Capítulo 6

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Kar fora arremessado contra a janela do primeiro andar e estava caindo, mas, seguindo as instruções gritadas por Jenisson, dois dos adagas correram sob a chuva de cacos de vidro e se prepararam para pegar o companheiro.

Quando Kar foi agarrado pelas mãos de seus amigos, a velocidade era tanta que jogou os três contra o chão, lacerando seus corpos no vidro cortante. Jen, que estava mais longe, chegou o mais rápido que pôde para ajudá-los, mas Kar já estava de olhos cerrados, inerte.

Por um segundo, o líder da Adaga pensou que Kar estava morto e, enquanto os outros dois se levantavam ensanguentados, ele se agachou para sentir a respiração e o pulso Kar. Jenisson se permitiu um suspiro ao perceber que ele ainda respirava, apesar disso, seu rosto estava com uma grande marca de soco em meio à alguns cortes e seu nariz... bem, Jenisson não hesitou em colocá-lo de volta no lugar em logo que percebeu a fratura. Nem assim Kar acordou. Fora isso, ele parecia ter conseguido alguns cortes do vidro e apenas metade de seu óculos podia ser vista por entre os restos da janela. "Quem conseguiria fazer uma coisa dessas só com uma porrada no rosto?", pensou Jen.

- Ele está bem! Levem-no para um lugar mais seguro! - Disse para os dois que estavam com ele.

Os homens começaram a arrastar seu corpo pelos braços para mais perto de uma cobertura. Jenisson olhou para o resto dos adagas e encontrou seus rostos preocupados, com as armas já prontas, procurando qualquer inimigo. Então gritou para o sargento:

- Vocês tem homens lá?!

- Não! Todos os nossos estão aqui! Há apenas dois na estrada elevada guardando nossa posição, mas nenhum nos escombros!

- Droga, isso não é bom. Neil, Fehls, chequem aquele prédio! Eu quero o maldito que fez isso sob meus pés, AGORA!

- Já estamos a caminho, Jen! - Responderam pelo comunicador enquanto já terminavam de refazer o caminho de Kar.

Quando eles entraram no aposento em que Kar estava no início da missão, conseguiram identificar as duas paredes caídas que permitiram que ele pulasse para o prédio adjacente. Eles tomaram posições dos dois lados do que restou da parede e prepararam seus rifles. Neil e Fehls se olharam por um instante, então Fehls deu alguns passos para trás e tomou impulso o bastante para saltar até a outra construção. Neil se preparou logo após. Tomou espaço e saltou.

Quando caiu dentro do aposento, sua visão foi tomada por uma escuridão quase completa, até mesmo Fehls, apenas passos à sua frente, era difícil de identificar. Somente uma janela coberta por duas cortinas grossas e esvoaçantes providenciava um pouco de luz, mas, com o dia caindo, era quase como se estivessem cegos.

Ambos estavam com os rifles altos, preparados para atirar em qualquer coisa que se movesse. Seus passos lentamente adentravam mais fundo na escuridão em busca daquele que havia ferido Kar. Cada toque no piso fazendo um rangido maior, ecoando no vazio da sala.

Nada, não parecia haver nada ali dentro. Quem quer que estivesse ali antes já havia saído há tempo. Sombras e mais sombras, era tudo que havia lá. E foi esse o erro que cometeram.

Neil ouviu o som do assoalho ranger atrás de si. Primeiro ele achou que era apenas um rato ou a própria madeira, pois o som era quase imperceptível, furtivo. Mas, ao ouvi-lo uma segunda vez ele se virou o mais rápido que pôde.

Havia um homem em meio a escuridão, ele já havia se aproximado o bastante para estar a menos de um metro dele, mais um segundo era o necessário para que o adaga estivesse morto. Com o impulso da virada, Neil tentou ajustar a mira de seu pesado rifle para que o tiro acertasse qualquer parte que fosse do corpo do inimigo, desde que fosse rápido o bastante para ser o primeiro tiro disparado naquele quarto.

Ele conseguiu. Logo após virar aquela arma extremamente longa, Neil disparou um tiro contra o ombro do homem, um tiro que acertaria logo acima de seu coração, mas... uma luz vermelha, uma espécie de pequena barreira se projetou centímetros a frente de onde a bala atingiria. Aquela... coisa... defletiu a bala e a fez passar levemente acima de seu ombro. Mesmo assim, o choque do alto calibre da bala fez com que o homem tivesse que dar um passo para trás no intuito de não cair.

Fehls se virou o mais rápido que pôde com o barulho ensurdecedor do tiro e viu seu colega errando um disparo em homem logo atrás dele. Aquele estranho parecia estar trajando uma espécie de túnica bordô com um capuz que cobria sua cabeça, um peitoral e mais algumas peças de metal davam à ele um tipo de proteção que nunca mais fora usada após a invenção das armas de fogo. Fehls até tentou preparar um disparo cuidadoso para não acertar Neil, mas o estranho já havia levado a mão à cintura e começava a tirar algo de seu cinto.

Neil quase não acreditou quando viu que o homem à sua frente desembainhava era uma espada. Ele tentou desesperadamente dar um segundo tiro, mas a velocidade do oponente era impressionante. Em um único movimento, ele desembainhou a arma e, em um piscar de olhos, sua lâmina já tocava o metal da metade do cano do rifle que Neil tinha em mãos. De forma inesperada, aconteceu o que Neil julgava impossível: sua arma havia sido cortada perfeitamente em dois pedaços, sem o mínimo esforço, fazendo com que seu cano voasse para longe.

Neil sequer teve tempo de reagir ou de pensar como uma simples espada poderia ter feito aquilo. Logo que o cano de seu rifle tocou o chão em um baque seguido por um tilintar, o estranho estendeu sua mão livre e, de alguma forma, soltou algo, uma rajada de ar ou... energia, contra Neil. Ele não pôde ver exatamente o que era, somente pôde senti-la quando a força atingiu sua barriga. Seus pés não conseguiram aguentar o tranco e se desprenderam do chão, fazendo com que Neil fosse arremessado para trás, suas costas bateram em Fehls e ambos atingiram a parede contrária do aposento com velocidade.

A colisão deixou os dois desnorteados. Foi necessária muita força, sem contar coragem, para abrir seus olhos. Quando o fizeram, Neil e Fehls viram o estranho, não os finalizando, mas pulando pela janela quebrada e realizando um arco com a mão presa no batente superior que o jogou sobre a janela do andar de cima.

- FEHLS, NEIL! QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AI!? - Gritou Jen no comunicador. - ALGUÉM ACABOU DE SALTAR PELA JANELA!!

Estilhaços em ChamasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt