Por fim conseguiu colocar a camiseta na amiga.

– Toma. Beba tudo - Erick ergueu o copo cheio de água para Lola.

– Obrigada, mas na real eu queria um café - Lola levou o copo à boca e bebeu pela metade com pressa pois estava sedenta. - Queria café e talvez um remédio para dor de cabeça.

– Eu te falei para pegar leve com a bebida mas você não quis me escutar...

– E o seu olho? Está melhor com o gelo? - Lola se aproximou do amigo para dar uma olhada.

– Está um pouco melhor.

Lola se jogou na cama e se esticou. Deu um grande bocejo e fechou os olhos enquanto isso, Erick permanecia sentado na beirada da cama com o saco de gelo pressionando no olho.

– Aquele Carlos é um baita de um babaca. Ele mereceu aquele vaso na cabeça - Erick recordou a cena e riu- Você não é mole, hein Lola!

Lola não respondeu, então Erick se virou e olhou para ela, percebendo que havia pego no sono. Erick ficou ao lado dela por mais alguns minutos e depois resolveu ir embora para deixá-lá se recuperar da ressaca, mas antes ele quis ajeitar o corpo dela na cama e a cobrir com cobertor. Enquanto fazia isso, percebeu que ela havia se mexido e quando ele iria embora ele foi surpreendido pela mão da menina o segurando e o impedindo de ir.

– Não vá embora... - sussurrou Lola ainda sonolenta.

– Eu tenho que ir pois já está muito tarde.

– Durma comigo. Não me deixe sozinha! - Lola abriu os olhos mas continuou segurando ele pelo braço. - Por favor!

Ver Lola deitada naquela cama , totalmente desprotegida e entregue à uma mistura de álcool e sonolência, o fez ceder mais uma vez aos pedidos da garota.

Erick deitou na cama ao lado dela. Lola sorriu e o abraçou por trás. Os dois dormiram de conchinha.

******

NARRAÇÃO DE ERICK

Eu poderia ter me desvencilhado dos braços dela. Ter levantado da cama e ido embora, para a minha casa pois eu estava exausto e com um dos olhos doloridos, mas a cena em que presenciei me impediu de deixá-lá.

Lola estava indefesa, cansada, solitária e claro, bêbada. Eu sei que no fundo, ela bebeu para tentar tampar o vazio que havia dentro dela. Ela usa bebida como uma forma de escapar da realidade. Não a culpa ou reprimo, cada um tem o seu jeito de se libertar e o meu, por exemplo, é quando ando em minha moto. Me sinto livre, naquele momento eu sinto que sou o dono do mundo e que o tempo havia parado para mim e esqueço dos meus problemas, eu creio que Lola sinta o mesmo que eu.

Tenho certeza que ela beijou o Carlos, não somente para deixar Anna furiosa de ciúmes mas também para causar na festa. Ela ama chamar a atenção, como se os cabelos dela não chamassem por si só. Mas apesar de tudo, eu gosto dela e reconheço que tenha um bom coração. Por mais que ela tente esconder oque sente por trás da armadura, nas roupas pretas e extravagantes. Aquilo tudo sai e a doçura da alma logo aparece. O rosto dela transparece isto.

Por mais que eu tente negar e não nutrir o amor que sinto por ela, não o amor de irmão e sim o amor de um homem para uma mulher, eu ainda guardo a semente dentro de mim mas impeço que floresça.

Agora, deitado ao lado dela, sinto o corpo dela junto ao meu percebo que é ao lado dela que eu quero estar, por mais que ela não me queira eu ainda guardo a esperança de que talvez, em algum dia, ela venha me amar. E quando esse dia chegar, eu serei o homem mais feliz do mundo.

*******

Os dois adormeceram, cada um anestesiados pelas suas dores e sono.

O relógio pendurado na parede do quarto de Lúcio, marcava com os ponteiros 6:30 da manhã.

Os pássaros cantavam lá fora.

Um carro estacionou na entrada da casa de Lola.

Passos largos e precisos foram dados por quem havia descido do carro estacionado. Os mesmos pés pararam em frente à entrada da casa e levou às mãos até a maçaneta da porta. Se surpreendeu ao perceber que a mesma já estava aberta.

Os passos seguiram com cautela para não fazer barulho. Foram até à cozinha, voltaram à sala e foram em direção ao corredor.

A maçaneta da primeira porta do corredor foi girada e a porta foi aberta.

O dono dos passos arregalou os olhos e abriu a boca espantado com oque havia se deparado. O som da sua voz estava com dificuldade para sair. Lutava entre as cordas vocais pois seus olhos não acreditavam no que acabava de ver. Por fim a voz conseguiu sair e conseguiu produzir uma única frase:

– Alguém pode me explicar oque é isso?

O som da voz era tão alto que conseguiu despertar os dois sonolentos. Erick e Lola acordaram espantados e assustados.

Ambos se depararam com Lúcio. Com sua cara fechada, sobrancelhas arqueadas, olhos saltados e braços cruzados.

O coração de Erick batia muito acelerado. Lola sentiu sua cabeça latejar de dor e a única palavra que conseguiu dizer foi:

– Pai?

A Cor Púrpura de Teus CabelosKde žijí příběhy. Začni objevovat