"Eu peguei a escuridão. Ela estava bebendo
do seu copo. Eu peguei a escuridão
Da sua pequena xícara de ouro
Eu disse "isso é contagioso?"
Você disse "apenas beba-a"
♦ "The Darkness", do Leonard Cohen
DOMINIQUE NÃO SE atrasou dessa vez e parecia entretido conversando com Thomas, antes de Keira estacionar o carro, chamando a atenção de ambos. Mesmo com os óculos no lugar, ele continuava a ajeitá-los como um tique nervoso enquanto se aproximava do veículo parado. Clarice, ao sair, cumprimentou os dois com um rápido "bom dia".
Sua mente tentava formular uma ideia para que pudesse escapar durante uma das aulas e visitar a biblioteca, onde poderia pesquisar com calma. Torcia para que esse bloqueio não se estendesse para os computadores da instituição. Na noite anterior, enquanto pensava sobre, lembrou da conversa que espionara entre os Sanderson e a irmã Marie Charity. Estava mais do que claro que eles sabiam alguma coisa em relação aos seus pesadelos e não contavam por motivos que não compreendia.
— E então, como foi o fim de semana? — perguntou Nick, quando já estavam a caminho da primeira aula.
— Visitei a biblioteca. — Não achava boa ideia comentar sobre a chegada de Kim e a visita da polícia. — Também ganhei uma gatinha.
— Caramba, e como ela é?
— Bom, nada de mais — disse, dando de ombros. — Nem é tão grande como imaginei. — Ele a olhou confuso. — Alguns livros até estavam um pouco empoeirados.
— Tudo bem, mas eu estava falando da gatinha.
— Ah, tá. — Os dois riram, entrando na sala de aula. — Nasceu há alguns meses e é preta com uma manchinha branca em formato de coração na orelha.
— Sempre quis ter um gato, mas meus pais não deixam. Comigo no instituto fica ainda mais complicado.
Os dois terminaram a conversa assim que o professor entrou em sala. Clarice não se sentiu tão sobrecarregada quanto no primeiro dia de aula e, com o auxílio de Dominique a matéria ficava mais clara. Mesmo assim não conseguia esconder seu receio com as provas futuras, certa de que os encontros aos sábados precisariam continuar.
Quando o tempo acabou, Clarice arrumou seu material o mais rápido que pôde e começou a andar em direção à saída.
— Ei, espera! — gritou Nick. — Preciso tirar uma dúvida com o professor.
— Tudo bem, eu preciso dar uma passada na biblioteca e pesquisar algumas coisas. A gente se encontra no refeitório.
Antes que ele pudesse protestar, Clarice já tinha saído e perguntava para alguns alunos a localização, pois não conseguia lembrar. A biblioteca ficava no segundo andar e precisou seguir por um longo lance de escadas, passando por diversos corredores. Ao entrar, foi direto no balcão onde a bibliotecária lia uma revista sobre decoração de interiores.
ESTÁ A LER
O Ciclo dos Pesadelos: Obscurum
Paranormal♦ Na lista "As Melhores Histórias de 2019" do perfil oficial @AmbassadorsPT ♦ Clarice é uma menina cujo passado foi tecido por entre as paredes de um orfanato católico, ocultando o motivo primordial para seu abandono ainda bebê; sem cartas ou objeto...