Não faça isso.

Por que não, subconsciente?

Você vai se arrepender.

Elena e Joe, seguiram meus passos e fomos até Margo. Ela me entregou um papel. Um papel não, uma carta. Engoli em seco. Todas as cartas que eu li até hoje, não eram nada boas. E a julgar pelo estado da mãe de August, eu acho que essa carta vai ser tão ruim quanto. Na frente da carta, estava escrito meu nome com a horrível caligrafia de August. Abri-a.

"Se passaram três dias. Você conseguiu, não é mesmo?
Eu tentei me afastar de você para você se acostumar a viver sem mim. Mas toda vez que eu tentava fazer isso, eu me lembrava do seu sorriso. Eu me lembrava do "eu te amo" que saía dos seus lábios toda vez que eu fazia alguma coisa romântica. Eu me lembrava de nós. Infelizmente eu não consegui te afastar de mim por muito tempo. A minha hora estava chegando e a cada segundo que se passava, podia ser o meu último momento de vida. Então eu tentei aproveitar bem os meus últimos momentos. E acredite se quiser, foram os melhores momentos da minha vida. Sabe por quê? Porque eu passei ao seu lado.
Hanna, eu te amo! Me desculpa não ter te contado antes. Fiquei sabendo que ia morrer em alguns meses, mais especificamente, no mesmo dia que Elena perdeu a perna. Você tinha desmaiado na praia e eu desmaiei no hospital. Fiz alguns exames, e descobriram que eu estava com um tumor no cérebro. Nossa, como eu queria ter te contado. Eu ia te contar, eu juro, mas você estava passando por tanta coisa nos últimos meses que eu não quis te dar outro problema.
Não fique mal por mim. Saiba que agora, meu amor por você está eternizado. Lembre-se de mim como um bom amigo e um bom namorado. Quando você estiver olhando para o céu, à noite, e ver a estrela mais brilhante de todas, saiba que vai ser eu passando só para te dar um oi e relembrar que eu te amo.
Você foi o amor da minha vida, Hanna. Você me prometeu que nunca esqueceria o quanto eu te amo. Lembre-se disso sempre.

Com todo meu amor, August"

O pior é que eu berrei. Berrei com o pior tipo de desespero do mundo. Meu silêncio, meu conformismo, minha aceitação, minha quase maturidade. Minhas pernas bambas não aguentaram o peso de suas palavras e caíram no chão com toda força. O vazio que tinha tomado conta de mim, tomou conta do meu coração, agora partido em milhões de pedacinhos. Meu choro igual a de um bebê que perdeu a chupeta. As lágrimas caiam de meus olhos e iam para minhas bochechas. Esse é o pior sentimento do mundo.
~Elena ON~
Hanna nunca chorou tão desesperadamente como está chorando agora. Peguei a carta que ela deixou cair no chão. Leio-a.
A primeira coisa que eu começo a sentir é falta de ar. Parecia que meus pulmões tinham parado de funcionar. Minhas mãos e pés começam a suar. Depois vem a tontura. Alguém me ajuda!, eu grito mas ninguém me ouve. Não consigo respirar. Meu olhar estava embaçado por conta das lágrimas acumuladas. As lágrimas presas doem a garganta. O medo me domina.
- Elena? - Joe me chama, mas eu não consigo demonstrar reação.
Quero chorar. Eu não mereço isso. Eu não mereço essa perda. Preciso sair daqui. Minhas pernas estão tão leves e meu corpo, minha mente, tão pesados. Eu sinto que se eu chorar vai ser a coisa mais triste do mundo. Meu corpo todo treme. Sinto um desconforto no peito. No coração, talvez.
- Toma, a bombinha! - Joe gritou para mim.
Quando ele ia colocar aquela maldita praga na minha boca, eu bato na bombinha, deixando ela cair. Saio de casa, a procura de ar fresco. O vento bate no meu rosto e eu me sinto um pouco melhor, mas não totalmente. Esse ataque de pânico vai ficar guardado no meu peito para sempre. Essa é a pior perda de todas. Nunca vou conseguir supera-lá totalmente.

- Certeza que você não quer que eu fique com você? Eu posso te ajudar...
- Não, você não pode, Joe. Para de encher a porra do meu saco e me deixa ficar sozinha. - eu gritei para ele.
Saí de seu carro e entrei em casa. Meus pais e Paola, estavam almoçando.
- Boa tarde, linda! - meu pai disse.
- Vamos comer, Lena. Aí você aproveita e nos conta como foi a viagem. - minha mãe disse.
Acelerei o passo até meu quarto para evitar explicar o que tinha acontecido, à eles. Entrei no meu quarto e fechei a porta com tudo. Encostei minhas costas na porta e coloquei minha mão na minha boca para controlar a minha vontade de gritar. Fui sentando aos poucos, arrastando minhas costas na porta até chegar perto do chão. Sentei-me.
- Como eu não percebi? - eu perguntei a mim mesma. - Eu sou uma idiota!
Olhei para o quarto e tinha uma caixa em cima da minha escrivaninha. Uma caixa bem grande. Me levantei e fui até ela. Tinha um pedaço de papel em cima da caixa.

"Passei em sua casa e deixei umas coisas. Lembre-se de mim baseado nelas.
Eu te amo muito,
August"

Coloquei o pequeno bilhete no lado da caixa. Abri a caixa e lá tinha várias coisas que August sabia que eram importantes, tanto para mim quanto para ele. O DVD do filme "A pequena sereia", que assistimos quando éramos crianças. Desde que assistimos esses desenho, ele começou a me chamar de Ariel; o óculos dele que eu tinha quebrado quando estávamos brigando; uma foto minha e dele, nos divertindo no parque; a primeira latinha de refrigerante que tínhamos dividido juntos, meu Deus! Por que ele guardou isso? No fundo da caixa tinha um CD. Não tinha nada escrito neste. Peguei o CD e coloquei no meu notebook.

" - Mãe! - eu choraminguei.
- O que foi, filha? - minha mãe disse.
- Olha o que o August me deu de presente de aniversário! - eu disse, chorando, e entregando-lhe uma caixa com uma barata morta dentro.
Hanna chegou perto de mim e viu a caixa. Ela começou a chorar junto comigo.
- August, você deu uma barata morta para a Elena? - minha mãe perguntou em um tom de brincadeira para August.
- Dei. - August respondeu, envergonhado.
- Pede desculpas a ela.
- Me desculpa, Ariel.
- Tudo bem, quatro olhos. - eu disse, indo abraçar ele.
- Olha lá! O dinossauro! - Hanna gritou, apontando o dedo para meu pai, fantasiado de dinossauro.
Hanna, August e eu começamos a gritar e a fugir do meu pai que estava correndo atrás da gente."

Ri. Me lembro desse dia muito bem. Meu aniversário de 7 anos. Os únicos que foram na festa foram minha família, August e Hanna. Foi a melhor festa de todas.
- Eu vou te guardar no coração, quatro olhos. Para sempre. - eu cochichei.
~Hanna ON~
O telefone tocou. Eu estava no quarto. Não atendi. Tocou novamente. Eu me levantei lentamente da cama. Aquele dia estava cada vez pior, as lágrimas ainda corriam em meu rosto; eu não estava preparada para aquela notícia, eu realmente não queria acreditar que aquilo havia acontecido comigo. A minha vida estava perdida, a pessoa que eu mais amava neste mundo estava morta. Vi-me diante da dor sem qualquer proteção, sem o abraço dele para me proteger. Estava arruinada. Atendi o telefone:
- Hanna?
- Quem é? – eu perguntei, não estava animada pra qualquer conversa.
- Vim deseja-lhe meus sentimentos, o August era um bom homem.
- Obrigada – ao ouvir o nome dele, meu coração dilacerou e as lágrimas começaram a cair novamente. - Mas quem é?
- É o Marshall. - Marshall, ele deve estar tão arrasado quanto eu. - Eu sei que está sendo difícil para você. Está sendo difícil para todos, para falar a verdade. Eu estou aqui se precisar de alguma coisa. - sua voz estava chorosa.
- Agradeço novamente, Marshall, mas tenho um compromisso, e vou ter que desligar agora – inventei qualquer desculpa para o fim daquele diálogo torturador.
- Tudo bem, Hanna, fique bem. Tchau.
- Tchau, Marshall. – ele era o melhor amigo do August.
Eu estava enlouquecendo! Deitei-me na cama, e abracei o travesseiro que um dia ele tinha usado para dormir. Chorei. Chorei até não poder mais, até as lágrimas arderem em meu rosto, planos e futuro interrompidos pela morte.
Fui para a janela e subi no telhado, para olhar as estrelas. Eu pergunto as estrelas, se August pensa em mim. Se eu passo, nem que seja por um segundo, em sua mente. Pergunto a elas como ele está, se está bem sem mim. Se está em perigo, ou está sentindo alguma dor desagradável, ou se precisa de ajuda. Se precisar, peço a elas, pra ajudar-te. Porque no momento estou longe dos seus olhos, e não posso ajudar. Eu sinto uma vontade de ajudar você, de proteger-te, de te dar carinho, de mimar você, de ser sua. Mas meus desejos estão longe de ser alcançados. Porque eu nunca mais vou ver você.
Adormeci.

Acordei no hospital. Fazia tempo que eu não tinha esse sonho. Estava em uma cadeira e meu "outro eu" estava deitado, ainda em coma, na minha frente.
- Por favor, Hanna! Eu não posso viver sem você. Acorda! - a figura da pessoa que perdi hoje, chorava escandalosamente, pedindo que eu acordasse. Acho que eu nunca mais o veria, apenas em sonho. - Vão desligar as máquinas daqui a seis dias. Acorda! Por mim. Eu te amo muito! - ele disse se jogando em cima de mim, chorando.
Me levantei da cadeira e fui ver meu prontuário. Ia completar 6 meses que eu estava em coma e meus dias estavam contados.
- Acorda! - eu gritei. - É um sonho! Acorda! - eu berrei.

Então eu acordei. Estava em cima do telhado e vi uma estrela brilhar mais forte. A estrela tinha piscado para mim. August. Fiquei admirando-o.
- Eu te amo. - eu sussurrei.

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