Cabello

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Era quarta de manhã, e eu estava acordando no meu quarto com vista pra cidade. Como qualquer outro dia, me levantei da cama e caminhei rastejando até o banheiro. Tomei meu banho rápido e desci pra cozinha enquanto abotoava a camisa. A empregada estava fritando ovos quando entrei no cômodo.

— Bom dia, senhora Jauregui. – ela disse enquanto eu me sentava.

— Bom dia, Louise. – respondi.

— A senhora vai querer suco de pêssego ou café? – a mulher baixinha perguntou.

— Vou querer o suco. Obrigada.

O café foi basicamente isso. Suco com torradas e ovos mexidos. Eu geralmente não tinha muito tempo para café demorados pela manhã.

Em menos de meia hora eu estava no elevador do prédio da minha empresa, e sim, o prédio inteiro era de minha aquisição. Só Deus e meus advogados sabem como foi difícil e burocrático comprar o mesmo numa área tão remota de New York, e por isso ele era um dos meus maiores orgulhos.

— Bom dia, senhora Jauregui. – disse minha recepcionista quando entrei no saguão.

Caminhei para minha sala e percebi que minha secretária ainda não havia chegado, o que me fez notar que talvez eu tivesse ido cedo demais para o trabalho. Larguei minha bolsa no sofazinho presente na minha sala e sentei na cadeira. Comecei a trabalhar nos sistemas operacionais no meu notebook.

— Bom dia, Lauren. – disse minha secretária entrando com um copo de café nas mãos.

— Bom dia, Ariana, ah obrigada. – agradeci pelo café.

— Lauren, você tem uma entrevista com uma estudante da Universidade de Manhattan daqui umas horas.

— A tal da Cabello? Certo. – Ariana acenou com a cabeça e se retirou.

Ainda não me agradava dar aquela entrevista, mas vista a relevância que a mesma teria e a atenção que chamaria para a minha empresa, ela era praticamente necessária.

•••

Eu tinha acabado de voltar de uma reunião quando escutei batidas leves em minha porta.

— Desculpa interromper, senhora Jauregui, mas a estudante acabou de chegar, posso deixá-la entrar?

— Sim, sim, muito obrigada Ariana.

Me levantei e fui caminhando até a porta quando ela apareceu ali. Minhas pernas pararam de me responder na hora, seria a coisa mais linda que eu já vi? Ela era tão meiga e eu nem sabia porque estava me sentindo daquele jeito. Minhas mãos começaram a suar e meu coração a disparar. Ela sorriu pra mim e eu dei um passo pra trás.

— Bom dia, senhora Jauregui, me chamo Camila Cabello, vim para fazer a entrevista com a senhora. – ela mexeu no cabelo e olhou para o chão quando terminou de se apresentar. Adorável.

— Bom dia, senhorita Cabello, sente-se. – disse apontando pro sofá — Não precisa me chamar de senhora o tempo inteiro. – dei um meio sorriso pra ela.

— Obrigada. – ela disse sem graça.

— Disponha. – sorri e coloquei as mãos no bolso da calça a observando sentar — Já quer começar ou precisa de tempo pra se preparar?

— Acho que preciso de um tempo.

— A vontade.

Camila tirou de dentro da mochila um pequeno bloco, uma caneta e ligou o gravador do celular, só pra deixar o aparelho cair no chão em seguida.

— Desculpa, eu não costumo fazer entrevistas. Eu nem faço parte disso. Me desculpe.

Eu não respondi nada, apenas fiquei ali com um leve sorriso nos lábios, observando aquela pequena mulher extremamente desajeitada e linda. Ela era realmente real? Não podia ser possível... E se ela for real, ela pode ser minha?

A Thousand Hands [REVISÃO]Where stories live. Discover now