3 - Dor sufocante

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O povo tinha voltado a dançar. O som dos músicos e seus instrumentos estava tornando a festa mais animada. Algumas fadas, bem poucas, dançavam com seus pares. E, do outro lado do salão, algumas garotas sussurravam discretamente com os olhares fixos em Alek, mas ele não estava nem um pouco a fim de dar atenção a isso. Estava preocupado.

Nesse momento havia esquecido totalmente de Becky. Precisava saber onde Amie tinha ido parar. Como pôde sua irmã ter conseguido fazer um feitiço tão poderoso como aquele? Sabia que todos os bruxos tinham instruções a respeito de magia. Mas sabia também que quando essas instruções passavam para prática nem todos os bruxos conseguiam realizá-las.

Etta tinha subido até o quarto de Amie para ver se a jovem princesa estava lá. O rapaz torcia de todo o coração que ela estivesse no quarto, quieta e feliz por ter conseguido. A demora de Etta fazia o jovem sentir seus músculos travarem.

Ela tem que estar bem, pensou Alek. Ela vai estar bem!

O Rei Maxwell, pai de Amie, parecia nervoso. O homem continuava parado, sorrindo para todos, mas Alek sabia o quanto ele estava assustado.

Amie tinha acabado de sumir. Deena não estava mais na festa, ela e Charlotte tinham saído no meio da multidão.

Becky se aproximou do jovem.

— Você não vai acreditar. — disse sussurrando.

Os olhos verdes de Alek encararam os de Becky quando ela se aproximou ainda mais. Sentiu o toque calmo e sutil de suas mãos quando tocaram as dele. Ela estava ficando maluca? Ninguém podia saber que tinham alguma coisa.

— O que foi, Becky? — Perguntou, hesitando.

Ela sorriu. O sorriso dela era como um raio de sol que avisava mais um novo dia, como o ar que o fazia respirar, como a chama que iluminava e aquecia sua vida e o mantinha vivo.

— Os nossos pais, — falou calmamente, como sempre. Becky tinha o dom de transformar as palavras em melodia — eles fizeram uma aliança.

Alek tentou sorrir, tentou demonstrar emoção. Mas ele queria saber onde estava Amie.

— Que coisa maravilhosa... — disse, frio.

Becky deixou sua expressão ficar mais rígida.

— Eu estou falando que nossos Reinos agora têm uma aliança. — ela olhou para os lados na esperança que ninguém estivesse prestando atenção. — Isso significa que o seu Reino será mais admirado por fazer aliança com um dos Reinos mais poderosos de Olivarum. Significa que...

— Que vamos ficar juntos? — Gaguejou, enquanto sentia uma inquietação incontrolável. — Você acha mesmo? Claro que isso tudo foi maravilhoso, que vamos nos ver mais vezes, mas isso não significa que nós vamos poder namorar.

Os olhos de Becky ficaram negros, tão negros quanto um abismo profundo e cheio de trevas.

Nesse momento Alek pediu para voltar no tempo. Para evitar as palavras que tinha acabado de proferir.

— Eu só achei que isso poderia significar alguma coisa, Alek Bell. — ela parecia estar engasgada com as próprias dores.

Ele suspirou.

— Me perdoe, Becky. — Pegou na mão da princesa.

Ela recuou.

— Não me toque! Você deveria pensar mais nas suas palavras, príncipe de Ônix. — Se concentrou para não chorar. — Já não basta a dor que tenho sentido durante esses dois anos?

A Princesa de Ônix - (Degustação) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora