Capitulo 2 - Não me conhece de nenhum lado?

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Fiquei parada em frente á entrada a pensar onde ia almoçar. Tinha acabado de recusar um convite, por causa de outro, e no final ia sozinha.

Parou um carro na minha frente, um carro que me era familiar, um vidro escuro abriu-se e vi que era o Joel. Antes que ele fosse dizer alguma coisa perguntei-lhe:

- O convite para almoçar ainda está de pé? – Perguntei envergonhada, ele deu uma risada, e acenou com a cabeça que sim.

XXX

O almoço estava bastante animado, acabámos por ir ao restaurante onde era suposto eu ir almoçar com a Rute.

O Joel era bastante simpático, e tinha conversa para todo o tipo de assuntos ao contrário de mim, que apenas sabia falar de moda e de algumas notícias que ia tendo atenção quando via e lia jornais.

- Como é trabalhar numa redacção de uma revista tão famosa? – Perguntou-me, tomando um gole de vinho.

- É um sonho tornado realidade. Sempre adorei escrever, e ter a oportunidade de trabalhar na Moodlle é maravilhoso. – Respondi sorridente. Na realidade desde de pequena que quando ia com a minha mãe para a empresa que sonhava vir um dia a trabalhar nela.

- Ser sobrinha do presidente deve ter ajudado, não? – Perguntou. Muitos faziam criticas quanto á minha permanência e ao meu cargo na revista.

- Admito que ajudou, mas não foi graças ao meu tio, mas sim ao meu avô, que era o dono antes de o meu tio ser presidente. – Comecei. – Mas conhecendo o meu tio como conheço, se não tivesse o mínimo jeito para escrever, o meu cargo seria de secretária ou algo do género. – Conclui. Sabia, e o meu próprio tio já mo tivera dito, que se não tivesse jeito para escrever que nunca teria o cargo de chefe de redacção. – E você o que faz? – Perguntei.

- Não me trate por você. – Começou e eu apenas assenti. – Faz-me sentir mais velho, e tenho a certeza que devemos ser da mesma faixa etária. – Fez uma pausa, tomando mais um gole do seu vinho e continuou. – Sou fotógrafo. – Admitiu. Assim já explicava o porquê da reunião com o assessor do meu tio.

- Parece que nos vamos ver mais vezes então. – Falei.

O empregado de mesa, aproximou-se de nós para levantar os nossos pratos, perguntando se queríamos café, e ambos dissemos que sim, levando-o a retirar-se.

- Espero que sim, era muito bom que conseguisse ter um contrato com a revista. – Falou, retomando o assunto que estávamos a conversar.

- Vais ver, que vai conseguir. O meu tio gostou imenso de ti. – Disse reconfortando-o.

- Quero acreditar que sim. – Falou fazendo uma breve pausa, parecendo que me queria fazer alguma pergunta. – Gostava de lhe fazer uma pergunta. – Falou, tal como eu já imaginara.

- Claro esteja á vontade. O pior que pode acontecer é eu não lhe responder. – Respondi dando uma leve risada.

- Então... - Começou. – Não me conhece de nenhum lado? – Perguntou.

Fiquei surpreendida com a pergunta, na realidade a cara dele não me era totalmente desconhecida, mas também não sabia de onde o tinha visto.

- Na realidade não. Algo em si me é familiar, mas não consigo perceber o que é. – Confessei. Estava bastante envergonhada, sempre fui bastante má com caras e nomes, nem sei como consegui decorar o dele.

- Analise bem. – Falou, passando a mão de forma circular em volta do rosto.

- Não consigo perceber. – Olhei fixamente para ele, parecia de certo uma variada a olhar para ele daquela forma.

Mas algo no seu rosto me lembrava alguém, não sabia quem. Olhei-lhe para os olhos azuis, que brilhavam de uma forma que não me era desconhecida. Desviei a minha atenção para os lábios, finos e rosados, eu conhecia aqueles lábios de algum lado.

- Vai parecer estranho o que vou dizer, mas parece-me que conheço os seus lábios de algum lado. – Falei envergonhada, fazendo-o soltar uma gargalhada.

- Logo os meus lábios. – Falou entre mais uma gargalhada. Não estava a perceber o porquê de tanta graça, sinceramente não estava a achar graça nenhuma.

- Será que me pode dizer onde está a graça? – Perguntei já um pouco aborrecida com a situação.

- Não me conhece mesmo? – Perguntou novamente, eu acenei negativamente com a cabeça. – Joel Fragoso. – Falou, o nome não me era desconhecido, mas continuava na mesma, com cara de parva a olhar para ele. – Continua sem saber quem sou? – Perguntou já um pouco desiludido.

- O nome não me é desconhecido, mas não estou de facto a ver quem é, peço desculpa. – Respondi, continuando bastante envergonhada.

- Joel, o seu namorado que infância. – Respondeu. Fiquei estática, não estava á espera de o voltar a encontrar um dia.

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