Por que você fez isso?

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O dia da formatura chegou e com ele o ultimo dia que veria a Sophie, mas estava feliz já que conseguiu fazer a Clara ser meu par. No começo a festa parecia um enquanto, mas não demorou muito pra Clara sumir e ir atrás de algum cara. Desse dia em diante o encanto acabou, todo aquele sentimento de 7 anos foi destruído. Então encontrei a Sophie.

- Cadê seu par Sophie?
- Par? Sou eu mesma, não preciso de par. – Disse sorrindo e bagunçando meu cabelo.
- Ah pare, meu cabelo. Mas e na hora de dançar?
- Vou dançar, como dançamos em casa.
- Aquelas danças loucas que criamos. (Risos.)
- E cadê a Clara? Não estava com ela?
- Deve estar com alguém. (Risos) Hey, você está sozinha e eu também, quer ser meu par?
- Não, no hora do baila? Prefiro ficar sozinha.
- Serio? (Cara de triste.)
- Não, vem cá seu bobo.

Ela sempre faz isso comigo, hoje seria meu último dia com ela e não parava de sentir que era a última vez. Então o baile acabou, eu a abracei forte e comecei a chorar, disse o quanto ela era importante pra mim, que estaria ao seu lado sempre e que logo nos veríamos novamente. Ela concordou e me deu um beijo na bochecha.

Na manhã seguinte acordei cedo pra lhe dar um presente que fiz, uma foto e uma carta, era simples, mas de coração. Fui leva-la ao aeroporto olhei-a partir junto com sua família e cada passo que dava a dor em meu peito aumentava, mas não queria que ninguém me visse chorar, pois era o melhor pra ela e sua família. Chegando em casa eu desabei, parecia uma criança chorando, via a pessoa mais importante pra mim partir e sentir que seria a última vez que a veria o tornava pior.

Quase dois anos se passaram, já ia completar 18 anos, eu e Sophie sempre nos falávamos por meio de redes sociais ou por telefone mesmo. Nada mudou desde então continuava com problemas na minha família, que cada vez piorava: minha mãe continuava alucinada e fanática por sua religião, meu pai trabalhando e eu não me dou bem com meus irmãos ainda. Só muda que entrei para um coral, não aguentava mais ensaiar. Sophie estava namorando e estava muito feliz. Tinha planos de me visitar dentro de alguns dias. Era dezembro e aquelas músicas de natal insuportáveis tocavam em todas as lojas e em todos os locais. Sempre foi a época que mais odiei, as pessoas fingem que gostam umas das outras. Já tinha comprado a roupa pra virar o ano e feliz que talvez a Sophie viesse. Minha vida social ia de mal a pior, não tinha amigos desde que ela foi embora, por mais que tentasse, não consegui ter amigos, todos eram falsos, então optei por ficar sozinho.

Último ensaio antes da apresentação de natal, era uma sexta feira, no meio do ensaio era uma média de 18:30, senti uma pontada no peito e uma vontade incontrolável de chorar e ouvi o grito da Sophie, pedi licença e corri para o banheiro. Não sabia o motivo, mas não conseguia parar de chorar e pensar nela, tentei ligar e mandar mensagem, mas ela não me respondia. Por mais que tentasse ou tentassem me acalmar era tudo em vão, tentei pensar que estava tudo bem porem lá no fundo eu sabia que não. Mesmo longe eu senti algo acontecer a minha amiga e não pude fazer nada. O ensaio já estava acabando e já não tinha mais condições de ensaiar. Horas depois o irmão dela me liga do celular dela.

- Matt, aqui é o Icaro. – Falava com a voz meio tremula de quem segurava o choro.
- Oi Icaro, o que aconteceu com a Sophie?
- Matt, eu não sei como lhe dizer isso, ninguém sabe, mas você era amigo da Sophie, apesar de não nos darmos bem e termos nossas diferenças.
- Era? Icaro, o que houve? Fala logo, por favor!
- A Sophie, snif.. snif. Ela morreu cara, a minha irmã morreu.
- Como assim? Ela não pode ter morrido, ela falou comigo pela manhã e disse que já estava certo de vir pra cá.

Ele me explicou tudo: a Sophie para não sentir tanta saudade de mim e daqui voltou a lutar e sofreu um acidentem lutando, recebeu uma pancada forte na cabeça e desmaiou, o impacto com o chão foi tão forte que ela teve traumatismo craniano grave e veio a óbito no local mesmo. Eu fiquei sem chão, não sabia mais o que fazer além de chorar, não tinha ninguém a quem contar ou recorrer. Ela partiu, mas eu prometi cuidar dela, por que ela fez isso? Aquela idiota, eu deveria ter cuidado dela. Não deveria ter deixado ela ir, mas o que eu poderia ter feito? Por que eu pressenti isso mais uma vez?

Corri desesperadamente chorando para a praia onde ficávamos. Chorando e gritando por conta dessa dor indescritível, parecia ser algo que corroía por dentro, quanto mais eu gritava mais doía. O que eu não percebi era que minha raiva fez o tempo ir mudando, só se via as nuvens sombrias encobrindo o céu, o mar se agitava e vento ficava cada vez mais forte. Depois de um tempo na chuva e na dor de minha perda eu me ajoelhei e chorei baixo, até não restar uma lagrima sequer.

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Sombras que habitam a luz!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora