Nem tudo é preto no branco

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-Harley! - Ao me ver ele ficou claramente feliz ou era o que parecia. Entrei desconfiada na cafeteria e percebi que ele havia pedido algo de frutas vermelhas para mim beber. Como ele sabia que eu gostava? Me sentei na sua frente - Finalmente resolveu falar comigo. Eu estava ficando entediado. - Ele falou comendo um bolinho de chocolate - Obrigada pelo suco.- Falei olhando o copo - Você cheira a morango, pensei provavelmente vai gostar de algo de frutas vermelhas. - Ele havia reparado no cheiro do meu sabonete. Aquilo era curioso - Eu percebi que não gostou muito de eu não ter falado contigo então resolvi te dar uma oportunidade.- Aquilo soava confiante mas no fundo eu estava morrendo de medo. Ele bebeu um líquido roxo e sorriu - Você me causa uma curiosidade que não sei explicar. - Forcei um sorriso já que não sabia o que falar - Aqueles professores me deixam um tanto sonolento. Falam coisas que eu já sei. Por isso sai. Não por sua culpa. - Toquei sua cicatriz - O que houve? - Ele tirou minha mão com um pouco de brutalidade - Acho que nosso passeio termina aqui. - Levantou com um sorriso, pôs o dinheiro da conta na mesa e saiu. Eu havia estragado tudo. Havia sido rápida demais.

Chegando em casa minha mãe estava deitada no sofá, estava dormindo com a TV ligada. Não era muito tarde. Eram quase 6 da tarde. Bebi um pouco de água. Não conseguia tirar o rosto dele da minha cabeça. Eu queria pedir desculpa por ter sido intrometida. Ao mesmo tempo queria dizer que sentia muito e abraça lo. Entrei para o meu quarto e fechei a porta.

Mandei uma mensagem : Joseph?

Ele não respondeu. Alguns minutos se passaram e enfim ele respondeu: Você quer saber o que houve? Me espera perto da faculdade.

Aquilo me deixou um pouco assustada. Por quê ele não contou antes? Enfim mandei outra mensagem: Que horas?

Alguns segundos depois ele respondeu : As 8 da noite.

Respondi sem pensar duas vezes : Ok.

Ele não respondeu mais.

Tomei um banho e sai de fininho antes que minha mãe percebesse. Ela iria brigar quando eu chegasse. Mas eu tinha que vê-lo. Estava frio e estava chovendo bem fininho. Eu estava com um casaco branco, calça jeans e botas. Havia soltado o cabelo. Cheguei no horário marcado e ele estava ali diante da luz de um poste. Vestia um sobretudo vinho. E seus cabelo estavam como sempre bem penteado. Ele me lançou aquele sorriso que era característico dele, um sorriso que te deixava sempre mais curioso - Olá. - Falei tentando romper o silêncio - Você está bonita. - Ele disse chegando mais perto - Obrigada.- Disse me afastando um pouco. Ele se sentou no banco em frente a faculdade . Eu me sentei ao seu lado. Ele pegou uma garrafa de whisky embaixo do banco - O mais engraçado é que a curiosidade te trouxe aqui. Sabe o que me move? Curiosidade. - Ele soltou uma risada macabra. Bebeu um gole da bebida - Você realmente está disposto a me contar? - Ele me encarou - Você acha que eu estaria aqui atoa? - Aquilo me deixou sem graça - Tudo bem. - Disse olhando o chão molhado a minha frente - Isso aconteceu a muitos anos atrás. - Ele começou, não olhava nos meus olhos - Meu pai era muito violento, ele batia na minha mãe... - Eu sabia que havia uma história terrível por trás. Então ele continuou - Um dia ele estava muito nervoso, eu era novo demais então não sei se ele estava bêbado ou algo assim. Só sei que vi minha mãe morta. E ele me perguntou : Por quê não está sorrindo Joe? Então ele fez isso no meu rosto. - Aquilo era pior do que eu imaginava. O abracei sem pensar duas vezes - Já passou. - Ele sorriu deitando no meu colo e se esticando no banco - Nunca acaba criança. - Eu fiquei ali até ele dormir e o resto da noite.

Há amor na loucura Onde as histórias ganham vida. Descobre agora