XX - E agora? - Anima

903 136 36
                                    

Tinham saído da fortaleza há algumas horas, talvez quatro ou vinte... Não fazia ideia com as árvores densas tampando o sol que quase não dava mais luz. Diria que estavam perdidos se não fosse pela extrema confiança de Sirius.

— Eu estou dizendo, pode ficar tranquila, nós estamos indo na direção certa!

— Como tem tanta certeza?!

— Não sei... Eu só... Sei.

Não podiam mais adiar a conversa. A garota suspirou sabendo que, por mais estranho que aquilo fosse para ela, para ele devia estar pior. Encarou por alguns segundos o pequeno dragão e em seguida a árvore desenhada no braço dele, a qual ficava extremamente exposta pelo estilo de blusa sem mangas que ambos tinham costume de usar. Então falou:

— Foi depois que ele... Balin... Bela...

— Balírion.

— Balírion, — não entendia o porquê de um nome tão complicado, — nasceu?

— Bom, não tenho certeza. — Respondeu Sirius coçando a testa. — Faz só algumas horas não é? — E riu fraco. — Mas acho que sim... É como se eu... Sentisse a floresta... Faz sentido para você?

— Não. — Retrucou a garota rindo alto fazendo com que o outro também o fizesse.

— Mas enfim, de alguma forma eu sei que já andamos cerca de quarenta quilômetros e que, nesse ritmo, vamos levar mais um dia e meio para sair se andarmos mais três turnos desse... Porque estamos indo para a margem mais próxima, se fossemos em direção da onde entramos, então precisaríamos de mais uns quatro ou cinco desses...

— Nossa. — Não conseguiu deixar de interrompê-lo admirada.

— Não é? — Ele respondeu lhe olhando no rosto, mas ainda assim com o olhar perdido.

Anima notou o desconforto que estava não só na voz dele como em todo seu corpo e a cada movimento. Fosse no meio daquela loucura ou na cabana, aquele garoto era a pessoa mais próxima que ela tinha. Não podia deixá-lo assim... Preciso animá-lo de alguma forma...

— Espera. — Disse e correu um pouco para que pudessem ficar frente a frente, mesmo que ela tivesse que andar de costas. — Isso significa que você pode fazer coisas de guardião, certo?!

Sirius franziu o cenho confuso.

— Penso que sim...

Anima parou de andar e forçou o outro a fazer o mesmo segurando com as duas mãos os seus ombros.

— Vai. Vamos tentar! — Disse com um sorriso.

— Como assim?

— Vamos, tente alguma coisa... Faz algum dos movimentos, guardião da floresta. — Finalizou a frase com uma pequena reverência.

Tinha que lhe dar apoio, até porque, senão ela, quem o daria?

— Não tenho certeza. — Respondeu Sirius com um sorriso ladino.

Ele definitivamente queria testar aquilo, como eu não tinha percebido?

— Anda, vai. — Bateu de leve em seu braço. — Faz algo pequeno como...

— Aquele lá da flor?

— Como aquele lá da flor!

Os dois sorriam, hesitantes talvez, mas sem conseguir deixar de lado a curiosidade pela situação.

— Certo, como era mesmo? — Começou Sirius, fazendo os movimentos enquanto falava: — Uma mão sobre a outra em perpendicular, gira até se encontrar...

Os GuardiõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora