem... Eu não queria ou estava disposta a isso. No entanto, considerando que as variáveis estavam sempre contra mim, eu era obrigada a enfrentar isso. Afinal, eu podia ignorar o nascer de um novo dia e até o despertar, mas não os gritos histéricos de minha mãe que pareciam começar a cada raiar do sol. 

—Emily Madson, eu cansei! — ela gritou, invadindo meu quarto e quase arrancando a porta das dobradiças.

E não adiantava, porque se eu não fosse até eles ela os trazia até mim!

Com um suspiro, eu me sentei, arranquei os sapatos que sequer havia me dado ao trabalho de tirar na noite anterior e cocei a cabeça, estreitando os olhos para as paredes lisas, enquanto tentava me lembrar o que exatamente a tinha deixado tão brava.

Independente do que fosse, eu não podia deixar de lamentar que ela não houvesse começado a gritar durante sua caminhada até o meu quarto. Se ela o tivesse feito, não precisaríamos passar tanto tempo no mesmo ambiente. Falando e ouvindo as mesmas baboseiras, que nunca nos levava a lugar algum, além do crescente rancor mútuo.

Quer dizer: eu conhecia o discurso que minha mãe usaria da mesma forma que conhecia meu melhor amigo, então, eu podia prever cada palavra que sairia da boca dela com a mesma facilidade que podia prever as reações dele diante de alguma das minhas merdas. E embora também soubesse disso, ela o repetia todos os dias. Incansavelmente.

Até porque, eu tinha um longo histórico de merdas.

—Dessa vez você ultrapassou os limites do aceitável e eu não vou tolerar mais isso. –Continuou. Desviando os olhos para a mulher de estatura média, parada no centro do meu quarto, presenciei o exato momento em que ela empurrou para trás da orelha uma mecha do cabelo que havia escapado do coque preso, de forma descuidada, no alto de sua cabeça.

—Mãe, foi só um clube. — Tentei argumentar.

Só um clube? — Perguntou exasperada. —Você ficou bêbada e foi presa, Emily! E não o suficiente, você quebrou a viatura da polícia.

Eu revirei os olhos, impaciente.

—Foi aquele tira quem pediu para desligar os faróis. E nem foi culpa minha! A coisa de acender só saiu na minha mão. — Resmunguei. —Se eu estava tãooo visivelmente bêbada, ele devia ter previsto que era uma ideia ruim.

Ignorando o que eu tinha a dizer, ela começou a divagar. Os olhos castanhos, talvez a única semelhança entre nós, ficando cada vez mais arregalados, como se estivesse tentando acompanhar a raiva que parecia emanar dela. Bom, isso explodiria tentando.

—Eu devia ter deixado você presa, isso sim. Estou exausta de aguentar as suas merdas, então, não pense que vou passar o resto da minha vida livrando a cara de uma garotinha metida a delinquente. — Falou, abrindo e fechando as mãos como se estivesse tendo um tique ou preparando-se para me socar.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde as histórias ganham vida. Descobre agora