Give Up Trying

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Tentei segurar os cabelos do cara que estava me beijando, mas eles eram tão curtos que meus dedos passavam direto, não eram com os de Lex, então apenas passei a mão em sua nuca, enquanto ele segurava minha cintura com vontade. Me separei dele e sai andando indo de volta para o estacionamento, Lex não deveria estar mais lá mesmo, e se ainda tivesse, que se dane! O cara me seguiu, e não, não estava me importando nem ao menos em saber seu nome, eu só queria tirar aquele nojento do Alex da minha cabeça.

Encostei em um carro e me virei, vendo o cara se aproximar, e segurar minha nuca, me puxando para outro beijo. Começamos a nos pegar com vontade, e aquilo deixaria algumas marcas em minha pele. Até que ele me virou de costas, me fazendo ir de peito contra o capô do carro que estávamos encostados, então pude ouvir o barulho de um pacote sendo rasgado, e um sorriso se formou em meus lábios. Abri minha calça e abaixei o suficiente, junto com minha cueca. Aos poucos senti sendo invadido, gemidos baixos saiam de meus lábios. Ah, como eu queria que aquele pau fosse do Alex! Fechei meus olhos e deixei aquela sensação gostosa me tomar, imaginando que quem estaria atrás de mim seria meu melhor amigo. Aquilo me dava muito tesão, e meu pau estava muito duro. Levantei minha cabeça um pouco, empinando minha bunda e a empurrando contra o cara, e foi aí que olhei para frente e vi ele, Lex. Fiquei o encarando enquanto gemia, afim de mostrar o quanto de prazer estava tendo em fazer isso, queria que visse que eu estava muito bem ali, e que não precisava dele, ou pelo menos achasse isso.

Aquela minha maldita dependência sempre me matava. Mas o caso era que isso tudo era platônico, eu sabia que apenas eu o amava, apenas eu o desejava, apenas eu em tudo! E isso me deixava péssimo. Pois sabia que aquele beijo que tinha me dado da última vez era por pura curiosidade. O conhecia muito tempo para saber disso.

Só de me lembrar da noite em que estávamos bêbados e ficamos, me fazia querer gozar, pois tinha sido muito bom ter seus lábios contra os meus, e tocar seu corpo quente, ainda mais a forma como reagia a tudo que eu fazia de uma maneira tão deliciosa, o jeito como soltava pequenos gemidos quando o provocava, e nossa, seu pau ficando duro com tudo aquilo juntamente com o meu. Nós só não transamos mesmo porque não achei que seria certo chegar até aquele ponto sem ter certeza que ele queria aquilo de verdade, e não apenas por causa da bebida e da Natasha, me usando como vingança e para sanar o que sentia no momento.

Agora foi a vez do Lex se virar e sair andando como se aquilo de fato tivesse o afetado, e eu queria mesmo que tivesse acontecido isso, e não apenas porque achava nojento ver alguém me comendo. Por incrível que pareça não consegui levar a transa adiante, pois vê-lo ir embora cortou meu prazer de forma escrota.

Rosnei de raiva e levantei, mandando o cara parar e sair dali, o que fez com que me olhasse sem entender bosta nenhuma, mas eu realmente não ligava.

Levantei minhas calças rapidamente e fui embora, por um impulso indo atrás do meu amigo, mas parei no meio do caminho. Que tipo de imbecil eu estava sendo? Enfiei a mão em meu bolso e peguei as chaves do meu carro, praticamente correndo até ele e dirigindo de volta para minha casa, era a melhor coisa que podia fazer no momento, pois sentia que a minha cabeça iria explodir a qualquer momento.

Assim quando passei pela porta dei um tapa em um enorme vaso de porcelana, o fazendo voar a metros de mim. Sentia raiva do Lex e de mim mesmo por tudo aquilo.

– Seu babaca! – Gritei e peguei um porta-retratos nosso, o arremessando contra a parede, fazendo se quebrar em milhões.

Comecei a quebrar tudo o que via pela frente, até que por fim me joguei no chão segurando meus cabelos enquanto chorava de raiva, até que meu iPhone tocou. O tirei do bolso e vi a foto de Lex, era ele me ligando. Parei com o dedo em cima da tela, pensando se deveria atender ou não, mas por fim deslizei para um dos lados e levei até minha orelha. Eu era um idiota por ter atendido.

– Eu sinto muito. – Ouvi a voz dele do outro lado da linha, e isso fez com que meus olhos se fechassem, e lágrimas escorreram por ali molhando minhas bochechas. – Não deveria ter ido atrás dela, e muito menos ter deixado que me beijasse. – Podia ouvir sua respiração trêmula, ele também não estava bem, esse era o carma de conhecer demais aquele garoto. – E não deveria ter deixado Natasha falar daquele jeito contigo. – Suas palavras estavam fazendo meu coração doer, e eu não queria desculpá-lo, não mesmo. – Mike. – Chamou.

– Poupe suas desculpas, sim. – Falei em um tom frio, ainda chorando, eu sentia muita raiva, não queria ver ele nunca mais na minha frente. – Com um amigo como você eu não preciso nem de inimigo. Sempre teve medo de me defender por achar que as pessoas pensariam que temos um caso comigo. Mas não se preocupe, nunca precisei que fizesse isso por mim. – Abri meus olhos e olhei para a televisão quebrada na minha frente, dando um chute nela só de raiva.

– Mike. Por favor, não fala isso. – Pediu e isso me fez soltar uma risada debochada. – Eu, eu, eu gosto de você de verdade, tá? Só me dê um tempo para pensar nisso tudo. – Ele estava desesperado, e isso me fazia querer rir ainda mais. Para que falar aquilo? Para que mentir? Era impossível de acreditar que Lex gostava de mim da mesma forma que eu. Então não deixaria que me iludisse com suas palavras.

– Eu até te daria tempo se você valesse pena, mas adivinhe só, você não vale! – Berrei, e isso me fez ficar um pouco mais aliviado. – E não Alex, você não gosta de mim. – Soltei por fim. Aquilo era o que eu achava mesmo, e ele merecia ouvir aquilo e muito mais, por fazer aquilo tudo comigo, por fazer uma dor enorme crescer dentro do meu peito. – Acha mesmo que eu me jogaria aos seus braços apenas por ouvi-lo dizer que gosta de mim?

– Só está dizendo essas coisas porque para você é fácil! Você sempre foi gay! – Era sério mesmo aquilo que ele havia acabado de falar? Aquilo só fez com que minha raiva aumentasse ainda mais. – Mike, eu gosto de você, muito, mas me ajuda, não sei lidar com nada disso. – Eu até poderia sentir pena se não fosse tão trágico, e não iria acreditar naquelas palavras, não podia, pois elas faziam com que a dor ficasse ainda maior.

– Fácil? Acha que eu moro sozinho por quê? Porque eu acho divertido ficar longe da minha família? – Nunca tinha dito a ele, que meus pais se mudaram de cidade por não aceitar a minha sexualidade, e apenas falei que eles decidiram ir morar perto da minha avó porque ela precisava de cuidados, e que eu fiquei apenas por causa dos meus estudos, e isso já tinha uns cinco anos, e desde então os vi pouquíssimas vezes. Fui abandonado pela minha própria família, e não falei isso para ninguém pelo simples motivo de não querer ser digno de pena. – Ninguém me aceita por ser assim. – Soltei chorando ainda mais, aquilo chegava a ser humilhante. – Mas nunca vou desistir de tentar fazer com que todos entendam que eu gosto de homens, e que esse fato nunca vai mudar! – Alex não se pronunciou, então continuei. – Agora você, desista de tentar, pois isso só vai te fazer mal, não faça sua família me odiar mais do que já odeia apenas pelo fato deu ser seu amigo gay. – Deixei o ar que estavam presos em meus pulmões saírem, Alex iria começar a falar algo, mas o cortei. – E não há nada que você diga que eu já não tenha ouvido antes, então só desista. Sei que se acha durão, e que consegue aguentar tudo, mas não, você não é e eu não quero brincar disso contigo.

– Eu não vou desistir. – Disse por fim em voz baixa. – Não vou te perder. – Aquilo tudo só me fazia chorar ainda mais. Eu não queria gostar dele daquela maneira. – Eu quero ficar com você. – Por mais que falasse aquilo, que queria ficar comigo, simplesmente não entrava em minha cabeça.

– Não temos mais nada para conversar. – Encerrei a ligação logo em seguida e deixei minha mão cair com o iPhone.

Levantei do chão e fui até meu piano, uma das únicas coisas que ainda estavam inteiras. Passei os dedos por suas teclas e apertei uma, fazendo o som ecoar pela casa silenciosa agora. Me sentei no banco e toquei outras, e depois mais uma, e quando vi já estava tocando, enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto, e escorriam pelo meu pescoço, molhando meu peito no qual parecia que tinha acabado de levar um tiro.

Estava pensando no que poderia fazer dali para frente, já que não tinha mais o que me prendesse naquela cidade. Talvez eu devesse pegar meu passaporte e fosse embora, quem sabe Roma ou então Veneza. Bem, eu pensaria sobre isso mais tarde quando estivesse mais calmo. Assim como refletiria sobre as palavras ultimas de Alex. "Eu quero ficar com você."


Por mais triste que isso
Possa soar (jogo no ar)
Meu meio de me sentir
Livre e feliz
É através da solidão onde te conheci

– Silêncio, Scalene -

I Can't Even Get High ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora