Save Me Boy

Salve-me, eu sequer consigo me pegar, não consigo

Esses são os aúdios das músicas que o Jimin vai dançar, a primeira para nos 1:33 (primeiro paragrafo do texto) e a segunda começa nos 0:24 (a partir do segundo paragrafo). Eu poderia facilmente fazer o mix das duas, mas não tem como colar isso aqui. Ignorem essas imagens, ou não, pra entrarem no clima (͡ ° ͜ʖ ͡ °)

Jimin vira as costas para mim mantendo a cabeça e os ombros baixos, em seguida estrala os dedos, fazendo a batida começar. Ele se afasta ainda mais de mim, e começa a andar lentamente, sem direção, então gira seu corpo de modo que eu possa ver seu rosto, noto que ele não parece perdido, apenas assustado e ao mesmo tempo determinado. Me deixando ansioso e curioso para seus próximos passos, Jimin dá uma volta ao redor de onde estou e finalmente para na minha frente. Em nenhum momento ele havia olhado na minha direção, mas agora seu olhar sobe lentamente, a partir de meus pés, captando cada detalhe meu, me deixando envergonhado e quente, quando nossos olhos por fim se encontraram os dele dizem "eu vou fazer você me querer, estou desesperado pelo seu amor". Sem sair do lugar Jimin dança lenta e sensualmente, é como se a música saísse de seu corpo. Em nenhum momento ele quebra o contato visual, mas então a música dá uma batida diferente, marcando uma transição no som e o garoto passa a mão em seus cabelos negros demonstrando que estava farto daquilo.

A música de agora era mais acelerada, Jimin iniciou com passos de popping, que nunca foram tão sexy. O suor fazia sua pele brilhar, colando a blusa, branca, de tecido fino, em seu corpo, de modo a não deixar muito para a imaginação. Ele cai de joelhos na minha frente e eu engulo em seco. Com um olhar de entrega total desce as mãos pela barriga, eu, involuntariamente, acompanho o movimento delas, que descem perigosamente. Mas então, de modo súbito ele sobe os braços, com os pulsos próximos, dando a entender que está preso. O corpo é jogado bruscamente para o lado, mas Jimin se segura, uma das mãos se mantem no alto e a outra desce pelo braço estirado, indo até o ombro. Novamente elas são atadas, dessa vez nas costas.

Jimin se levanta e é como se ele fosse arrastado para trás, porém ele vem para frente, mesmo que em passos vacilantes. Cada vez que se aproxima parece ter mais controle de si mesmo, até que por fim tem controle total. Nesse momento acontece algo que eu não esperava, meu cabelo cinza provavelmente está vermelho, em parte por vergonha, mas principalmente por desejo. Quando estava perto o bastante Jimin abriu as pernas e ficou sobre mim, fazendo movimentos provocativos em minha direção (se é que você me entende). Enfim a dança acaba.

Algo chocante acontece; Jimin senta no meu colo. Pensei tudo havia acabado, porém parecia haver mais. Nossos corpos agora se encontravam muito próximos, uma de suas mãos no meu ombro, a outra no joelho. A distância era pouca entre nós, e eu gostaria que fosse menor ainda, na verdade ela parece estar se reduzindo, mas eu me recuso a acreditar, deve ser um truque da minha mente. Estamos tão perto agora que consigo reparar em cada detalhe de Jimin, o cabelo molhado colado em partes de seu rosto, o deixando duplamente selvagem e provocativo, as bochechas coradas, os lábios rosados que se encontram ofegantes. Eu também sinto dificuldade em respirar, mesmo sem ter feito esforço algum, só de olhar para ele eu posso dizer que as batidas de nossos corações é a mesma, há alguma coisa importante acontecendo. Jimin está olhando para mim de um jeito diferente e eu ouso me perguntar se ele gosta de mim. Talvez haja uma chance de haver um "nós".

Ele encosta a testa na minha e passamos a respirar o mesmo ar, Jimin fecha os olhos, nossos narizes se tocam. Me preparo para o que vem em seguida, a batida ainda está rolando, começo a fechar os olhos.

- Jimin... – Suspiro.

- Vou pedir outro dormitório ao manager. – ele fala antes que haja uma oportunidade de nossos lábios se encontrarem.

Empurro Jimin, que se assusta. Ele ainda está sentado no meu colo, porém com certa distância, o que torna a situação ainda mais constrangedora, para completar a música havia parado. Não sei dizer se ele apenas descansou a cabeça na minha por estar cansado ou se aquilo fazia parte do espetáculo, mas eu não gostei de ser tratado assim.

- Do que você está falando? Porque trouxe esse assunto do nada? Porra! Não foi você quem estava dizendo hoje de manhã que ia me mostrar que seriamos bons colegas de quarto? – Pergunto, irritado.

- Não precisa falar assim comigo, ok? – Jimin devolve, também alterado.

- Acho que preciso, quando você começa a agir sem fazer nenhum sentido. Não sei dizer se é bipolar ou duas caras.

- Idiota! – Grita Jimin.

- Será que dá pra você sair da droga da minha perna?

O garoto se levanta, o rosto rosado de todos os acontecimentos havia ficado rubro com a última frase. Nos encaramos sem dizer nada, uma guerra muda, nossos olhares pesados perguntando quem vai ser o primeiro a dizer uma idiotice. Decido que serei eu.

- Você gosta do Kook? – Questiono.

- O quê?! Claro que não! Por que está me perguntando isso? – Jimin fala, surpreso, com a voz meio falhada, obviamente não era o que ele pensava que ia ouvir.

Estou perguntando porque eu gosto de você, seu baixinho sem olhos, gosto de verdade.

Dou de ombros, ele abre a boca para dizer algo, mas desiste e fala:

- Já que você me fez esse tipo de pergunta, também tem algo que quero saber, Yoongi. - minhas mãos em punho apertam minha calça de moletom. - Você me odeia?

Eu te amo.

- Se eu te odiasse não estaria aqui com você. Não sou esse tipo de pessoa. – Digo.

- Sabe, é isso que eu não entendo, quando estamos no palco temos uma sintonia incrível, mas quando saímos dele você mal olha na minha cara. Está arrependido de sermos uma dupla, hyung?

Foi uma das melhores coisas que já me aconteceram.

Havia dor na voz dele, e eu senti uma dor no meu coração, quando ele se machuca eu me machuco também. O que eu estava fazendo? Eu não mereço o ter por perto, ele está certo.

- Sim, você está certo, será bom cada um ter o seu espaço. Vamos evitar nos ver a não ser que seja necessário. – Falo rapidamente, antes que eu perca a coragem ou ele possa ver a mentira em meus olhos.

Algo parece se quebrar dentro de Jimin, ele recua um passo, e seu sofrimento é palpável. Me levanto, sem saber o que fazer, quero abraça-lo e dizer que tudo vai ficar bem, mas sei que não devo. Antes que eu possa decidir o que fazer Jimin sai correndo do quarto. Me largo no chão, acho que ele me ama, o chão, a cada dia que se passa ele torna mais meu amigo. Deito de barriga para baixo, encostando minha bochecha contra o frio do piso. Eu poderia morrer nesse momento, eu deveria. Começo a remoer os últimos acontecimentos e o rosto zangado de Jimin me vem à mente, dou uma risada seca.

Sempre achei ele ainda mais lindo quando ficava irritado, hoje foi exceção. Era legal quando ocorria por causa de pequenas provocações, mas não por algo sério, quando tanta raiva era direcionada a mim, bem, eu meio que tinha começado aquilo. Eu havia começado aquilo. E agora acho que nunca mais seremos amigos.