17 | s c a r s

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Scars

Depois de me despedir de Adam na porta de casa e ter mais uma vez a verdade esfregada na minha cara ─ é eu estava totalmente apaixonada por ele ─, fui até o meu quarto e apenas fiquei encarando o teto pelas horas seguintes. A casa naquele dia estava estranhamente cheia. E eu acho que a casa cheia não era algo que eu estivesse habituada.

Joseph veio ao meu quarto um pouco antes da hora do almoço para saber se eu estava viva já que ele não me via desde o dia anterior. Inventei qualquer desculpa sobre ter tido dor de cabeça e ter ficado trancada dentro do meu quarto, mesmo sabendo que a probabilidade dele saber que eu não havia dormido em casa era gigante. Mas se coloca na minha posição: Seph era como meu avô! Não iria simplesmente falar para ele que havia dormido na casa de Adam Petters e, bem... De toda as coisas que aconteceram lá.

A parte boa ─ ou não ─ de ficar basicamente o tempo todo sozinha em casa era o privilégio de não ter que dar explicações sobre coisas desse tipo.

Eu consegui fugir da minha família até a hora do almoço e pensei que conseguiria fugir até o final do dia caso conseguisse dormir, mas quando May gritou avisando que o almoço estava pronto e que ela queria me ver antes de ir embora, não tive opção a não ser descer.

Eu poderia inventar desculpas para Joseph e May sobre o meu paradeiro no dia anterior, mas eu nunca conseguiria inventar alguma mentira esfarrapada para o meu pai. Era esse o motivo de todo o esconde-esconde dentro de casa: o momento em que meu pai perguntasse onde eu havia passado a noite seria o momento em que eu pensaria ─ veja bem, pensaria ─ em inventar alguma desculpa, porém no fim iria desistir. Se tinha uma coisa que eu não conseguia fazer, essa coisa seria mentir para o meu pai.

Então quando sentei na mesa e recebi olhares questionadores das minhas irmãs enquanto comia a salada que May havia preparado, nem fiquei surpresa quando a voz do meu pai chegou aos meus ouvidos. Mais brava do que eu esperava ─ ou desejava.

─ Onde você dormiu na noite passada, Fall?

A opção de falar para o meu pai que eu havia, sim, dormido na casa de Adam Petters foi a primeira que apareceu no meu pensamento. Mas agora falar sobre a perda da virgindade... Aquele com certeza não era assunto para um sábado de manhã. Foi naquele momento que decidi que seria sincera ─ pelo menos em partes ─ e tudo ficaria resolvido.

Depois daquela breve conversa no almoço, o restante do sábado seria tranquilo.

─ Não adianta inventar nenhuma mentira. ─ meu pai voltou a falar e percebi minhas irmãs trocando olhares nervosos entre elas. ─ Sei que você não dormiu na casa de Lindsay. E, tirando ela, você não iria dormir na casa de mais ninguém.

Meu pai deve ter levado meu silêncio como uma tentativa de achar uma mentira plausível. Pelo visto ele ainda continuava confundido Summer e eu em alguns momentos.

─ Eu não ia dizer que dormi na casa da Lindsay. ─ disse. ─ Mas o senhor está enganado em dizer que eu não dormiria na casa de mais ninguém. Já cansei de passar noites na casa do Daniel.

─ Dormiu nos Harris? ─ ele pareceu levemente surpreso antes de voltar a fechar sua expressão. ─ Sabe que apenas com uma ligação posso saber se está mentindo, não sabe?

Ok, certo, não vou fingir que não fiquei magoada com toda essa tentativa de me pegar como criminosa.

─ Não disse que dormi na casa de Daniel, só disse que já dormi na casa dele várias vezes... ─ me expliquei. ─ O senhor não me deixa terminar de falar. Estou me sentindo em um daqueles interrogatórios policiais.

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