Capítulo 2

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Pov - Olívia

Subimos o último lance de escadas com Lizzie tagarelando como de costume. É sempre assim quando voltamos do ballet, a animação só termina quando esgotada se deita e é engolida pelo sono. Não tem nada que meu solzinho ame mais do que suas aulas de ballet.

─Mamãe, podemos jantar assistindo TV? Eu me comportei direitinho na aula de ballet, a professora disse que um dia eu serei uma grande bailarina. - Ela faz um gesto amplo.

─Será mesmo uma grande bailarina. Sobre o jantar, vamos pensar. - Abro a porta e ela entra na frente saltitante. Linda e cheia de vida.

Entramos e sigo direto para o quarto onde deixo suas coisas. É um pequeno apartamento de apenas um quarto que dividimos, mas estamos bem, seguras e cercadas de amigos queridos com quem sempre posso contar nos momentos difíceis e vivemos alguns.

─Domingo podemos ir ao cinema? - Ela pede me seguindo em direção a cozinha.

─Podemos! - Não posso proporcionar grandes viagens a Lizzie, mas não nos falta nada e um cinema aos domingos é algo que ela simplesmente ama.

─Oba! - Lizzie aplaude, me abraça cheia de gratidão. Como pude ter tanta sorte com ela? Doce, gentil, delicada, uma flor de criança querida por onde passa, definitivamente não puxou Patrícia. Beijo sua bochecha.

─Vou preparar seu jantar mocinha e você pode ir tirar sua roupa de ballet.

─Por favor deixa eu ficar assim só mais um pouquinho! - Ela junta as mãozinhas, é noite de sexta então apenas sorrio, ganho outro abraço. - Minha mãe é muito linda!

─Minha filha que é! - Digo com um beijo e um abraço. ─ Agora me conta, como foi a aula? - Pergunto abrindo a geladeira e começando o jantar.

─Muito legal! - Lizzie se senta na cadeira ansiosa para me contar. - Acho que vai ser uma linda apresentação. Carol chorou hoje porque errou os passos e a professora disse que ela precisa ser paciente. Eu não choro quando erro, eu presto atenção e fico tentando até conseguir.

─Isso mesmo! - Ela fica orgulhosa, se arruma na cadeira. ─Fico muito orgulhosa.

─Vou dar um oi para minhas filhas, ver se estão bem. - Ela corre para o quarto.

Sorrio encarando as panelas, que boa sorte eu tive. Quando Patrícia chegou aqui de malas nas mãos me pedindo abrigo depois de uma briga com Chloe eu bem que estranhei. Esse não é definitivamente um lugar que Patrícia se sentiria em casa, mas uns dias depois eu descobri a razão.

Patrícia estava grávida de um milionário Grego, se recusava a dar a mãe o nome do pai de Lizzie, e Chloe não se conformava em não tirar vantagem disso. Nos primeiros dias admirei Patrícia, que tolice, a única razão para ela se recusar a dar o nome era por não querer Lizzie, no começo queria tirar a criança, discutimos tantas vezes, implorei quase de joelhos pela vida de Lizzie.

Usei todos os argumentos que pude, convenci Patrícia a entregar Lizzie ao pai quando nascesse e isso a convenceu, mas então os dias iam passando e ela não conseguia contato e quando desistiu era tarde para tirar Lizzie.

Então foi ainda mais difícil manter Patrícia na linha, não sair, não beber, dormir cedo e se exercitar era a morte para ela, mas cuidei de tudo, me desdobrei e Elizabeth nasceu saudável e linda. Achei que quando ela olhasse aquele rostinho doce se derreteria de amor e seria uma boa mãe.

Não aconteceu, Lizzie tinha dez dias de vida quando ela fez as malas para viajar com um americano rico num cruzeiro pela Europa toda. Meus pedidos foram todos ignorados e ela partiu sem olhar para trás. Eu tinha dezoito anos e um bebê nos braços. Eu sabia que aquela viagem iria acabar com sua saúde, não estava enganada. Patrícia retornou doente, uma infecção que se generalizou e quando Lizzie completava três meses eu a carregava nos braços no velório da mãe.

Paixões Gregas - Destinos Cruzados (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora