Marche plus vite fille, retourne dans ta chambre!³ - a voz irritada me surpreendeu, consegui traduzir poucas palavras, mas foi o suficiente.

Droit, je sais déjà! - resmunguei me apressando para meu quarto.

Em pouco tempo aprendi coisas valiosas, como: me manter afastada de qualquer confusão, e também sobre parisienses em geral, eles eram bem curiosos, se irritavam por tudo e por nada também... quando digo tudo, quero dizer tudo mesmo.

Fechei a porta do quarto com um baque oco atrás de mim, agarrei a barra de minha camiseta suja de sangue e tirei-a por cima da cabeça. O espelho em cima da cômoda mostrava meu reflexo acabado, com uma faixa amarelada em volta do tronco e numa das mãos, para completar o charme crescente havia mais um curativo mantendo meu nariz no lugar.

Abri os botões e tirei a calça apertada, tentando não machucar ainda mais as minhas costelas, missão impossível, grunhindo me coloquei de pé de novo e agarrei a camisa preta que usava como pijama.

Quando terminei de me vestir, comecei a trançar meu cabelo, foi quando a porta se abriu mas não me virei para olhar quem era.

— Pra você - Gustavo jogou um macacão cinza e branco sobre a cama do outro lado do cômodo.

— Obrigada, - era a única comunicação que eu estava disposta a ter.

Ele olhou em minha direção, seus olhos desceram por meu corpo brevemente, avaliando os machucados, então ele voltou a olhar meu rosto, os olhos um tom mais escuro do que o normal, antes de sair novamente.

— Idiota. - murmurei para mim mesma, apenas para ter o prazer de poder ao menos xingar o quanto eu quisesse.

Quando finalmente me deitei só podia sentir as dores que se espalhavam por todo meu corpo. Era um modo de vida brutal, mas sem dúvida eu estava aprendendo as coisas, não querer passar por isso realmente não mudaria a realidade.

Gustavo estava certo quanto a isso. E Melissa não pararia de me mandar para o tatame enquanto eu não derrotasse alguém.

Fechei os olhos ignorando a dor que era parte constante da minha vida agora, pensei na minha casa, o sol quente aquecendo a pele, o cheirinho do café fresco logo pela manhã, o bom dia gritado da minha mãe, até finamente pegar no sono.

》《

Eu sabia que estava atrasada assim que meus olhos se abriram. Me apressei para sair da cama, todos os ossos protestando de dor, me arrumei em poucos minutos vestindo o macacão que Gustavo trouxe na noite anterior, deixei o quarto seguindo para o refeitório.

Só peguei uma panqueca e uma xícara de café colocando o máximo de conseguia na boca enquanto ia para a ala de treinamento com passos rápidos.

Antes mesmo que eu entrasse na sala a voz de Melissa soou me fazendo estremecer.

— Atrasada, Emma. E atrasos podem te fazer perder a cabeça. - Ela terminou a frase com um sorriso cruel.

— Desculpe. - murmurei a contragosto.

— Pegue a sua arma e vá para sua posição.

Caminhei para a prateleira mais próxima, e peguei uma das armas. Já tinha estado ali outras vezes, a sala tinha o teto baixo, e prateleiras cheias de munição e armas de longa e curta distancia.

Era bem satisfatório treinar tiro ali, assim eu poderia descontar toda a frustação acumulada, e eu era realmente boa naquilo, tinha uma mira quase perfeita. Quando minha munição acabou voltei a mesa que ficava disposta para abastecimento quando vi Abby se aproximando.

Ela era uma garota americana que de alguma forma veio parar em Paris, estava com uma submetralhadora em uma das mãos. Segundo ela mesma, se dizia a melhor em mira.

Suspirei, ela era uma caçadora de confusão.

Hey girl! - Ela sorriu de onde estava.

Tinha um alvo poucos metros a minha frente, e ela mirou a arma, ajustando a postura.

Ignorei Abby e sua arma apontada para minha cabeça, sabia que Melissa me olhava como uma avaliadora. Então Abby começou a atirar.

Meu coração batia como um louco, mas eu não sai do lugar. Está na mira de uma arma, não era uma boa sensação, mas em compensação minhas mãos não tremiam por mais nada, poucas coisas poderiam me assustar mais do que ficar na mira de alguém insano.

Senti meu braço arder, mas era melhor não olhar. Por causa dessas provas loucas eu sabia controlar minha respiração e as batidas do meu coração agora. Abby era de fato uma atiradora nata, e a mira dela era quase impecável, dificilmente errava uma bala. Então se ela quisesse, aquela altura eu já estaria morta.

Quando ela parou de atirar para pegar mais balas, eu voltei para o meu lugar esperando os alvos serem colocados, a chave para sobreviver ali dentro era não demonstrar medo.

Mais tarde, após terminar o treinamento me encontrei com Joseph na sala de arquivos. As pilhas de papéis pareciam não acabar nunca.

— Isso vai levar a noite toda, - reclamei para mim mesma. Conformada com a situação comecei logo o trabalho separando cada um dos arquivos de forma categórica.

Fichas e mais fichas contendo informações pessoais de várias pessoas, de diversas localidades. Por que eles mantinham tudo isso no papel?

Passei os olhos rapidamente sobre as linhas do próximo arquivo, estava tudo em inglês, um policial pelo que parecia.

Esse era um cara bonito.

— Olá senhor... - procurei seu nome entre os dados. — Max Maverick.

Inteligência Americana.

Joguei tudo em suas respectivas caixas, até minhas mãos estarem cansadas e meus olhos doendo. Quanto mais papéis eu lia, mais me questionava sobre o porquê de terem informações confidenciais sobre tantas pessoas.

Nada de bom viria disso, eu tinha certeza.


》《

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Até o próximo capitulo!


¹ Por que você quer treiná-la?

² Não é da sua conta. Então, porque ela te interessa.

³ Ande mais rápido garota, volte para o seu quarto!

³ Certo, eu já sei!


GAROTA HACKERWhere stories live. Discover now